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Cinema Versão com atores de A Bela e a Fera mostra princesa da Disney mais empoderada Filme protagonizado por Emma Watson aposta na igualdade de gênero e maior diversidade

Por: Breno Pessoa

Publicado em: 16/03/2017 15:42 Atualizado em: 16/03/2017 15:09

Longa recria diversas cenas do desenho animado de 1991. Foto: Disney/Divulgação
Longa recria diversas cenas do desenho animado de 1991. Foto: Disney/Divulgação

Nos últimos anos, as princesas Disney já foram reimaginadas das mais diversas maneiras em trabalhos de artistas gráficos para a internet. Oscilando entre a crítica e o humor, muitas das releituras questionam o caráter pouco diverso das figuras femininas e padrões comportamentais e de beleza estabelecidos por elas. Crítica desse modelo, a atriz Emma Watson, embaixadora da boa vontade da ONU Mulheres e ativista de campanhas de igualdade de gênero, encarna uma das mais tradicionais personagens desse filão, em A Bela e a Fera, em cartaz nos cinemas a partir de hoje.

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A decisão de interpretar a princesa Bela na versão com atores da famosa animação da Disney pode sinalizar contradições com o posicionamento ideológico da artista. Por outro lado, Watson declarou enxergar a personagem como forte e independente, além de ressaltar o valor de trazer um olhar mais moderno sobre a história.

Ao menos no figurino, a nova Bela escapa de alguns significativos - e pouco saudáveis - padrões de indumentária feminina: o uso de espartilho e sapatos de salto alto. As mudanças foram reivindicações da atriz, que também participou da composição da personagem, acrescentando certas mudanças à biografia da personagem, que agora é também uma inventora. No filme, ela cria uma máquina de lavar para ajudar mulheres do vilarejo a se livrarem desse trabalho doméstico, ganhando mais tempo para dedicar a outras atividades, como o estudo.

Antes de dividir a tela com a Fera (Dan Stevens), Emma Watson foi convidada pela Disney para interpretar Cinderela na adaptação live-action de 2015. O papel foi recusado justamente pela atriz considerar a clássica princesa como um modelo pouco saudável de representação feminina. "Considero Bela um personagem que ressoa muito mais comigo", afirmou a atriz à revista britânica Total Film. "Ela permanece curiosa, compassiva e de mente aberta", defende, dizendo também considerar a princesa independente e não influenciável.

A argumentação da atriz difere bastante das leituras mais críticas a respeito da animação de 1991 e do próprio conto original que inspirou os filmes da Disney. O lado abusivo da relação é um dos pontos mais fáceis de identificar, já que Bela é mantida prisioneira no castelo da Fera, um indivíduo controlador e agressivo. Para além de uma possível romantização da violência do personagem masculino, outra interpretação negativa sobre a história é a possibilidade de Bela ter síndrome de Estocolmo (quando a vítima de cárcere se identifica com o sequestrador), algo que Emma também descarta.

Fica a expectativa para que a nova versão de A Bela e a Fera seja bem-sucedida na tentativa de retratar a personagem o mais distante possível do estereótipo das princesas Disney. Mais um sinal de contemporaneidade na nova incursão pela fábula é o que o diretor do filme, Bill Condon, classificou como "o primeiro momento exclusivamente gay" em produções do estúdio, protagonizado pelo personagem LeFou (Josh Gad). A questão já levou alguns cinemas nos EUA a boicotarem o longa-metragem e um trecho censurado na Malásia, onde a estreia acabou sendo adiada.

[Fórmula recorrente

Adaptação de 1946 foi considerado um marco para a época. Foto: DisCina/Divulgação
Adaptação de 1946 foi considerado um marco para a época. Foto: DisCina/Divulgação

A mais conhecida adaptação do conto de fadas A Bela e a Fera continua sendo o longa-metragem de animação de 1991, o primeiro desenho animado a receber indicação ao Oscar de Melhor Filme. A fábula, no entanto, foi levada aos cinemas muito antes, em 1946, pelo diretor Jean Cocteau.

Escrito originalmente em 1740 por Grabrielle-Suzanne Barbot de Gallon, o conto francês ficou mais conhecido pela versão de Jeanne-Marie Leprince de Beaumont, publicada em 1756. Mais resumida e simplificada, a segunda obra retira alguns detalhes da primeira trama, como o fato de a Fera ser um príncipe órfão enfeitiçado por uma fada maligna e Bela ter descendência nobre.

Possivelmente inspirada em outras narrativas e lendas, como o mito grego de Eros e Psiquê, A Bela e a Fera tem elementos facilmente identificáveis em outras histórias famosas, como o Fantasma da ópera, King Kong e, até mesmo, a recente 50 tons de cinza.

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