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Crime virtual Preta Gil é vítima de ataques racistas e desabafa: Me chamaram de macaca Cantora foi à Delegacia de Repressão a Crimes de Internet (DRCI), na Cidade da Polícia, na Zona Norte do Rio de Janeiro, para prestar queixa contra os agressores

Por: Viver/Diario - Diario de Pernambuco

Publicado em: 26/07/2016 16:00 Atualizado em: 26/07/2016 16:53

Em depoimento, cantora informou que haviam xingamentos com  hashtag em seu perfil no Facebook. Foto: Reprodução/Facebook
Em depoimento, cantora informou que haviam xingamentos com hashtag em seu perfil no Facebook. Foto: Reprodução/Facebook


A cantora Preta Gil foi vítima, nesta segunda-feira (25), de ataques racistas na internet, em seu perfil no Facebook. A revelação da artista se tornou pública nesta terça-feira (26) após ela postar uma mensagem revelando o conteúdo dos comentários preconceituosos. 

“Ontem fui atacada com diversas mensagens de ódio em minha pagina no Facebook; uns atacaram minha cor, meu trabalho, meu corpo, outros tentando fazer piadas de péssimo gosto apenas para tentar me diminuir ou magoar, eles assinaram todos os posts com uma # agiram em bando, são organizados e cruéis. SAIBAM esse tipo de ataque só me fortalece, eu conheço o meu VALOR !!!”, escreveu a cantora em seu perfil na rede social.

Hoje, a cantora foi à Delegacia de Repressão a Crimes de Internet (DRCI), na Cidade da Polícia, na Zona Norte do Rio de Janeiro, para prestar queixa contra os autores dos ataques racistas. Preta Gil chegou acompanhada do marido Rodrigo Godoy, de uma advogada e do empresário. Ao deixa o prédio, ela conversou com a imprensa sobre o caso. 

"Contei como eu fiquei ciente dos ataques ontem (25) à noite, quando entrei na página do meu Facebook e vi uma série de ofensas à minha pessoa, com xingamentos e ataques racistas me chamando de macaca e falando que eu tinha que voltar para a senzala. Coisas absurdas que me chocaram. Fiquei muito nervosa no primeiro momento. E falando com advogados e amigos, eles me aconselharam a procurar a delegacia", disse Preta Gil.

Hastag
Em seu depoimento, a cantora informou que haviam xingamentos com  hashtag e que os autores mencionaram que ela "teria que aturá-los". "Eu convivo com os 'haters', mas nunca houve algo tão grave e nunca foi organizado com um monte de uma vez só. Vim aqui prestar a denúncia e eles serão investigados. Hoje é possível identificar e prender essas pessoas. A maioria parece ser jovens e adolescente. E isso me deixa mais preocupada e triste porque a gente vê a violência instaurada hoje no mundo e como as redes sociais podem ser usadas de uma forma tão equivocada pelas pessoas", afirmou. 

Ela lembrou ainda de outros casos de racismo, como as atrizes Taís Araújo, Sheron Menezzes e Chris Vianna, e a repórter (garota do tempo) do Jornal Nacional, Maria Júlia Coutinho, a Maju, que foram vítimas de ataques racistas na internet recentemente. 

"Outras mulheres que sofreram isso são minhas amigas estiveram aqui e fomos fortes suficientes para estarmos aqui, denunciar e correr atrás dos nossos direitos. E vim principalmente para incentivar quem não tem visibilidade da mídia e sofre isso diariamente, não só virtualmente, mas verbalmente. Temos que denunciar para que a sociedade evolua”, pontuou.

Confira na íntegra a postagem de Preta Gil em seu perfil no Facebook após os ataques racistas que sofreu nesta segunda-feira (25):

"Me chamo Preta Maria Gadelha Gil Moreira de Godoy, tenho 42 anos, sou casada, mãe de um homem de 21 anos e avó de uma boneca de 8 meses, sou filha da mistura. Nasci em um país miscigenado, tenho em mim o sangue indígena dos meus tataravós, sangue negro do meu pai, sangue branco da minha mãe e um coração repleto de amor e orgulho pelas minhas origens.
Desde muito nova convivi com o preconceito de quem não aceitava ver filho de negro em uma escola particular, de quem não consegue aceitar que uma pessoa pode se chamar Preta.
Além do nome, sempre convivi com o fato de ser diferente aos olhos da maioria; de ser a filha do cantor, de não ter corpo de modelo de passarela, de meu cabelo ser liso, (sim acreditem tem gente que acha que eu aliso meu cabelo e com isso dizem que não aceito minha negritude) de mostrar meu corpo no meu cd, de casar com alguém mais novo e por aí vai….
Ontem fui atacada com diversas mensagens de ódio em minha pagina no Facebook; uns atacaram minha cor, meu trabalho, meu corpo, outros tentando fazer piadas de péssimo gosto apenas para tentar me diminuir ou magoar, eles assinaram todos os posts com uma # agiram em bando, são organizados e cruéis. SAIBAM esse tipo de ataque só me fortalece, eu conheço o meu VALOR !!!
São "pessoas" que usam imagens de cachorro, mordaças, mascaras, personagens em quadrinhos, vilões, monstros de filme,crianças, fotos nitidamente forjadas para que o dono do perfil não seja reconhecido.
São covardes, são pessoas vis, não sei quem são. Será que eu deveria não dar atenção ou querer me preocupar com isso? NÃO! Vou me defender em meu nome e de quem mais se sentiu ultrajado com essa verdadeira doença social. Essa epidemia de desamor e ódio que se alastra e atinge a todos.
Estou cansada dessa impunidade, dessa onda de ódio, de gente que escreve o que quer para atacar a quem está quieto. Quero justiça!
Não posso deixar de acreditar na vida, no valor do ser humano, na paz e em nossa raça humana que é uma só. Ilude-se quem acha que existem diferentes raças. Somos todos um só, queiram ou não queiram. Todos morreremos igual, não adianta nada atacar a opção sexual, o partido, o credo ou o time de futebol.
No final da vida, ninguém é diferente de ninguém e ao invés de nos atacarmos, nos matarmos, deveríamos nos unir para não aniquilarmos a dádiva que é viver.
Quero Paz e justiça, pra mim e para todo mundo.”



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