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Os grandes escultores pernambucanos (2)

João Alberto Martins Sobral
Jornalista

Publicado em: 15/10/2021 03:00 Atualizado em: 15/10/2021 05:44

Nicola: As figuras de anjos e santos predominam nas peças de Jaime Nicola de Oliveira, que têm grande influência da arte barroca, de uma maneira especial das esculturas de Aleijadinho. Suas criações são esculpidas em madeira ou pedra de calcário e estão em importantes galerias, do Brasil e exterior. Ele tem uma grande coleção de prêmios, que começou na primeira Bienal de Artesanato do Nordeste.

Mestre Nuca: Manuel Borges da Silva nasceu em Nazaré da Mata e depois se mudou para Tracunhaém, onde virou o consagrado Mestre Nuca. Ao lado da esposa, Maria, fazia bois, bonecas, peixes, galinhas, anjos, além dos leões, que se tornaram ícones do artesanato pernambucano. Foi ao lado dela, que criou todos os detalhes desses leões cheios de charme, de cabelos encaracolados, que estão espalhados em várias partes do Recife. Tornaram-se uma referência ao Leão do Norte, símbolo da força política, econômica e cultural do estado. O maior deles está em frente à Estação de Passageiros do Porto do Recife. É uma das peças da arte popular pernambucana mais vendidas. Dos seus seis filhos, três seguiram sua profissão e são os responsáveis por produzir, atualmente, os leões.

Cavani Rosas: escultor, desenhista e artista plástico Ricardo Cavani Rosas começou como ilustrador do Diario de Pernambuco e em agências de publicidade. Ao longo de toda a carreira, sempre criou espaço para a convergência entre as espécies ao desenhar criaturas combinando características humanas, animais e vegetais. Uma das suas peças mais conhecidas é o touro que fica em frente ao restaurante Spettus. Inicialmente no Derby e agora em Boa Viagem.

Ana das Carrancas: Filha de uma artesã e um agricultor, Ana Leopoldina Santos nasceu em Santa Filomena, distrito de Ouricuri, em Pernambuco. Na infância, usava o barro para fazer panelas, potes, brinquedos, boi-zebus, cavalinhos e santinhos, para ajudar sua mãe, que vendia utensílios de barro na feira, para sustentar a família. Com o objetivo de melhorar de vida, mudou-se para Petrolina. Devota de São Francisco das Chagas e do Padre Cícero, pediu que eles lhes mostrassem uma forma de ganhar dinheiro. No dia seguinte, foi até o Rio São Francisco buscar barro para fazer panelas. Diante da imensidão das águas, sentiu uma forte inspiração, ao ver as carrancas de madeira multicoloridas das barcaças que aportavam às margens do rio. E lá confeccionou sua primeira carranca de pequeno tamanho. Levou-a para casa, onde todos gostaram e aprovaram a ideia. A partir de então, além dos potes e jarras que fazia, passou a fazer carrancas de barro em grande quantidade. que  passaram a ser muito procuradas, especialmente devido à lenda de que afastavam os maus espíritos. Suas obras são peças de aspectos grosseiros, criadas no estilo próprio da artesã, com formas simples, primitivas e com um detalhe importante: possuem os olhos vazados, em homenagem ao marido, José Vicente, que era cego, e sempre participou ativamente de seus trabalhos, fazendo os bolos de barro para a confecção das peças. Na sua carreira participou de várias exposições no Brasil e na Europa. Até hoje, as peças feitas pelos seus herdeiros, fazem sucesso.

Alex Mont’Elberto: Formado em design pela UFPE, tem mais de quatro décadas da carreira. Quando começou, em 1978, não se falava em ecologia, muito menos em produtos ecologicamente corretos. E ele já se preocupava em utilizar resíduos no processo de confecção de suas obras, hoje conhecidas pelo conceito de ecodesign. Trabalha com esculturas em inox e se notabiliza pela qualidade e primor na execução de suas criações. Seus trabalhos têm reconhecimento internacional, usando madeira de reflorestamento e metais, sucatas de alumínio e aço. Sua obra tem três pilares: artesanato, móveis e, mais recentemente, náutica com a produção de embarcações em fibra de vidro e madeira. Já participou de vários eventos internacionais e coleciona muitas premiações.

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