Religião O preparador do caminho do Messias Mais celebrado do ciclo de santos juninos, São João Batista tem história de Devoção em Pernambuco

Por: Ana Paula Neiva - Diário de Pernambuco

Publicado em: 18/06/2017 08:00 Atualizado em: 16/06/2017 11:09

Foto: Nando Chiapetta/DP
Foto: Nando Chiapetta/DP

Ele foi o maior dos profetas, responsável pelo batismo de Jesus. São João Batista é considerado o primeiro mártir da Igreja Católica. Morreu degolado. Além de ser venerado como profeta, foi o precursor do Messias, anunciando a chegada do “cordeiro de Deus”. Por isso, aparece carregando um carneirinho no colo. Único santo, além da Virgem Maria, que é celebrado na sua data de nascimento, 24 de junho, e não pela data de morte. Assim, como Santo Antônio, São João Batista é celebrado neste mês de junho, tradicionalmente na véspera do dia do seu nascimento.

No Nordeste, a data é comemorada com festa. Bandeirinhas, balões, comidas de milho e as fogueiras não podem faltar. Tudo para celebrar o santo junino mais popular dos três, São João Batista. No Recife, há apenas uma paróquia dedicada ao aniversariante do dia 24 de junho. A igreja de São João Batista, localizada no bairro do Sancho, na Zona Oeste da capital pernambucana.

Desde o último dia 15, a comunidade tem programação especial dedicada ao santo. A temática da festa será o ano mariano, que está sendo comemorado em todo país. “Lembramos as aparições de Nossa Senhora, que foi uma grande ação de graças. Maria, mãe de Jesus, e São João batizou Jesus e era primo dele”, comentou o padre Irismar Farias, administrador paroquial. Até o dia 24, a igreja celebrará missas diárias em homenagem a São João Batista, sempre às 19h30.

No dia 24, o arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, participa da missa solene, que acontecerá às 10h. No mesmo dia, às 16h, está programada a tradicional procissão do santo, que percorre as principais ruas do bairro. A festa termina com uma celebração eucarística, às 17h30, desta vez conduzida pelo padre Irismar Farias.

A fé e o desejo de vivenciar a palavra de Deus, em sua plenitude, tem levado fiéis até Igreja de São João, no Sancho. “Estou vivo por essa graça. São João, assim como Jesus, é poderoso. Sem fé, não somos nada. Sem ela, as dificuldades parecem aumentar”, comentou o membro da assembleia e fiel da paróquia de São João, Ubiraci Hilário da Silva, 53, que acompanhava celebração na igreja na noite da última quarta-feira. Ele contou que é devoto de São João, assim como de Santo Antônio e Nossa Senhora da Conceição, desde criança. “Minha família é muito religiosa. Desde meus avós, pais e tios, todos temos hábito de ler a Bíblia e seguir os seus ensinamentos”, falou.

Já estudante de nutrição Suellen Barbosa dos Santos, 23, é única da família que é ligada à Igreja Católica e frequenta a Igreja de São João Batista. Ela comentou que as festas juninas estão atreladas à religião, principalmente na região Nordeste. “É nessa época que o povo de apega aos santos para fazer orações e pedir para melhorar o clima contra a seca”, disse Suellen, que atua na coordenação de trabalhos paroquiais.

Paróquia trabalha para unir famílias

Única igreja na Região Metroppolitana do Recife dedicada à São João Batista, a paróquia do Sancho foi criada em 14 de janeiro de 1955, por um decreto do então arcebispo dom Antônio de Almeida Moraes Júnior. Seu território foi desmembrado das paróquias de Tejipió e do Barro. Assim, no dia 13 de março daquele mesmo ano, o próprio dom Antônio rezou missa festiva instalando a nova paróquia. No dia 24 de junho daquele ano ocorreram as primeiras festividades em homenagem a São João Batista. A imagem do padroeiro foi levada em procissão pelas ruas do bairro.

A igreja mantém três pastorais, a da Comunicação, da Família e do Dízimo. A Pastoral Familiar atua desde março 2010, após uma visita realiza na Fazenda Esperança, em Garanhuns, no Agreste. Assim onze casais deram início à implantação dos trabalhos na paróquia, com ações voltadas para formação, evangelização e estruturação das famílias.

A paróquia possui 27 agentes ligados à Pastoral Familiar, que atuam na comunidade, fazendo visitas às famílias. Quando eles encontram aqueles que precisam de confissão e não têm condições de ir até a igreja, comunicam ao padre, que agenda visita para realizar o sacramento. Para fazer parte da pastoral, é preciso apenas de um curso de aprofundamento ministrado pelos coordenadores da Arquidiocese de Olinda e Recife.Os membros da pastora costumam se reunir no salão paroquial, todas sextas-feiras (exceto a primeira do mês), sempre às 20h.

Fogueira para avisar nascimento a Maria

Os versos da canção do sanfoneiro Luiz Gonzaga, “A fogueira está queimando em homenagem a São João...” não foram em vão. A história conta que a fogueira queimou nas montanhas da Judeia para anunciar o nascimento de João Batista. Isabel, sua mãe, teria feito um acordo com a prima, Maria, que também estava grávida e seis meses depois deu a luz a Jesus. Pediu que acendesse uma fogueira para avisar do nascimento do sobrinho.

Antes da evangelização na Europa, na Idade Média, as fogueiras eram usadas em celebrações pagãs, que comemoravam a chegada do solstício de Verão no Hemisfério Norte. A fogueira era acesa justamente para comemorar a chegada do período onde os dias eram mais iluminados. Assim, o dia 24 de junho foi incorporado ao calendário cristão como comemoração ao nascimento de São João Batista.

João Batista nasceu numa pequena aldeia chamada Aim Karim, na cidade de Israel, a seis quilômetros do centro de Jerusalém. Seu pai era um sacerdote do templo de Jerusalém chamado Zacarias. Ele foi consagrado ainda no ventre materno. Sua mãe, Isabel, já era idosa e tinha dificuldade para engravidar.

A Bíblia conta que o anjo Gabriel apareceu a Zacarias anunciando que Isabel teria um filho e que este deveria se chamar de João. Pouco tempo depois, ela estava grávida. Na mesma época, o anjo apareceu a Maria e anunciou que ela seria mãe do Salvador. Maria foi visitar Isabel, e ao chegar diante da prima, João mexeu no ventre dela. E Isabel, saudou Maria: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!”. Saudação que se tornou parte da Ave-Maria.

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