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Aquecimento global: um alerta feito 197 anos atrás

Alexandre Acioli
Jornalista e especialista em Educação Ambiental; Produtor Cultural e Pesquisador de Folkcomunicação (aciolijornalista@gmail.com)

Publicado em: 20/03/2024 03:00 Atualizado em: 19/03/2024 23:31

Mudanças climáticas severas amedrontam a humanidade e o aquecimento global interfere na vida do planeta. Outrora, pensava-se que os seus efeitos só seriam sentidos num futuro distante. Hoje, percebemos os efeitos e corremos para contê-los. Num futuro próximo, nossas crianças perguntarão por que nada fizemos, quando disso sabíamos, faz quase dois séculos.

Há 197 anos, exatamente em 1827, a humanidade tomou conhecimento dos efeitos nocivos do aquecimento global, por intermédio do cientista francês Jean-Baptiste Fourier. Ele foi o primeiro a considerar o efeito estufa, fenômeno no qual a poluição atmosférica prende a energia solar, elevando a temperatura da superfície terrestre ao invés de permitir que o calor volte para o espaço. Os seus reflexos foram descritos 32 anos depois, em 1859, pelo cientista irlandês John Tyndall.

Há muito, os meios de comunicação tornaram públicas as mudanças climáticas, calor intenso, inundações. A falta de preocupação do homem com as gerações futuras, aterros, desmatamentos, exploração inconsequente dos recursos naturais já causam escassez de água, poluição, solos áridos, degelo e a extinção de espécies animais e vegetais.

As perspectivas futuras são preocupantes. Desde 1979, a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos denuncia que “a política do esperar para ver” pode significar “esperar até que seja tarde demais”. Em 1988 o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) começou a fazer alertas sobre o aquecimento global.

Os dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM) mostram que o ano de 2023 foi o mais quente da história do planeta. No Brasil, a média das temperaturas do ano ficou 0,69°C acima da média histórica de 1991/2020.

Os efeitos do aquecimento do planeta provocarão um abalo econômico mundial, equivalente a soma do que foi gerado nas duas guerras mundiais. Dentre os aspectos econômicos mais perversos está o que constata que o crescimento dos países emergentes (em especial o Brasil, Rússia, Índia e China, o famoso BRIC) fará crescer as emissões de gás carbônico entre 40% e 110%, a depender do que for feito hoje. Disso, conclui-se que o embate entre os “preservacionistas” e os “desenvolvimentistas” permanecerá inflamado e a exigir posturas éticas mais contundentes dos atores mundiais da atualidade.

As estimativas apontam para a necessidade de US$ 50 bilhões/ano para mitigar os efeitos do aquecimento nos países pobres, uma dívida de caráter moral contraída pelos países ricos em virtude da desordem ambiental causada pelo processo expropriatório de consumo e desenvolvimento por eles implantado.

Dizem os cientistas, que somente a desaceleração da economia mundial poderá frear a emissão de gases, sendo necessário um corte de 0,2% do Produto Interno Bruto mundial. Resta saber se é eticamente correto, aceitável e justo os países da periferia permanecerem com multidões na exclusão e na fome, enquanto as nações ricas poluem e desfrutam de forma exagerada de todos os bens e serviços gerados pelo homem moderno.

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