Biblioteca Digital do Nordeste

Antônio Campos
Presidente da Fundaj

Publicado em: 06/02/2020 03:00 Atualizado em: 06/02/2020 08:54

Desde o início do século passado, deparamo-nos com uma ampla variedade de transformações culturais: a ciência e a tecnologia, a capacidade humana de simbolizar e de criar novas ideias, novas invenções em todas as esferas da engenharia; o ápice, entre grandes avanços e descobertas de uma nova tendência universal nos campos da produção de livros e da leitura digital, albergada na revolução das tecnologias informativas. Inovação.

O mundo parece estar inteiramente à disposição do teclado e do monitor. Dentro dessa telinha parece que está surgindo uma nova organização mental, um novo e maravilhoso contributo ao primado da inteligência. Peter Sloterdijk, grande intérprete do século 20, ele que tanto sabe de Adorno e Heidegger, e apesar da tonalidade sombria, inquieta, radical e pessimista sobre os “cinismos” da contemporaneidade, ressalta nos seus escritos recentes a crença nesses valores.

Na condição, não só de autor, mas, na qualidade de editor, para a qual não deixarei de ser vocacionado, embora temporariamente afastado desse ofício, acho fascinante perceber a curva existente a partir de uma experiência, algo como um marco da tecnologia, como a que nos oferece a Biblioteca Digital Mundial (www.wdl.org), fundada pela Unesco, no esforço de nos dar a oportunidade de conhecer, livremente, sem nada pagar, sem nenhum protocolo, as obras literárias mais célebres da humanidade.

Obras de todas as épocas, assim como um conjunto, até hoje inimaginável num só sítio, de fotos, gravações e filmes em mais de 50 idiomas, a partir dos primeiros textos impressos da história, até hoje.

Eu citaria dezenas de exemplos, especialmente no Brasil, de algumas bibliotecas em nuvem ou digitais, como o htt://bndigi tal.bn.gov.br, como http://bdtd.ibict.br/vufind/ este que nos oferece acesso e visibilidade às teses e dissertações brasileiras,     http://www.docpro.com.br/escola demusica/bibliotecadigital.html, ambiente que contempla a nossa riqueza musical de todos os tempos, gêneros e estilos, um repositório digno da nossa melhor acolhida e orgulho.

Não deixa de ser uma aventura apaixonante comparar a realidade física do livro, o prazer de sua leitura nos moldes tradicionais, com a experiência individual da realidade virtual dos nossos dias. Esta com todas as suas facilidades de acesso, suas pluralidades de leituras num só bloco, múltiplas janelas, pelo que a natureza complexa e ilimitada da internet nos disponibiliza. Um novo mundo que parece inextinguível.

Para mim, que jamais perdi o prazer de sentir em minhas mãos o papel impresso, e que, por outro lado, tornei-me apaixonado pelo admirável mundo novo da Internet, a biblioteca virtual, com o seu tremendo poder de síntese, de armazenamento, parece estar no âmago dos que, entre os novos e futuros leitores, desejam navegar, comodamente, nesse diálogo entre as culturas, nessa transformação dinâmica da cultura , nos recintos e projeções sem limites de espaços. Experiências como a da Bndigital, da Unesco, e suas tantas áreas de conforto, inclusive visual, e progressivas atualizações, levam-me a incentivar, no âmbito dos novos projetos de digitalização bibliográfica, em andamento na Fundação Joaquim Nabuco, dentro da sua proposta inovadora, a criação da Biblioteca Digital do Nordeste, que seria a expansão de nossa biblioteca Blanche Knopf, que fará a curadoria da mesma. Se o nosso site já é a maior referência em pesquisa escolar do Nordeste, com mais de 14 milhões de acessos, que virará aplicativo, em breve seremos a maior biblioteca digital do Nordeste.

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