Sobrecarregadas com a rotina de trabalho fora do lar e responsabilidade com a maioria das atividades domésticas e de cuidados dentro de casa, as mulheres precisam de maior atenção em relação aos cuidados com a saúde mental, tendo acesso a mecanismos que facilitem atendimentos e diagnósticos em meio à rotina do dia a dia.

Segundo o relatório “Esgotadas: empobrecimento, a sobrecarga de cuidado e o sofrimento psíquico das mulheres”, desenvolvido pela Organização não governamental - ONG Think Olga, 45% das mulheres brasileiras têm um diagnóstico de ansiedade, depressão ou outros tipos de transtornos mentais no contexto pós pandemia de covid-19. Apenas a ansiedade, transtorno mais comum no Brasil, faz parte do dia a dia de 6 em cada 10 mulheres.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) também mostram que as mulheres correm um risco maior de desenvolver transtornos mentais como ansiedade e depressão em comparação aos homens. Elas também são mais suscetíveis a transtornos de estresse, incluindo a síndrome do pânico. Uma realidade também vivida no Recife e que merece a atenção necessária do poder público.

O projeto de lei 36/24, que cria o Disque Saúde Mental da Mulher, segue em tramitação na Câmara do Recife, defende a criação de um canal de atendimento voltado para orientar e oferecer apoio a mulheres em situação de vulnerabilidade da cidade.

Com o Disque Saúde Mental da Mulher, através de um número telefônico, profissionais vão estar disponíveis para atendimento, dando apoio emocional e psicológico para mulheres em situação de adoecimento mental, sob total sigilo e anonimato.

Entre as orientações que o canal dará estão os locais e formas de encaminhamento para atendimentos especializados de saúde mental e acompanhamento psicológico, em especial aqueles especializados para mulheres em situação de violência; e telefones e endereços de Centro de Referência de Assistência Social e Centro de Referência Especializado de Assistência Social da cidade. Além disso, Disque Saúde Mental também vai divulgar o endereço de hospitais públicos, principalmente aqueles com atendimento especializado para vítimas de assédio e violência sexual; e orientar sobre auxílios e programas de benefício para mulheres em situação de violência e vulnerabilidade econômica, bem como seus direitos.

Com uma população majoritariamente feminina, chegando a 54%, é importante que passemos a dedicar mais atenção ao quadro mental das mulheres, independentemente do momento em que elas precisem de apoio.