![Alça de viaduto integra novo sistema viário (Foto: Rafael Vieira) Alça de viaduto integra novo sistema viário (Foto: Rafael Vieira)]() |
Alça de viaduto integra novo sistema viário (Foto: Rafael Vieira) |
Uma das áreas mais movimentadas do Recife, o Cais do José Estelita vai passar por uma grande mudança a partir do próximo mês.
Novidades sobre o Projeto Novo Cais foram apresentadas, nesta quarta (7), pela Prefeitura do Recife e pela construtora Moura Dubeux, em evento no Shopping Riomar, no Pina, na Zona Sul.
Em junho, informaram a prefeitura e a empresa, será entregue o novo complexo viário na área. segundo o CEO da Moura Dubeux, Diego Villar, a necessidade da entrega dessa primeira fase é de grande importância para o seguimento da obra dos parques, uma vez, que ela mexe diretamente com a mobilidade urbana.
Essa mudança integra o plano do novo sistema que promete melhorar a fluidez no tráfego.
Além disso, começarão as obras do Parque da Beira d'água.
Ele ficará onde hoje existem as pistas da Avenida Engenheiro José Estelita, responsável pela ligação entre a Zona Sul e o Centro. "A nova configuração do Estelita devolve à população um território estratégico, onde o Recife se reencontra com a sua frente d’água e resgata conexões históricas esquecidas." Acrescenta João Campo, Prefeito da Cidade do Recife.
Outra novidade anunciada é a obra de outro parque, o da Memória Ferroviária. Ele já está com serviços em andamento e também deve ser finalizado no ano que vem.
Esses dois espaços de lazer terão ligação.
O trecho da Avenida Dantas Barreto, na área que passa por trás desse complexo, será destinado apenas a pedrastes.
Sistema viário
![Com parque, veículos vão passar por novo sistema viário (Imagem: Divulgação ) Com parque, veículos vão passar por novo sistema viário (Imagem: Divulgação )]() |
Com parque, veículos vão passar por novo sistema viário (Imagem: Divulgação ) |
O novo sistema viário vai substituir o antigo traçado da Avenida Engenheiro José Estelita e contará com um binário com três faixas de rolamento em cada sentido, além de calçadas, ciclovias e infraestrutura subterrânea para redes de energia, internet, gás e saneamento.
Ainda de acordo com Diego Villar, as obras devem ser concluídas em junho, quando será implementada a nova configuração viária. "A partir de junho, vamos desconectar quase que totalmente a linha Carioca da direita, que é basicamente de ônibus, e logo após desconectamos a faixa do Marco Zero até o Cabanga".
Segundo o projeto, haverá duas avenidas paralelas: uma junto à margem da Bacia do Pina (sentido Zona Sul–Centro) e outra posicionada atrás dos empreendimentos do Novo Cais (sentido Centro–Zona Sul).
Obras
Segundo o projeto, o investimento total estimado na malha viária é de R$ 50 milhões, dos quais R$ 35 milhões já foram executados e os R$ 15 milhões restantes correspondem à fase atual.
O sistema de drenagem pluvial da região foi redesenhado para resolver gargalos históricos de alagamento em áreas como o bairro de São José.
As obras incluem novas redes pluviais que atravessam a antiga linha férrea, conexões com a bacia do Rio Capibaribe e pontos de escoamento interligados à Avenida Sul, elevando significativamente a resiliência hídrica da área.
Parque na orla
O parque da orla terá 1,7 quilômetros de ciclovias, calçadas, infraestrutura acessível para pedestres e bicicletas, espaços de convivência para todas as idades, áreas contemplativas, arborização, conforto térmico e bastante integração com o entorno urbano.
Uma das mudanças será a transformação da antiga alça do viaduto próximo ao Cabanga, antes um canteiro rodoviário isolado, em uma área verde com lago, vegetação nativa e paisagismo, incorporada de forma orgânica ao parque.
Ao longo de toda a área, haverá espaços para as crianças, com estruturas para o lazer. Os pets também terão vez, com a criação de um parcão destinado à circulação e brincadeiras com cães. Outro destaque é a recuperação e requalificação de três casas históricas localizadas na área do parque.
Esses imóveis serão restaurados e convertidos para uso público, que podem abrigar cafés, livrarias, centros de visitantes e serviços comerciais, ativando a região com usos culturais e afetivos.
O projeto também contempla a implantação de uma praça cívica no prolongamento com a Avenida Dantas Barreto, criando um eixo simbólico entre o Palácio do Campo das Princesas e o mar. A praça funcionará como uma espécie de marco zero do sul do Recife, com travessia nivelada para pedestres, permitindo que quem caminhar pelas calçadas da Dantas Barreto siga diretamente até a orla.
Memória Ferroviária
Além do sistema viário e do parque da orla, o projeto urbanístico do Novo Cais contempla a criação do Parque da Memória Ferroviária, com 55 mil m² de área, dedicado ao resgate e à preservação de um capítulo essencial da história do Recife: o passado ferroviário da cidade.
O parque será implantado na região compreendida entre o Forte das Cinco Pontas e o antigo eixo ferroviário voltado ao transporte de açúcar, trecho que abrigou a segunda linha de trem do Brasil, inaugurada após a Rio de Janeiro–Petrópolis.
A linha férrea, inicialmente traçada próxima à Rua Imperial, foi transferida na década de 1940 para a área atual após o aterramento de trechos do estuário, consolidando sua relevância logística e econômica. Essa linha conectava o interior do estado ao Porto do Recife e foi crucial para o escoamento da produção açucareira.
O projeto do Parque da Memória Ferroviária está sendo desenvolvido pelo paisagista Luiz Vieira, em diálogo com o Benedito Abbud, responsável pelo paisagismo do parque da orla. Os dois profissionais trabalham de forma integrada para criar uma conexão visual e funcional entre os parques e os novos empreendimentos do Novo Cais, incluindo jardins abertos nos edifícios residenciais e comerciais que suavizam a transição entre as áreas verdes e os espaços construídos.
A ligação central entre os dois parques será feita por uma grande explanada que conectará os pedestres da Avenida Dantas Barreto à orla da Bacia do Pina, reforçando a ideia de continuidade urbana, fluidez de circulação e ocupação integrada da cidade.
O parque será também um núcleo de preservação e ativação cultural, com a restauração de todos os bens valorados pelo Iphan, entre eles a antiga estação ferroviária, a caixa d’água e cerca de 30 galpões casarios com área de aproximadamente 8 mil m².
Esses galpões, que serviram no passado para armazenamento de açúcar, serão recuperados com investimento de R$ 12 milhões. Ao todo, os recursos destinados à recuperação dos bens históricos somam R$ 30 milhões, com prazo estimado de um ano e meio para execução. A primeira etapa de intervenções será iniciada ainda no primeiro semestre de 2025, com foco na recuperação da caixa d’água e dos galpões localizados próximos ao viaduto, que marcam a transição entre o parque da orla e o Parque da Memória Ferroviária.