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Editorial Repatriados

Publicado em: 02/03/2020 03:00 Atualizado em: 02/03/2020 10:15

A cena de brasileiros repatriados dos Estados Unidos desembarcando no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, vem se tornando frequente. Muitos chegam sem um centavo no bolso e não têm como se deslocar até seus estados de origem, o que leva mães e pais com filhos pequenos, de colo até, ao desespero. São os imigrantes que tentam entrar no país da América do Norte de forma ilegal, acalentando o sonho de uma vida melhor no território da nação mais rica do planeta.

Eles se arriscam nas mãos dos chamados coiotes, pessoas sem escrúpulos, que, a troco de alguns milhares de dólares, prometem introduzir os que buscam trabalho em solo norte-americano. Autoridades do Brasil e dos EUA alertam que as redes de contrabando de pessoas são perigosas. São muitos os casos de imigrantes latino-americanos, brasileiros inclusive, deixados à própria sorte, sem água e sem comida, no meio do deserto, quando os atravessadores de seres humanos têm informação de que agentes policiais americanos estão na região.

A fronteira sul dos Estados Unidos é a porta de entrada para 95% dos nacionais que tentam entrar, ilegalmente, no país do Norte, principalmente na divisa do México com o estado do Texas. Desses, mais da metade são de Minas Gerais, o que explica a frequência de voos fretados pelo governo dos EUA para o aeroporto de Confins. E a tendência é o aumento no número de deportações, depois do reforço da fiscalização migratória na fronteira sul dos Estados Unidos, que estreitou a cooperação com o Brasil na questão migratória.

Antes, o Brasil não autorizava a aterrisagem de pousos fretados para trazer os deportados, política que sofreu mudanças no atual governo, depois da implementação da aproximação com os EUA levada a cabo pelo Palácio do Planalto. Em solo nacional, os cidadãos repatriados são recebidos pela Polícia Federal (PF) e encaminhados ao setor de imigração. A queixa de grande parte deles é que os adultos que não estão acompanhados de crianças e com saúde boa são algemados, o que consideram uma humilhação. Os norte-americanos alegam que é por motivo de segurança e as autoridades brasileiras têm meios de contestá-los. Também denunciam ser maltratados quando detidos.

De acordo com levantamento da imigração dos EUA, entre 2018 e 2019, o número de brasileiros que imigrou ilegalmente passou de 3 mil para 21 mil, aumento de 600%, colocando os nacionais no radar da fiscalização de lá. O problema é que eles se arriscam ao tentar entrar de forma ilegal no território norte-americano. Como indicam as autoridades dos dois países, o melhor caminho é se candidatar a viajar seguindo os ditames legais.

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