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Mortes no trânsito

Janguiê Diniz
Mestre e doutor em Direito - fundador e presidente do Conselho de Administração do grupo Ser Educacional

Publicado em: 08/11/2019 03:00 Atualizado em: 08/11/2019 09:40

O Brasil é o terceiro país com mais mortes no trânsito no mundo, atrás apenas de Índia e China – nações superpopulosas e com sistemas viários realmente caóticos. O dado é do Global Status Report on Road Safety, relatório da Organização Mundial da Saúde. Esse panorama se torna ainda mais preocupante se levarmos em consideração que o número de mortes vem diminuindo nos últimos anos. Fato é que, nas ruas, avenidas e estradas brasileiras, cinco pessoas morrem a cada hora. As ações feitas para diminuir os níveis de morte têm surtido efeito, mas muito aquém do necessário.
 
As causas mais comuns para acidentes com morte são desatenção do motorista, excesso de velocidade, ingestão de álcool, desobediência à sinalização e ultrapassagens indevidas. Ou seja, concluímos que a imprudência é a principal responsável pelo alarmante nível de morte nas ruas. Os condutores insistem em não atentar para a importância das medidas de segurança ao volante. Beber e dirigir, guiar muito acima do limite da velocidade e não seguir a sinalização viária é de uma irresponsabilidade tamanha que merecia ter punições até mais severas do que as já praticadas.
 
Além disso, é necessária uma fiscalização mais intensiva e mais trabalho de conscientização. É importante frisar que a ideia do aumento da multa não deve visar à arrecadação ou apenas à punição, mas sim evitar os acidentes, reduzindo as mortes, a necessidade de atendimentos hospitalares – os quais podem se estender por meses –, entre outras consequências.
 
A Lei Seca, que entrou em vigor em 2008, promoveu melhorias nesse cenário. De lá para cá, houve uma diminuição sensível no número de mortes, mas ainda abaixo da meta estabelecida pela ONU para a Década de Ação pela Segurança no Trânsito (2011-2020). A legislação ainda sofre críticas de diversas frentes, algo que chega a ser absurdo, visto que seu intuito é justamente evitar mortes. A lei sozinha, no entanto, não é capaz de resolver a situação, se não houver um investimento real na conscientização, principalmente das novas gerações, para que estejam mais atentas à segurança no trânsito.
 
Todos sabem – ou deveriam saber – como devem se portar no trânsito para evitar acidentes. Acontece que muitos ignoram e escolhem deliberadamente ignorar as recomendações e mesmo as leis, o que pode resultar em tragédias e até mortes. Os hospitais estão cheios de feridos – muitos deles ocupam leitos por meses, não possibilitando atendimento de outras pessoas. Essa é uma questão ainda latente na sociedade que demanda atenção e não pode ser relegada a segundo plano. Não deixemos nossas ruas ainda mais perigosas do que já são.

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