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MÚSICA

Carla Rio exalta gírias e expressões de Pernambuco em parceria com Dudu Nobre

Publicado em: 22/12/2020 18:01 | Atualizado em: 29/12/2020 21:18

Carla Rio e Dudu Nobre durante gravação de Samba Arretado (Foto: Divulgação)
Carla Rio e Dudu Nobre durante gravação de Samba Arretado (Foto: Divulgação)

A cantora pernambucana Carla Rio lançou neste mês a canção Samba Arretado, uma parceria com Dudu Nobre. Apesar da presença do carioca, a faixa é marcada pela exaltação a uma ideia de "pernambucanidade", usando diversas expressões e gírias oriundas do estado. "Aqui, papai é painho, coisa pouca é um tiquinho, gente lesa é aruá", diz um dos trechos da composição de Carla, que foi musicada pelo instrumentista Alceu Maia, cavaquinista e diretor musical da cantora. A faixa também ganhou um clipe que mostra cenas da gravação no estúdio.

Carla Rio se apresentou no Festival de Inverno de Garanhuns de 2019, com uma homenagem a Beth Carvalho, que faleceu naquele ano. Ela conheceu Dudu Nobre ao integrar um circuito de shows de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo. A artista começou a compor Samba Arretado durante o distanciamento social provocado pela pandemia do coronavírus. "A ideia me surgiu após um show no Rio, quando nos reunimos para jantar. Um rapaz que toca comigo na banda de lá perguntou como era o samba em Pernambuco. Eu disse 'é um samba arretado'. Todos riram porque não conheciam esse linguajar. Isso me deu a ideia da música, em cima desse dialeto", explica Carla Rio, em entrevista ao Diario. "Eu mandei a música para o Dudu, que amou". (Continua após o vídeo)


Hoje, o samba é muito ligado a um imaginário do Rio de Janeiro, apesar da historiografia afirmar que o ritmo surgiu na Bahia. Carla afirma que, enquanto lia o livro Uma história do samba, de Lyra Neto, descobriu que a primeira menção ao ritmo foi feita em um jornal de Pernambuco chamado O Carapuceiro, em um texto do padre Lopes Gama, em 1842. "Esses negros migraram para o Rio de Janeiro e lá tinha os sambas das tias, o samba no quintal", explica Carla. "Daí surgiu o samba carioca, pois o ritmo ganhou corpo no Rio, se enraizou. Na questão da popularidade do samba, São Paulo fica em segundo e Pernambuco em terceiro lugar."

"Na pandemia eu escrevi muito, fiz várias músicas, inclusive outras que vão ser lançadas. Eu aprendi coisas, pois sempre fui meio por fora dessa coisa de YouTube, de live, nunca tinha despertado para isso e tivemos que reaprender algumas coisas. Foi muito bom porque você aumenta o seu leque de oportunidades. Também me aprofundei na questão espiritual", diz a sambista, que antes da pandemia também cantando no Samba na Pracinha, uma projeto em parceria com a Empetur que realizava shows públicos na Praça de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife.

No dia 12 de dezembro, Carla também participou do Terceiro Encontro Nacional de Mulheres na Roda de Samba, fazendo uma homenagem a Elza Soares. O projeto é considerado o maior evento de mulheres sambistas do país, sendo idealizado pela cantora e sambista Dorina Barros, em 2018, e gerenciado por Karynna Spinelli em Pernambuco. Por conta da pandemia, o evento foi transmitido pelo Facebook do projeto. "Muitas mulheres sambistas estão ganhando destaque durante a pandemia, a exemplo da Teresa Cristina", comenta Carla.
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