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TELEVISÃO Gravada em Pernambuco, Justiça estreia com assassinato, traição e vingança Nova produção global tem estrelas locais no elenco e na trilha sonora

Por: Breno Pessoa

Publicado em: 22/08/2016 16:32 Atualizado em: 22/08/2016 17:04

Cada capítulo aborda a trama de um dos quatro personagens. Foto: Globo/Divulgação
Cada capítulo aborda a trama de um dos quatro personagens. Foto: Globo/Divulgação

Justiça. O nome curto e direto da nova minissérie da Globo é mais do que suficiente para se ter ideia de qual o fio condutor da trama, que estreia hoje, às 23h, com exibição de segunda a sexta-feira, exceto às quartas. O programa é centrado em quatro personagens que foram presos por diferentes crimes, em um mesmo dia, e como essas histórias se cruzam. A produção, escrita por Manuela Dias e dirigida por José Luiz Villamarim, tem um atrativo a mais para os pernambucanos, já que a história é ambientada no Recife e tem talentos locais no elenco e trilha sonora.

Jesuíta Barbosa, Clarissa Pinheiro, Pedro Wagner, Joana Gatis, Mariah Teixeira, Mohana Uchôa e Mayara Millane são alguns dos atores de Pernambuco que participam da série. Outros nomes do elenco são Drica Moraes, Leandra Leal, Camila Márdila, Cássio Gabus Mendes e Vladimir Brichta.

No campo musical, o programa traz nove faixas de assinadas por artistas pernambucanos, incluindo Johnny Hooker, Otto, Nação Zumbi, Reginaldo Rossi e Dominguinhos. O Frevotron, trio formando pelo produtor DJ Dolores, o maestro Spok e o multi-instrumentista Yuri Queiroga, também marcam presença no primeiro capítulo.

Parte das cenas foi gravada nos estúdios do Projac, no Rio de Janeiro, mas não faltam paisagens pernambucanas na locações externas. Cartões-portais como o Sítio Histórico de Olinda, a Praia do Pina, o Rio Capibaribe e o Teatro de Santa Isabel estão entre os cenários, que também incluem o edifício Holiday, em Boa Viagem, o restaurante Casa de Banhos, em Brasília Teimosa, o Mercado de São José, e até uma casa de suingue em Barra de Jangada, em Jaboatão dos Guararapes.

As gravações no estado mobilizaram cerca de mil figurantes, devido a algumas cenas que envolviam muitas pessoas, como o luau em que a personagem Rose é presa por porte de drogas. Essa passagem, aliás, precisou de quatro noites para ser finalizada. Embora a produção tenha investido na compra de material local, cinco caminhões vieram do Rio de Janeiro até a capital pernambucana trazendo equipamentos de cenografia e iluminação, figurino e outros itens.

Além da trama ambientada fora do tradicional eixo Rio-São Paulo, o programa inclui outro diferencial, na narrativa: os capítulos são divididos entre os quatro personagens principais, enfocando, a cada dia, a trajetória de um dos protagonistas.

Antes da estreia, hoje à noite, a emissora já liberou os quatro episódios desta semana para os assinantes do serviço de streaming Globo Play. A partir da próxima segunda, os capítulos da série também serão disponibilizados mais cedo na plataforma, seguindo o dia de exibição.

OS PROTAGONISTAS
Ex-presidiários, os personagens centrais de Justiça foram detidos na mesma data e cumprem pena de sete anos de prisão. Após o período de reclusão, eles saem em busca de diferentes objetivos de vida.

Vicente, Fátima, Rose e Maurício são os protagonistas da série. Fotos: Globo/Divulgação
Vicente, Fátima, Rose e Maurício são os protagonistas da série. Fotos: Globo/Divulgação


Vicente
(Jesuíta Barbosa)
O ator pernambucano interpreta um jovem rico que assassinou a noiva, Isabela (Marina Ruy Barbosa), após flagrá-la com o ex-namorado. A mãe dela, Elisa (Débora Bloch), acredita que a única forma de equilibrar a balança é tirando a vida de Vicente, que busca o perdão pelo crime.

Fátima (Adriana Esteves)
Depois de ter seu filho mordido por um cachorro da vizinhança, Fátima acaba matando o bicho. O vizinho Douglas (Enrique Diaz), dono do animal, é policial militar e, para se vingar, planta drogas na casa dela, que vai presa por tráfico e vê a família se dispersar enquanto está atrás das grades.

Rose
(Jéssica Ellen)
Vítima de preconceito, Rose é presa em uma festa: a polícia vai ao local por conta de uma confusão e acaba prendendo a jovem negra, que estava portando drogas que seriam consumidas pelos amigos. Ao recuperar a liberdade, tenta ajudar a melhor amiga a se vingar de um estuprador.

Maurício
(Cauã Reymond)
Devastado pelo fato de sua esposa, a bailarina Beatriz (Marjorie Estiano), estar tetraplégica, Maurício cede ao desejo dela de querer morrer e pratica eutanásia. Preso por isso, ele sai querendo se vingar de Antenor (Antonio Calloni), o responsável
pelo atropelamento.

POLÊMICAS

A minissérie promete grande carga emocional ao longo de 20 episódios, abordando assuntos delicados, além de discutir questões morais e diferentes noções de justiça

Eutanásia
Apesar de proibido pela legislação, o ato não é mencionado no Código Penal e é enquadrado como crime de homicídio. Uma mudança no texto transita no Senado desde 2012, propondo penas específicas para quem matar alguém com a intenção de abreviar a dor por conta de doença grave. Essa é uma das questões que envolvem os conflitos do personagem Maurício (Cauã Reymond).

Estupro

Um dos núcleos da minissérie é diretamente afetado por causa de um estuprador. “Vai levantar discussão. Quando for ao ar, é importante que se discutam novamente questões como o motivo pelo qual se alimenta a cultura do estupro”, diz o garanhuense Pedro Wagner, que interpreta Osvaldo, o responsável pelo crime sexual.

Crime passional
As leis aplicadas no Brasil Colônia asseguravam ao marido o direito de matar a mulher flagrada em adultério. A legislação avançou, mas a violência contra o sexo feminino ainda é realidade. A ficção que envolve a história de Vicente (Jesuíta Barbosa) é realidade para um grande número de vítimas: são 4,8 homicídios para cada 100 mil mulheres brasileiras, a quinta maior taxa do mundo.

Sistema judiciário
Erros e injustiças do sistema judiciário perpassam a trama. A personagem de Adriana Esteves (Fátima) é presa indevidamente por conta de provas plantadas na residência e a de Jéssica Ellen (Rose) acaba sendo incriminada por ser negra e pobre. Segundo dados divulgados em abril pelo Departamento Penitenciário Nacional, do Ministério da Justiça, 61,6% dos 622 mil presos do país são negros.

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