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Século 21, coisa de outro mundo

Rodrigo Pellegrino
Advogado

Publicado em: 14/02/2020 03:00 Atualizado em: 14/02/2020 09:06

Acabamos de passar pelo primeiro quinto do Século 21, e, outro dia, conversando com meus filhos sobre qual seria a ideia em relação ao que teriam sido os primeiros vinte anos do século passado, constatei que, apesar da referência sobre esse tempo histórico, para eles, tudo se resumia a uma espécie de “ficção científica ao avesso”.

Um tipo de memória, na qual todos os fatos acontecidos caberiam muito bem num enredo ficcional impossível e inverossímil. Essa geração “Z” e “Millenialls” nasceu imersa num universo extremamente distinto de todas as gerações anteriores. Uma geração que, a despeito dos valores aplicados de desenvolvimento, sucesso, estudos, trabalho e família, parece trazer uma ressignificação; o propósito.

Sei que a palavra está na moda nos meios organizacionais, mas, de fato, percebo que boa parte desses jovens optarão em suas vidas por atividades com propósito, e isso vai impactar a relação de consumo e trabalho, o que também impactará a forma como as organizações públicas e privadas irão lidar com a população em geral, com seus  produtos, colaboradores e clientes.

Com isso penso que, esse mundo novo, abre um leque de oportunidades até então inimagináveis. A tecnologia está presente e nada do que faremos de agora em diante será do mesmo jeito. Se não estivermos em constante adaptabilidade na absorção de novos conhecimentos, seremos tragados pela velocidade com a qual o mundo irá modificar as relações de governança, trabalho e conhecimento.

Segundo a “Design Thinkink for Strategic Innovation”, a escala, o escopo e a previsibilidade do Século 20, já está substituída pela rapidez, fluidez e agilidade do século 21. Isso decorre da transformação digital de tudo onde “tudo será dado e algoritmo”, num mundo onde a redução das assimetrias de informação, a otimização de recursos, a colaboração e o funcionamento em redes ditará a forma através das quais os problemas passarão a ser resolvidos.

E problemas não faltam nesse mundo. A questão é, como aplicar a esses mesmos problemas soluções disruptivas disponíveis, impactando a realidade social, transformando a vida das pessoas e tornando sustentáveis os negócios? Outro caminho não há, senão através de organizações que apliquem o alto impacto social em suas atividades, com propósitos, com os quais as novas gerações irão desejar trabalhar por identificação e aplicarão as novas competências permanentemente adquiridas.

Não se trata de algo distante. Podem ter certeza. Os governos não mais se sustentarão apenas com os discursos e os negócios não mais sobreviverão apenas com os lucros. Mas com a transformação na forma como ambos são aplicados. Os governantes terão que convencer colaborativamente a sociedade e os negócios terão que aplicar práticas de mercado transparentes, com segurança nos dados utilizados e mobilizadoras em escala.

Isso tudo numa interação constante entre negócios, pessoas, tecnologias e governos. Não teremos como fugir. Se por um lado a escalabilidade dos novos negócios modificará a realidade, a aplicação dessas inovações terá que ocorrer, sob o risco de imediatamente esses mesmos negócios ou governos serem substituídos por novas aderências sociais, de forma rápida e constante.

O primeiro quinto do século passado foi impactado pela “disrupção” bélica. Cujos atores principais foram apenas os governos. Uma mudança inesperada à época, com a revolução bolchevique e a primeira guerra mundial. Uma guerra cujo escopo não se qualificou na conquista territorial, mas no aniquilamento do inimigo.

Esse primeiro quinto do século 21, já caracterizado pela “disrupção”, cujos atores são os governos, as pessoas e os negócios tecnológicos, poderá implicar em dois futuros possíveis, aos quais me socorro na imagem de duas ficções científicas. Desejaremos um mundo dos “Jetsons” ou “Blade Runner”?

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