Clouds29° / 29° C

Riscos

Prédios tipo caixão: Grande Recife registrou ao menos 18 quedas e 50 mortes em 5 décadas

Imóvel desabou em Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, nesta terça-feira (6) após ser interditado pela Defesa Civil

Publicado em: 06/05/2025 12:50 | Atualizado em: 06/05/2025 13:11

Prédio do tipo caixão caiu em Piedade, em Jaboatão  (Foto: Cortesia )
Prédio do tipo caixão caiu em Piedade, em Jaboatão (Foto: Cortesia )
Morar em prédio do tipo caixão no Grande Recife virou sinônimo de perigo. O grave problema voltou ao cenário, na manhã desta terça (6), com o desabamento do Edifício Kátia Melo, em Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, menos de 48 horas após ser interditado. 
 
Levantamento do Diario de Pernambuco mostra que aos menos 18 edificações caíram na Região Metropolitana do Recife, deixando ao menos 50 mortos nos últimos 50 anos. Até 2023, esses imóveis abrigavam 11% da população da Região Metropolitana.
 
No caso do Edifício Kátia Melo, a Defesa Civil havia isolado o local às 20h de domingo (4), após uma vistoria técnica. Segundo a Prefeitura, o desabamento não deixou vítimas.
 
Na ocasião o imóvel apresentava vários sinais de deterioração, como fissuras, abatimento de piso e indícios de movimentação na estrutura. 
 
Histórico
 
Em 2023, em menos de três meses, dois prédios desabaram no Grande Recife. Em 7 de julho, um edifício de três andares desmoronou no bairro do Janga, em Paulista, e deixou 11 mortos.
À época, a prefeitura afirmou que “o imóvel estava interditado desde o ano de 2010 e havia sido reocupado por grupos de sem-teto”.
 
O termo caixão é uma referência ao formato de caixa desses edifícios. Segundo a definição técnica de engenheiros, os prédios desse tipo usam “alvenaria resistente na função estrutural”, em vez de concreto armado.
 
Ou seja, nesse tipo de imóvel, as próprias paredes sustentam a estrutura, sem o uso de vigas ou pilares. 
 
Riscos
 
Na Região Metropolitana do Recife, esse estilo de prédio se popularizou a partir da década de 1970. Um dos motivos foi a redução de tempo e custo para a construção.
 
Um mapeamento feito pelo Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep) aponta que cerca de 5,3 mil prédios foram construídos dessa forma na região, principalmente no Recife, Jaboatão dos Guararapes, Olinda e Paulista.
 
Cerca de 3,3 mil prédios-caixão localizados na Região Metropolitana do Recife (RMR) apresentam algum grau de risco de desabamento. O número levantado pelo setor de engenharia civil do Itep expõe o drama das mais de 40 mil pessoas que vivem nesses imóveis ameaçados.
 
Segundo o Itep, 133 prédios-caixões no Grande Recife estão no grau 4, o mais grave da escala de risco de desmoronamento. Outros mais 1.200 estão no grau 3, e mais de dois mil imóveis no grau 2 de risco.
 
Desde 2005, esse tipo de construção foi proibido nas cidades do Grande Recife.
 
Indenizações
 
No ano passado, o Governo do Estado oficializou um acordo que vai resolver as indenizações e o destino dos prédios-caixão em Recife, Olinda e Paulista.
 
O acerto foi feito entre Advocacia-Geral da União (AGU), Caixa Econômica Federal (CEF), Estado de Pernambuco, Confederação Nacional das Seguradoras, Ministério Público Federal (MPF) e Ministério Público do Estado de Pernambuco (MPPE).
 
Dias antes, fora anunciada a ampliação dos valores indenizatórios a 431 proprietários de prédios-caixão condenados, em quatro importantes cidades do Grande Recife.
 
Os prédios estão distribuídos da seguinte forma no Grande Recife: Recife (161), Olinda (129), Jaboatão dos Guararapes (81) e Paulista (60). As pessoas que moram nestes imóveis deverão deixá-los, pois eles serão demolidos e os terrenos serão do Governo do Estado.
Os prédios estão localizados em 43 bairros da Região Metropolitana. Entre eles, Jardim Atlântico (51), em Olinda; Janga (42), em Paulista; Iputinga (37) e Imbiribeira, no Recife, (33) e Candeias (26), em Jaboatão.

Mais notícias

Acompanhe o Diario de Pernambuco no WhatsApp
Acompanhe as notícias da Xinhua