Diario de Pernambuco
Busca
José de Todos os Santos - Antiquário - Zé Santeiro - 90 Anos

Luiz Felipe Moura
Presidente da Abrajet-PE

Publicado em: 25/07/2019 03:00 Atualizado em: 25/07/2019 10:33

Em 1929, no dia 25 de julho, em Fleixeiras, hoje município do Cabo de Santo Agostinho, filho de Alexandrina e seu José, veio a luz José dos Santos. Filho de agricultor que trabalhava em engenho de cana-de-açúcar na região cabense. José dos Santos teve nove irmãos, que como ele migraram para a cidade à procura de novos horizontes, atualmente José só tem uma irmã viva, que se chama Maria José dos Santos.

Saga do jovem empreendedor começou há quase 60 anos, quando José, em seus tenros 17 anos, a exemplo de tantos outros nordestinos, resolveu ir para o Rio de Janeiro, na época capital Federal, aproveitando uma tia que trabalhava no bairro de Bonsucesso. Por sorte ou guiado pelas mãos invisíveis do destino, a casa que o acolheu pertencia a um empresário português, dono de uma oficina de restauro que o admitiu como aprendiz. Tinha até colocado anúncio em jornal à procura de um jovem com aquela idade, e que soubesse ler e escrever e gostasse de arte. Ninguém poderia imaginar que a providência divina estava provendo o lusitano empreender, não apenas de um aprendiz de ofício, mas enviava o jovem que se destacaria como o maior antiquário de artes sacras do país.

Sua formação e aperfeiçoamento se deram no Rio de Janeiro e em São Paulo, por quase dez anos. De volta ao Recife José montou sua própria oficina na Rua da Imperatriz, e aos pouco foi crescendo até se instalar na atual loja, na Rua Joaquim Nabuco, nos Quatro Cantos, nas Graças.

Santeiro tem como filhos: Hercilio, Márcia, André, Adriana, Sérgio e Gabriela, todos já adultos e atuando em diversos segmentos profissionais. Ainda dois filhos falecidos José e Cristina. Casado com Nadja Santos, segunda esposa há 50 anos

Já estabelecido em seu novo endereço nas Graças, começou a comprar objetos de arte. Do restaurador nascia o colecionador Zé Santeiro, como é conhecido no meio cultural; não é apenas colecionador é igualmente restaurador e dos melhores. Ele faz e orienta o fazer e com isso, quanta coisa bonita, quantos pedaços de nosso passado e presente colonial, imperial e republicano foram recuperados, aliás, foi como restaurador que ele entrou na intimidade da arte sacra, através desta tríplice titulação: restaurador eficiente, colecionador arguto e vendedor experiente.

O convívio com os objetos é harmonioso e envolto em respeito à história de cada peça que chega a sua loja, por conta de que a origem de tal conhecimento se encontra no objeto e não somente no seu contexto. Santeiro, tem em seu acervo peças de inestimável valor artístico e cultural que guarda com imenso carinho, que conta através de imagens de santos e santas, peças de engenhos, oratórios, pratarias, cristais, dentre tantas outras, a história da evolução social, econômica, cultural e política em Pernambuco. O acervo dele chega próximo a oito mil peças, todas catalogadas, e cerca de três mil peças já escolhidas para compor o Museu Zé Santeiro.

Um dos desejos deste homem de origem simples é ver essa coleção em um museu para que o povo pernambucano possa apreciar e entender como a arte e a fé transformam o sonho em realidade. Um sonho singelo de quem dedicou parte de sua vida a resgatar e preservar uma variada gama de nossa cultura material e imaterial do nosso estado. Qualificação de quem nasceu sabendo o que seria: O GUARDIÃO DESSA COLEÇÃO DE ARTE SACRA.

MAIS NOTÍCIAS DO CANAL