Operação
Kombeiros do Caso Serrambi podem estar envolvidos em quadrilha de adulteração de kombis roubadas
Marcelo Lira foi preso quando dirigia um veículo adulterado com queixa de roubo
Publicado em: 21/10/2015 10:02 Atualizado em: 21/10/2015 11:56
Veículo com queixa de roubo apresentava adulteração no chassi, placas e pintura, mostrando, por baixo da nova tinta, uma faixa amarela indicando que a kombi era utilizada para o transporte escolar. Foto: Thaís Arruda/ DP/ DA Press |
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Marcelo conduzia a kombi de placas KJR-0181. De acordo com a polícia, o veículo apresentava sinais visíveis de adulteração no chassi, placas e pintura, mostrando, por baixo da nova tinta, uma faixa amarela indicando que a kombi era utilizada para o transporte escolar. Contra o veículo havia uma queixa de roubo registrado no bairro da Várzea, no Recife. Diante das evidências, Marcelo foi preso e encaminhado ao Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima. O crime de receptação de veículo roubado prevê pena de um a quatro anos, enquanto o de adulteração de veículo, de três a seis anos de detenção. No momento da abordagem, o kombeiro apresentou uma documentação da kombi em seu nome, motivando a polícia a investigar se há envolvimento de algum funcionário de Departamento Estadual de Trânsito (Detran) no esquema.
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Marcelo foi preso e encaminhado ao Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima Foto: Annaclarice Almeida/DP/D.A Press |
Já Valfrido, também abordado quando dirigia sua kombi de lotação na mesma rodovia, está em liberdade. A polícia não encontrou sinais visíveis de adulteração no veículo, que foi apreendido para uma perícia mais detalhada por parte do Instituto de Criminalística (IC). Ambos os veículos estão no pátio do Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri), em Afogados.
A operação policial vem sendo realizada há cerca de um mês e já apreendeu cinco kombis nos municípios de Paulista e Ipojuca. Os detalhes sobre a ação foram divulgados na manhã desta quarta-feira pelos delegados Nelson Souto e Eduardo Aniceto, durante entrevista coletiva.
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Tarsila Gusmão e Maria Eduarda foram encontradas mortas em um canavial no distrito de Camela, em Ipojuca, no dia 13 de maio de 2003. Foto: Divulgação |
Histórico - Marcelo e o irmão dele, Valfrido Lira, chegaram a ser presos, mas foram absolvidos das acusações do caso Serrambi, como ficou conhecida a investigação sobre os assassinatos das adolescentes. (Confira especial sobre o caso). O júri popular foi realizado em setembro de 2010, em Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife (RMR). Os dois sempre negaram envolvimento nos crimes.
Após cinco dias de julgamento, os Lira deixaram o Centro de Triagem em Abreu e Lima, onde estavam presos. Os jurados decidiram por quatro votos contra três que eles eram inocentes. Na época, os pais das vítimas e os promotores que acompanharam o caso, Ricardo Lapenda e Salomão Abdo Aziz, não aceitaram o resultado e recorreram da decisão. Em março de 2014, o procurador de Justiça Criminal do MPPE Gilson Roberto de Melo Barbosa emitiu parecer negativo ao pedido.
Em março deste ano, a 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) também decidiu não anular o julgamento do Caso Serrambi. O pedido havia sido pelo Ministério Público de Pernambuco alegando fragilidade nas provas e proximidade entre acusados e júri popular. O MPPE solicitou que os irmãos kombeiros Marcelo e Valfrido Lira fossem à júri popular novamente. No entanto, os desembargadores Fausto Campos (revisor do caso), Roberto Ferreira Lins (relator) e Antônio Carlos Alves foram unânimes ao negar o pedido de anulação.
Relembre o caso
Tarsila Gusmão e Maria Eduarda foram encontradas mortas em um canavial no distrito de Camela, em Ipojuca, no dia 13 de maio de 2003. Elas desapareceram no dia 3 de maio após um passeio de lancha na praia de Serrambi.
Marcelo - Marcelo José de Lira em 46 anos e nasceu em Sirinhaém. Cursou até a 1ª série do primeiro grau. Antes do Caso Serrambi, morava em Nossa Senhora do Ó com a mulher e quatro filhas, sendo a mais nova com cinco anos. Com cerca de 20 anos, caiu de um cavalo e quebrou um dos pés. Por alguns anos, trabalhou vendendo à prestação em um Chevette. Também trabalhou como motorista de kombi lotação. Pelo que consta nos autos do processo, era ele quem dirigia a kombi de placas KIC-2182 que teria sido parada por Maria Eduarda Dourado e Tarsila Gusmão, que, no dia 3 de maio de 2003, pediam uma carona para ir da praia de Porto de Galinhas até Serrambi, ambas no litoral Sul do Estado. Em 13 de maio de 2003, dia em que os corpos das adolescentes foram encontrados, Marcelo José de Lira teria ido à cidade de Cachoeirinha com o intuito de descaracterizar a kombi.
Valfrido - Valfrido Lira tem 47 anos e também é conhecido como Cau. Cursou até a 2ª série do primeiro grau, mas começou a trabalhar cedo, desde os sete anos, no corte de cana no Engenho São Domingos, em Sirinhaém, onde nasceu. Em Camela, vivia com a mulher e dois filhos, sendo dois homens e uma mulher. Na época do crime, trabalhava como motorista de kombi lotação. Quando preso, trabalhou na cozinha do Cotel. De acordo com os autos do Caso Serrambi, ele estava com o irmão na kombi que teria sido parada pelas vítimas. Os óculos usados por Tarsila Gusmão no dia do crime nunca foram encontrados, mas foram vistos com Valfrido e dentro do porta-luvas da kombi por quatro testemunhas: a companheira e a ex-namorada de Valfrido; a amante de Marcelo e a mãe dela. A ex-namorada, inclusive, chegou a usar os óculos de Tarsila.
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