Diario de Pernambuco
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Bola para frente

Rodrigo Pellegrino de Azevedo
Advogado

Publicado em: 29/04/2022 03:00 Atualizado em:

As expressões idiomáticas de nossa língua não vão exaurir o que objetivo escrever aqui. A elas outras tantas irão compor o mosaico de minha pretensão. Não dá para seguir em frente se a maioria dos nossos vive como “barata tonta” a sempre “bater na mesma tecla” em suas manifestações. Sei que tocar nesses temas significa “arrumar sarna para se coçar”, mas não dá para aguentar “cara de pau” em se “arvorar de santo” querendo sempre fazer-nos “comprar gato por lebre”. Não devemos “amarrar o burro” onde mandaram: definitivamente não.

Outro dia, almoçando sozinho, ato que durante a semana tenho praticado por absoluta falta de tempo, ouvi ao meu lado, três jovens a “lavar roupa suja”. De início resolvi “não dar bola”, mas o conteúdo da conversa deixou-me intrigado, pois todos estavam a “dar com a língua nos dentes” sobre um assunto que notoriamente não tinham vivência, sequer literária ou histórica. Acho até que “dormi no ponto” ao não me intrometer de imediato, pois ponderei melhor não “enfiar o pé na jaca” e resolvi “engolir sapo”.

Sozinho estava, sozinho continuei, e para não “entrar numa fria” ou “enxugar gelo”, pois me sentia com a “bola murcha”, resignei-me ao “feijão com arroz” de meu pensamento, pois sempre fui de “andar na linha”, já que, quase sempre, “andar nas nuvens” é bem melhor que “ao deus dará”. Qual não foi a outra surpresa ao ouvir “ao pé da letra”, que todos ali concordavam que o Brasil nunca esteve num momento tão ideal para uma “virada de mesa”, uma revolução e que essa seria benéfica para o povo brasileiro.

Para não “perder as estribeiras” ou “pirar na batatinha”, concentrei-me mais ainda na refeição. Feijão vai, feijão vem, no intuito de não “meter os pés pelas mãos”, resolvi “pôr as cartas na mesa” ao dizer-lhes que é sempre bom “pôr as barbas de molho” e não viver “aos trancos e barrancos”, pois “viajar na maionese” dá indigestão. Cheguei a imaginar que eles estariam a “tirar onda”, e que iriam “tirar de letra”, mas qual não foi a minha surpresa ao ouvir de volta que eu estava a “trocar as bolas” pois o Brasil vivia uma ditadura inacabada e que só o derramamento de sangue poderia nos trazer a liberdade.

Pensei cá comigo se eles não estariam a “trocar alhos com bugalhos”, mas como não pretendia fazer “tempestade em copo d’água”, e já estava a “subir pelas paredes” para “tirar água do joelho”, resolvi “tirar o cavalinho da chuva” não sem antes “voltar à vaca fria” para dizer-lhes não perder a juventude, “procurando chifre em cabeça de cavalo”, pois fazer isso, no emaranhado da existência seria viver a tentar “encontrar agulha em palheiro”.

Os jovens riram, como se “pensando na morte da bezerra” e para não dizer que colocariam o “rabo entre as pernas”, olharam para mim, triunfalmente, como se prestes a um fuzilamento fatal e disseram: nós é quem “pagamos o pato” e quando falamos isso é para “pôr o dedo na ferida”. Olhei-os “fazendo vista grossa”, mas retrucando educadamente para lhes dizer que “estar com a pedra no sapato” não conduz ninguém a “acertar na lata” o que é certo ou errado, mas trata-se, antes de tudo, de um desejo enrustido em “abrir o coração” e que temos que “agarrar com unhas e dentes” a própria vida, para não “abandonar o barco”, antes de chegar a hora de “abotoar o paletó”, pois “armar-se até os dentes” como se tudo fosse uma batalha, significa viver, para sempre, a “arrancar os cabelos”.

Já na rua, o sol brilhava calidamente, uma brisa suave rangia os galhos secos, e, para que vocês não pensem nessa história como um “banho de gato”, resolvi nas expressões dizer o dito e o não dito, já que aparentemente estamos fadados a “trocar seis por meia dúzia” sempre e “botar a boca no trombone” ficou impossível. Assim, prefiro muito mais o sorriso da criança, por mim recebido naquele mesmo dia, logo após o ocorrido, rindo da existência e brincando com uma formiga, numa folha seca, já sem vida, como todos nós, em breve.

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