Diario de Pernambuco
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111 anos - a luta continua

Pedro Eurico
Secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco

Publicado em: 07/02/2020 03:00 Atualizado em: 07/02/2020 08:24

O talento para mobilizar pessoas, comunidades, movimentos inteiros em torno das convicções e do estilo de vida que pregam é característica inerente de grandes líderes. Eles são responsáveis por contribuírem com a evolução do todo, entusiasmando o sistema ao qual fazem parte. Ser líder é ser guia, fio condutor positivo, e seu sucesso está no legado edificado ao longo da sua jornada. Martin Luther King, Nelson Mandela e o aniversariante desta semana, Dom Helder Camara, foram algumas dessas figuras icônicas que o mundo teve o prazer de ver.

Dono de uma simplicidade ímpar e de uma retórica incontestável, o Dom mostrou que ninguém passa nessa vida sem deixar um pouco de si e levar um pouco do outro. Ele presenteou os pernambucanos com um legado infindo de consciência cristã, resistência e, especialmente, luta em defesa dos direitos fundamentais da pessoa humana. Lamentavelmente, mesmo após duas décadas de sua morte e há quase 56 anos da sua chegada ao Recife, as antigas pelejas do povo simples ainda continuam muito atuais.

Na Zona da Mata Sul de Pernambuco, mesmo após 30 anos da Constituição Federal, ainda é possível identificar “senhores” tentando tomar terras de posseiros. Em Jaqueira e Maraial, por exemplo, há famílias ameaçadas que têm posse pacífica há 50, 60 anos. Utilizando-se de brechas legais, os poderosos atentam com crueldade contra os direitos dos mansos, dos economicamente pobres.

O profeta, de inquestionável sensatez e disseminador voraz do princípio da não violência ativa, combatia com veemência a miséria imposta pela ingerência social. Seu legado, como nunca antes, precisa estar vivo para que possamos combater iniquidades cíclicas auferidas pelos mais humildes. Ainda hoje, Dom Helder nos anima a lutar com serenidade e responsabilidade não pelos nossos direitos, mas, e principalmente, pelos direitos dos que nem sabem que os têm.

Defender a luta pacífica não é subversão. Subversão é fechar os olhos quando a pedra que incomoda não está no nosso sapato. “Sem justiça e amor, a paz será sempre uma grande ilusão” Dom Hélder Camara (1909 – 1999).

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