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Editorial Pandemia da fome

Publicado em: 15/07/2020 03:00 Atualizado em: 15/07/2020 06:14

A pandemia do novo coronavírus vai agravar, ainda mais, uma outra pandemia que persegue a humanidade no decorrer dos séculos: a da fome. Com o surgimento da Covid-19 e todos seus reflexos sobre as atividades econômicas e sociais no mundo, estima-se que mais 12 mil pessoas possam perder a vida, diariamente, por falta do que comer. Se somadas às 25 mil que já morrem pelo mesmo motivo, de acordo com levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU), este número chega a 37 mil óbitos por dia, em todo o planeta, um aumento de 48%.

Levantamento da ONG humanitária Oxfam, tendo como base estudos da ONU, mostra que cerca de 120 milhões de pessoas podem engrossar o contingente dos que já enfrentam grave crise alimentar, em decorrência dos impactos econômicos e sociais do novo coronavírus. A maior parte dessa população vulnerável encontra-se em zonas de conflitos armados, sobretudo na África e Oriente Médio. A proposta de especialistas para enfrentar o problema é que nessas áreas seja decretado cessar-fogo temporário para a retomada da ajuda humanitária pelas organizações internacionais.

Mas países em desenvolvimento, em outras regiões, também estão sendo gravemente atingidos pela fome, casos do Brasil, Índia e África do Sul. Pelas estimativas do Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU, com a pandemia do novo coronavírus, o número de seres humanos em situação de fome extrema deve atingir 270 milhões ainda neste ano. A interrupção de atividades econômicas não essenciais e a restrição de movimentação da população por causa do isolamento social levou ao fechamento de milhões de postos de trabalho mundo afora com a consequente perda de renda. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a retração da economia global pode acabar com 300 milhões de empregos, apenas em 2020.

A pronta reação dos governos para socorrer os que perderam o emprego e os trabalhadores informais, tanto no Brasil quanto no restante do mundo, com a instituição de políticas de proteção social, impediu que o quadro fosse bem pior. Inegável que os estados têm a responsabilidade de assegurar a sobrevivência dessas pessoas, ao mesmo tempo em que devem criar as condições para que o isolamento social prevaleça onde for necessário. Mas para que a situação atual não se agrave ainda mais, cabe às autoridades manterem os programas de ajuda à população vulnerável. Isso porque, mesmo com o fim da pandemia, levará algum tempo para que ocorra a volta à normalidade plena.

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