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Estudos mostram redução da poluição do ar em PE durante a quarentena

Publicado em: 15/04/2020 19:42 | Atualizado em: 16/04/2020 09:18

Índice de NO2 no ar entre 23/03 e 14/04 de 2019 (esq) e de 2020 (dir): diminuição. (Foto: Diego Hemkemeier Silva/Projeção com dados da ESA e do Google.)
Índice de NO2 no ar entre 23/03 e 14/04 de 2019 (esq) e de 2020 (dir): diminuição. (Foto: Diego Hemkemeier Silva/Projeção com dados da ESA e do Google.)

As medidas restritivas contra o novo coronavírus contribuíram para uma diminuição considerável na emissão de gases poluentes em Pernambuco, especialmente na área próxima ao Porto de Suape, em Ipojuca, Região Metropolitana. É o que atestam estudos divulgados nesta quarta-feira (15) pelo Instituto de Meio Ambiente (IMA), de Santa Catarina, e pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), de Pernambuco, levando em consideração a presença de dióxido de nitrogênio (NO2) na atmosfera.

Em tese, o ar está menos poluído. Mas é importante ressaltar que isso é um recorte aplicado sobre a pandemia, que pode mudar completamente mais adiante, com a necessidade de incinerar mais material hospitalar, por exemplo.

O primeiro estudo, do IMA/SC, utiliza imagens de satélite captadas pela Agência Espacial Europeia (ESA). As imagens são convertidas e projetadas em um mapa, levando em consideração dois períodos: o antes, que compreende 23 de março a 14 de abril de 2019; e o depois, que vai de 23 de março a 14 de abril de 2020. Na projeção, é visível que o impacto maior foi entre Ribeirão, Escada e Ipojuca - cidades próximas de Suape; além de Garanhuns, no Agreste.

“Foi possível perceber, entre estes dois períodos, diferença qualitativa na presença deste indicador de qualidade ambiental, que é a presença do dióxido de nitrogênio no ar”, conta o gerente de Gestão de Informações Ambientais e Geoprocessamento do IMA/SC, Diego Hemkemeier Silva. “Vários fatores podem influenciar na presença de NO2 no ar, como as condições climáticas, por exemplo. No entanto, a redução do fluxo de veículos e das atividades industriais pode resultar na diminuição da sua concentração”, aponta.

No Recife, a redução não foi tão expressiva quanto nessas regiões. A capital pernambucana se mantém com índices mais estáveis de poluição do ar. “É importante salientar que é uma análise superficial e para grandes áreas”, pondera Diego.
Entorno do Porto de Suape foi a região de Pernambuco que mais teve diminuição na poluição do ar. (Foto: Peu Ricardo/DP.)
Entorno do Porto de Suape foi a região de Pernambuco que mais teve diminuição na poluição do ar. (Foto: Peu Ricardo/DP.)

Monitoramento terrestre
A Semas/PE, em parceria com a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), elaborou estudo utilizando as estações de monitoramento de ar instaladas em diferentes partes de Suape. Entre 23 de março e 15 de abril, foi constatada redução de 15% nos níveis de NO2. Recife não tem estações de monitoramento, mas os estudos das instituições pernambucanas estimam que a quantidade de gás carbônico (CO2) na atmosfera acompanhe a queda, por causa da redução de viagens do transporte público da Região Metropolitana.

Os números são positivos, mas o secretário de Meio Ambiente de Pernambuco, José Bertotti, pede cautela. “Houve uma redução? Sim. Mas é um período muito curto para cravar diminuição. Mais adiante vamos ver a questão da incineração de materiais hospitalares. Imagine incinerar 5 milhões de máscaras, porque isso não pode ficar em um aterro sanitário. A China teve um acréscimo nos níveis de CO2 por esse motivo”, pondera.

De acordo com o inventário estadual de Gases do Efeito Estufa (GEE), medido entre os anos de 2015 e 2018, as principais fontes de poluição do ar em Pernambuco não são as indústrias ou setores de transporte, e sim aterros sanitários, agricultura e pecuária. “Por isso estamos estabelecendo planos de redução junto ao empresariado. Amanhã (quinta, 16) tem uma reunião do Fórum de Enfrentamento às Mudanças Climáticas, e vamos debater a redução de poluentes, mesmo com a pandemia”, acrescenta.

Para Bertotti, o momento é propício a refletir o modelo econômico que o país vivencia. “A pandemia é uma fotografia de momento. O que a gente precisa é repensar o modelo de desenvolvimento, de consumo, de negócios. Sair desse modelo concentrador atual, que gera uma pobreza absurda, para algo mais equilibrado”, pontua.
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