Diario de Pernambuco
Busca
Música Antes de turnê com Red Hot Chili Peppers, Deerhoof faz show no Recife; confira entrevista Banda norteamericana participa do Festival No Ar Coquetel Molotov, no sábado (22), na Coudelaria Souza Leão, na Várzea

Por: Larissa Lins - Diario de Pernambuco

Publicado em: 20/10/2016 17:45 Atualizado em: 20/10/2016 18:02

Deerhoof sobe ao palco Sonic à 0h20, no Festival No Ar Coquetel Molotov. Foto: deerhoof/Divulgação oficial
Deerhoof sobe ao palco Sonic à 0h20, no Festival No Ar Coquetel Molotov. Foto: deerhoof/Divulgação oficial

Visado há alguns anos pela produção do Festival No Ar Coquetel Molotov, a banda norteamericana Deerhoof desembarca nesta quinta (20) no Recife, com apoio do Consulado Americano, e participa de encontro com o público nesta sexta (21), no Paço do Frevo, às 15h, no Centro da cidade. No sábado (22), eles se unem a nomes da música independente nacional, como o pernambucano Barro, o paraense Jaloo, a curitibana Karol Conka, a paulistana Céu e os baianos da BaianaSystem, na Coudelaria Souza Leão, na Várzea, onde ocorre o Molotov.

Em novembro, o grupo sai em turnê com o Red Hot Chili Peppers, abrindo os shows da banda durante a agenda de outuno, distribuída pela Europa. Entre outros países, Deerhoof e Red Hot se apresentam na Alemanha, Áustria e Holanda. Formada na Califórnia, Deerhoof é conhecida pelo rock experimental, e traz ao Recife o recém-lançado The magic (2016). Em novembro, eles planejam o lançamento do EP I thought we were friends, com duas faixas autorais.

ENTREVISTA: John Dieterich, guitarrista da Deerhoof

John Dieterich é guitarrista da banda norteamericana, dedicada ao rock experimental. Foto: Nathan wind/Divulgação
John Dieterich é guitarrista da banda norteamericana, dedicada ao rock experimental. Foto: Nathan wind/Divulgação
Você conhece músicos brasileiros cujo trabalho seja semelhante ao de vocês?

Não conheço algum grupo que soe como a gente. Mas devo dizer que pensamos frequentemente em músicos brasileiros enquanto fazemos nossa música. E eu tenho certeza que muitos artistas locais trabalham a partir de ideias muito parecidas com as que trabalhamos. Tom Zé, por exemplo, é uma influência contínua para nós. Estamos descobrindo coisas novas só pelo fato de virmos ao Brasil. Ouvimos bandas novas, artistas independentes. É muito estimulante. Sinto que há muito em comum, mesmo que os sons não sejam tão idênticos. Às vezes, as diferenças só mostram o quanto se tem em comum, não é?

Poderia citar referências brasileiras que lhe servem de inspiração?
Estávamos em Belo Horizonte (MG) outro dia, com o Coquetel Molotov, e a pessoa que dirigia para nós colocou Elza Soares para tocar. Eu a ouvi pela primeira vez recentemente. Eu mal pude acreditar em como aquilo era incrível. Além disso, sou um grande fã de Gal Costa, Caetano Veloso. Os primeiros discos de João Gilberto são alguns dos meus preferidos entre todos os discos que já ouvi. É uma referência fundamental, na minha opinião. Me toca profundamente. Há muito pouca coisa que me transforma e sensibiliza tanto quanto as músicas dele.


Como vê o cenário da música independente na atualidade?
Não sei falar muito a respeito, porque não vivi outra época. Mas meu palpite é que sempre foi difícil fazer música. O desafio de qualquer pessoa criativa é criar, no tempo em que ela vive e com as ferramentas que tem. De muitas formas, posto isto, deve ser mais fácil criar música hoje em dia. Temos acesso a tecnologias que pessoas há 30 anos sequer poderiam imaginar. Isso é uma bênção e uma maldição. Eu acho que é importante, na música independente, abordar problemas de qualquer época em que se vive. E tentar encontrar algo significativo a partir disso.

Já esteve no Brasil antes? O que sabe sobre o país?
Essa é a primeira vez. Eu tenho um amigo brasileiro no Novo México. Ele é de Belo Horizonte (MG), e muito do que sei sobre o Brasil veio através dele. Também sei um pouco sobre as florestas tropicais, os grupos indígenas. Minha namorada estuda linguística, e ela me falou sobre como falam as pessoas, seu modo de se comunicar.

Como funciona o processo criativo da banda? Como criam novas combinações sonoras, experimentais?
É diferente a cada ocasião. Nós escrevemos separadamente, então um dos desafios é sempre encontrar uma forma de agregar aqueles projetos em algo coletivo, executá-los na banda. De certo modo, eu penso que a forma como tocamos juntos é justamente o que nos mantém juntos. Quero dizer, considerando que somos capazes de juntar nossas bagagens, fazer música com isso, improvisar, criar novas formas de pensar a nossa música, então nós sabemos que aquele material é promissor.
 



MAIS NOTÍCIAS DO CANAL