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Música Cantora Céu lança novo disco e diz querer parceria com Lira e Karina Buhr Tropix é o quarto álbum de estúdio da paulista e foi produzido por Pupillo, da Nação Zumbi

Por: Fellipe Torres - Diario de Pernambuco

Por: Pedro Siqueira - Diario de Pernambuco

Publicado em: 25/03/2016 10:00 Atualizado em: 24/03/2016 18:02


Recife, por enquanto, está fora da turnê de Tropix. Foto: Divulgação
Recife, por enquanto, está fora da turnê de Tropix. Foto: Divulgação

Desde o momento em que o primeiro lampejo da brilhante carreira da paulista Maria do Céu refletiu no Brasil, há pouco mais de uma década, sabíamos se tratar de uma cantora fora do comum. O caráter experimental do disco de estreia, Céu (2005), demonstrava não uma artista em busca de identidade própria, mas uma compositora e intérprete plural, talentosa e disposta a experimentar.

Estavam ali o vigor pop de hits como Lenda e Malemolência, mas também influências de sonoridades africanas, um cover comovente de Bob Marley, além de sambas contagiantes, baladas despretensiosas e marcantes. Reconhecida antes no exterior, Céu “aconteceu” no Brasil quando já era grande o suficiente para se sentir limitada pelo rótulo inapropriado de “nova voz da MPB”. A chama do  experimentalismo se manteve acesa nos dois discos seguintes, em projetos  e, agora, ganha proporções incendiárias com o lançamento de Tropix.

O quarto álbum da cantora traz um frescor autoral à carreira de Céu, com as bases repletas de sons eletrônicos, ao mesmo tempo em que mantém marcas da artista, como a voz suave e firme, as letras originais, o afeto traduzido nas canções. Produzido em parceria com Pupillo, baterista da Nação Zumbi e seu marido, Tropix é ora dançante e tropical (como o próprio título sugere), ora contido, mais “downtempo”, a ponto de remeter ao trip-hop de grupos como Air e Massive Attack. Das 12 faixas, apenas duas não foram assinadas por Céu: A nave vai (de Jorge Du Peixe, também integrante da Nação), e Chico Buarques' song, da banda Fellini.


A primeira música de trabalho, que abre o álbum, Perfume do invisível, evoca imagens poéticas e intimistas para dar boas vindas ao universo sonoro (re)criado pela cantora (No dia em que eu me tornei invisível/ Passei um café preto ao teu lado/ Fumei desajustado um cigarro/ Vesti a sua camiseta ao contrário/ Aguei as plantas que ali secavam/Por isso um cheiro impregnava/ O seu juízo, o meu juízo/ Invisível e o mundo ao meu favor).

Entrevista >> Céu

Tropix, o disco novo, é bem diferente dos seus trabalhos anteriores. Traz uma sonoridade mais eletrônica, quase trip hop, como foi o processo de composição?

Esse disco é fruto de uma época em que eu estava escutando muito um tipo de música dura, mecânica, quase robótica. Eu sempre usei batidas eletrônicas, mas agora quis focar nisso. O próprio nome reflete isso. Tropix é, ao mesmo tempo, tropical e pixel.

No intervalo de quatro anos entre o último disco e agora, você saiu em turnê tocando o disco Catch a fire, de Bob Marley. Como foi essa experiência e ela influenciou de alguma forma o novo trabalho?
Foi uma coisa mágica porque inicialmente seria só um show, mas a reação do público foi tão boa que acabou virando turnê. Estes shows me trouxeram muitos fãs que na época não conheciam meu trabalho, acho que foi a maior recompensa.

Você lançou o disco primeiro no Spotify, e só agora ele chega em CD e vinil. Você ainda acredita nesses formatos?

Eu penso que no futuro, tudo vai ser, ao mesmo tempo, digital e analógico. Há espaço para as duas coisas. Tem os que preferem a facilidade do streaming, mas também sempre vai ter quem preze o vinil pela qualidade do som, pela arte. Posso estar errada, mas a única mídia que acho que está perto do fim é o CD.



No disco, há uma canção assinada por Jorge du Peixe, da Nação Zumbi. Como foi essa parceria?

Já conhecia o Jorge de outros tempos, inclusiva gravei outras músicas dele. Sempre tive uma relação muito boa com a Nação Zumbi, e Jorge é uma pessoa incrível, um grande poeta.

Com quais compositores você ainda deseja fazer parceria?
Tem tanta gente boa por aí. Nesse disco eu gravei uma música do Dinho, do Boogarins. Mas a lista é grande, gosto muito do Lira, da Karina Buhr...

No ano passado, Elza Soares e Gal Costa, que são influencias suas, lançaram discos com compositores da nova geração da MPB. Você sente que, após vocês se inspirar nelas, agora é a vez delas se inspirarem em vocês?
Acho que todo grande artista, em determinado ponto, precisa ficar antenado com o que está acontecendo de novidade. Isso é natural. Eu amo Elza, e Gal, pra mim, é uma escola inteira. Imagine a honra de ter Gal Costa gravando uma composição minha. Eu espero, quando chegar na idade delas, também ter essa capacidade de me sintonizar com o que há de novo.

 



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