A Sudene e o seu valioso acervo cultural numa data histórica
Marcus Prado
Jornalista
Publicado em: 28/12/2021 03:00 Atualizado em: 27/12/2021 23:07
Há os que passam pelo imponente e histórico prédio da antiga sede da Sudene, Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste, e sentem uma agonia nas veias da alma, os que se recordam da Sudene de um tempo heroico não muito distante e dão com os olhos no prédio em quase desuso, ao lembrar que nesse conjunto de paredes e centenas de salas esvaziadas após cinematográficos escândalos, o colosso de 269 metros considerado expoente da arquitetura moderna, a antiga autarquia vinculada diretamente à Presidência da República, deixou de cumprir a missão de promover o desenvolvimento socioeconômico do Nordeste.
Quem passa por essa imensa gaiola que parece uma serpente de tijolos solta no ar não tem como deixar de sentir, se conhece a sua história, a presença de Celso Furtado, que honrou como nenhum outro intelectual o pensamento econômico brasileiro e inspirou gerações de economistas e demais cientistas sociais. Junto com a sua equipe, o que havia de melhor na Região em planejamento econômico e social, somada ao que produzia em pesquisa social a Fundação Joaquim Nabuco, que sempre marcou presença de parceria com a autarquia federal, Celso Furtado compreendia que a integração nacional só seria concretizada com a redução das desigualdades estruturais entre as regiões do país. Eis o ideário de Celso Furtado, ele que era conhecido dentro e fora do Brasil como “ a esperança militante”. O sonho acabou com dolorosas perdas depois do golpe de 1964, com prisões, exílios, humilhantes perseguições. Foi daí que começou o seu desmonte, fez com que a Sudene abdicasse das preocupações reais para as quais fora incumbida de resolver.
Criada há 62 anos pelo presidente Juscelino Kubitscheck, quero celebrar com uma boa notícia. Ainda resta um tesouro a ser preservado, a sua memória, o seu acervo de grande importância documental, a biblioteca criada pelo Decreto nº 48.530 em 1960, recebendo o nome de Biblioteca Celso Furtado em homenagem ao seu idealizador e primeiro superintendente da autarquia, tendo como finalidade preservar a memória institucional da Casa. Uma missão a ser cumprida por seu atual superintendente, o general Araújo Lima.
O que existia de documentação, tudo indica, está preservado, aberto ao público, agora em novo endereço: Av. Eng. Domingos Ferreira, 1967 - Boa Viagem, Recife. A começar pela Biblioteca Celso Furtado, uma das mais ricas do Brasil, responsável pela normalização, controle, seleção, processamento, armazenamento e disseminação das informações bibliográficas de documentos produzidos pela instituição, desde o começo, portanto, merecedora de adequada proteção, posto que ajuda a preservar a memória da instituição e da própria região Nordeste. Suas obras subsidiam o planejamento para o desenvolvimento da região e servem de base para trabalhos e pesquisas. A maior parte do público é de pesquisadores e estudantes de graduação e pós-graduação.
O acervo é formado pelas coleções: Coleção Sudene. É a coleção principal da Biblioteca, composta por toda a produção bibliográfica da instituição, assim como documentos técnicos/científicos elaborados e/ou publicados pela Sudene. São documentos de valor histórico, científico e cultural inestimável. Cartas Topográficas do Nordeste: A mapoteca, talvez a mais rica do Brasil, de incomparável importância documental, é formada por cerca de 600 cartas elaboradas em convênio com entidades especializadas. A coleção de cartas topográficas na escala de 1:100.000 abrange todos os estados do Nordeste e partes de Minas e Espírito Santo e a coleção de cartas topográficas na escala de 1:25.000 abrange partes da Paraíba, Pernambuco e Alagoas. É atualmente a coleção mais consultada da biblioteca. Muito pesquisada por cartógrafos, geógrafos, geólogos, urbanistas, professores e estudantes, além de escritórios de engenharia não só do Brasil. Segue-se o acervo do Condel: O acervo do Conselho Deliberativo da Sudene é composto por 5 tipos de documentos: atas, pareceres, proposições, resoluções e relatórios. Toda a documentação textual referente aos anos de 1959-2000 está digitalizada e pode ser consultada on-line através do site http://procondel.sudene.gov.br/. Nesse mesmo site é possível encontrar um breve resumo sobre o que é o Condel.
Ouso dizer que não se escreve a história política e econômica do Brasil dos nossos dias sem passar pelos arquivos do Condel, assim como pelos arquivos do Cehibra/Fundaj, com uma riqueza de incalculável abrangência. Os documentos originais encontram-se preservados na Biblioteca e também podem ser consultados de forma presencial por pesquisadores e demais interessados. O acervo Condel conta ainda com fotografias, fitas de áudio e vídeo. Coleção Celso Furtado: Obras de autoria de Celso Furtado, algumas foram doados por ele à biblioteca. Inclui também trabalhos feitos sobre a obra de Celso Furtado, além de periódicos como Revista de La Cepal e Cadernos do Desenvolvimento.
Ainda sobre o edifício da Sudene, cabe um apelo à Universidade Federal de Pernambuco, atual gestora do gigantesco imóvel, para a preservação de outro patrimônio cultural: a cerâmica artesanal confeccionada por Francisco Brennand e o jardim idealizado pelo paisagista de origem pernambucana, Roberto Burle Marx. Por fim, a antiga sede da instituição representa um conjunto moderno de edifício e jardim, implantado em 1972, que reúne atributos para ser protegido como patrimônio arquitetônico moderno de Pernambuco. A cidade do Recife conta com um conjunto significativo de jardins públicos e privados projetados por Burle Marx, alguns são protegidos pelas instâncias federal, estadual e municipal, mas o da Sudene, sendo um dos mais belos e objeto de trabalhos acadêmicos, tem sofrido pela descontinuidade administrativa da autarquia especial.
Quem passa por essa imensa gaiola que parece uma serpente de tijolos solta no ar não tem como deixar de sentir, se conhece a sua história, a presença de Celso Furtado, que honrou como nenhum outro intelectual o pensamento econômico brasileiro e inspirou gerações de economistas e demais cientistas sociais. Junto com a sua equipe, o que havia de melhor na Região em planejamento econômico e social, somada ao que produzia em pesquisa social a Fundação Joaquim Nabuco, que sempre marcou presença de parceria com a autarquia federal, Celso Furtado compreendia que a integração nacional só seria concretizada com a redução das desigualdades estruturais entre as regiões do país. Eis o ideário de Celso Furtado, ele que era conhecido dentro e fora do Brasil como “ a esperança militante”. O sonho acabou com dolorosas perdas depois do golpe de 1964, com prisões, exílios, humilhantes perseguições. Foi daí que começou o seu desmonte, fez com que a Sudene abdicasse das preocupações reais para as quais fora incumbida de resolver.
Criada há 62 anos pelo presidente Juscelino Kubitscheck, quero celebrar com uma boa notícia. Ainda resta um tesouro a ser preservado, a sua memória, o seu acervo de grande importância documental, a biblioteca criada pelo Decreto nº 48.530 em 1960, recebendo o nome de Biblioteca Celso Furtado em homenagem ao seu idealizador e primeiro superintendente da autarquia, tendo como finalidade preservar a memória institucional da Casa. Uma missão a ser cumprida por seu atual superintendente, o general Araújo Lima.
O que existia de documentação, tudo indica, está preservado, aberto ao público, agora em novo endereço: Av. Eng. Domingos Ferreira, 1967 - Boa Viagem, Recife. A começar pela Biblioteca Celso Furtado, uma das mais ricas do Brasil, responsável pela normalização, controle, seleção, processamento, armazenamento e disseminação das informações bibliográficas de documentos produzidos pela instituição, desde o começo, portanto, merecedora de adequada proteção, posto que ajuda a preservar a memória da instituição e da própria região Nordeste. Suas obras subsidiam o planejamento para o desenvolvimento da região e servem de base para trabalhos e pesquisas. A maior parte do público é de pesquisadores e estudantes de graduação e pós-graduação.
O acervo é formado pelas coleções: Coleção Sudene. É a coleção principal da Biblioteca, composta por toda a produção bibliográfica da instituição, assim como documentos técnicos/científicos elaborados e/ou publicados pela Sudene. São documentos de valor histórico, científico e cultural inestimável. Cartas Topográficas do Nordeste: A mapoteca, talvez a mais rica do Brasil, de incomparável importância documental, é formada por cerca de 600 cartas elaboradas em convênio com entidades especializadas. A coleção de cartas topográficas na escala de 1:100.000 abrange todos os estados do Nordeste e partes de Minas e Espírito Santo e a coleção de cartas topográficas na escala de 1:25.000 abrange partes da Paraíba, Pernambuco e Alagoas. É atualmente a coleção mais consultada da biblioteca. Muito pesquisada por cartógrafos, geógrafos, geólogos, urbanistas, professores e estudantes, além de escritórios de engenharia não só do Brasil. Segue-se o acervo do Condel: O acervo do Conselho Deliberativo da Sudene é composto por 5 tipos de documentos: atas, pareceres, proposições, resoluções e relatórios. Toda a documentação textual referente aos anos de 1959-2000 está digitalizada e pode ser consultada on-line através do site http://procondel.sudene.gov.br/. Nesse mesmo site é possível encontrar um breve resumo sobre o que é o Condel.
Ouso dizer que não se escreve a história política e econômica do Brasil dos nossos dias sem passar pelos arquivos do Condel, assim como pelos arquivos do Cehibra/Fundaj, com uma riqueza de incalculável abrangência. Os documentos originais encontram-se preservados na Biblioteca e também podem ser consultados de forma presencial por pesquisadores e demais interessados. O acervo Condel conta ainda com fotografias, fitas de áudio e vídeo. Coleção Celso Furtado: Obras de autoria de Celso Furtado, algumas foram doados por ele à biblioteca. Inclui também trabalhos feitos sobre a obra de Celso Furtado, além de periódicos como Revista de La Cepal e Cadernos do Desenvolvimento.
Ainda sobre o edifício da Sudene, cabe um apelo à Universidade Federal de Pernambuco, atual gestora do gigantesco imóvel, para a preservação de outro patrimônio cultural: a cerâmica artesanal confeccionada por Francisco Brennand e o jardim idealizado pelo paisagista de origem pernambucana, Roberto Burle Marx. Por fim, a antiga sede da instituição representa um conjunto moderno de edifício e jardim, implantado em 1972, que reúne atributos para ser protegido como patrimônio arquitetônico moderno de Pernambuco. A cidade do Recife conta com um conjunto significativo de jardins públicos e privados projetados por Burle Marx, alguns são protegidos pelas instâncias federal, estadual e municipal, mas o da Sudene, sendo um dos mais belos e objeto de trabalhos acadêmicos, tem sofrido pela descontinuidade administrativa da autarquia especial.
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