Música Maria Bethânia desculpa fã que subiu no palco em show dela no Recife: "Quem nunca?" Ela se apresenta como homenageada da turnê do Prêmio da Música Brasileira, nesta sexta-feira (04), no Classic Hall

Por: Larissa Lins - Diario de Pernambuco

Publicado em: 03/12/2015 20:04 Atualizado em: 03/12/2015 21:19

Maria Bethânia sobe ao palco do Classic Hall como homenageada do Prêmio da Música. Foto: Edy Fernandes/Divulgação
Maria Bethânia sobe ao palco do Classic Hall como homenageada do Prêmio da Música. Foto: Edy Fernandes/Divulgação

Dois meses após o último show na capital pernambucana (da turnê Abraçar e agradecer), Maria Bethânia volta ao Recife como homenageada do 26º Prêmio da Música Brasileira. O show desta sexta-feira (04), no Classic Hall, é o último do circuito iniciado em junho, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. O prêmio homenageia os 50 anos de carreira de Bethânia, com participação de Camila Pitanga, João Bosco, Zélia Duncan, Arlindo Cruz, Chico César e Lenine. O pernambucano confirmou participação dois dias antes do espetáculo, quando o público esperava sua anunciada ausência, devido a choques com a turnê do disco Carbono. “O bom filho em sua casa canta”, anunciou a organização do evento nas redes sociais, na última quarta-feira.

Em entrevista ao Viver, Bethânia comentou a homenagem, fez um balanço dos últimos meses - quando o Prêmio da Música Brasileira circulou pelo Rio Grande do Sul, por Minas Gerais e por Brasília, além da cerimônia no Rio - e elogiou a montagem de José Maurício Machline, diretor do espetáculo. Bethânia falou ainda sobre episódio de sua última passagem pelo Recife, quando um fã subiu ao palco e foi convidado por ela a se retirar. “Ele queria graça. O palco é sagrado, mas não é somente isso. Ele subiu, eu agradeci, mas ele queria que eu dançasse com ele. Achei que não seria elegante. Passou do ponto”, declarou.

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Você mescla compositores e intérpretes de diferentes gerações da MPB. Qual a importância dessa renovação?

As seis canções que eu canto são escolha dele. Gosto de misturar gerações, isso eu sempre fiz. As canções são predileções dele. Ele entendeu essa minha coisa de misturar gerações. Ele montou um espetáculo muito bonito, captou o que eu faço. Eu sempre mistura diferentes gerações, vozes. Tudo o que me comove.

A MPB tem menos revelações duradouras despontando, dizem alguns. Sente isso? Como descobre novos talentos na música brasileira?

Fico quieta em casa e as pessoas sugerem. Eu ouço rádio e as pessoas sugerem. As pessoas mostram músicas, cantarolam perto de mim e eu pergunto o que é. Lenine cantarolou algo perto de mim, dia desses, e eu gostei. Perguntei o que era. E ele me apresentou alguém. Disse que aquilo era do Boi do Maranhão. Isso acontece muito. E ouço tudo o que me apresentam, tudo o que me enviam.

Algum nome da música pernambucana atual que você gostaria de destacar? Por que?
Acabei de citar o nome dele. Lenine. O cara é extraordinário. Mas aí [em Pernambuco] não faltam talentos, gente incrível. Vocês têm artistas incríveis, cultura demais. Vocês mantêm tudo o que é sagrado para vocês, e isso me comove.

Sente falta de mais prêmios e festivais dedicados à música brasileira? Acha que os festivais de antigamente ajudavam a valorizar novos talentos, manter viva e ativa a MPB?
Acho que esse prêmio é o único atual. Muito bom, bem bolado. Quanto aos festivais, só fiz um festival uma vez. Chico, Fafá e eu. Acho que no Projeto Pixinguinha. Fiz esse e nenhum outro mais. Mas a MPB tem tal força e tal beleza que tem o lugar dela e ninguém tira. Independente de festivais. Eu, na verdade, não gosto de nada estabelecido, engessado. Parace até um secretariado político. Prefiro tudo livre. Em praças, ruas ou teatros sofisticados. Acho que tudo vale. A rua é linda, adoro cantar na rua como no Teatro Municipal, como no Guararapes, como na Feira de Santo Amaro.

Você acha que os artistas deveriam ocupar mais as ruas e os espaços públicos?
Acho que já ocupam bastante. Confesso que eu trabalho tanto, que fico tão ocupada com meu trabalho e tenho pouco tempo para observar o que está acontecendo. Mas acho que muitos artistas têm se apresentado nas ruas. Esses rapazes que montam superestruturas em espaços públicos. No geral, estamos bem. Está tudo bem, mesmo que sempre possa melhorar.

Há uma receita para manter-se há 50 anos nos palcos? O segredo está mais na renovação constante ou em manter-se fiel aos objetivos do princípio da carreira?

No princípio da carreira, eu era muito menina, tinha 17 anos. Era muito solta, não tinha esses planos tão definidos. Mas entendi que aquilo era o que eu queria. Entendi que Deus estava me dando essa oportunidade, esse dom. Meus pais compreenderam, assustados, mas compreenderam. E isso eu compreendi e abracei com prazer. Deus me deu voz, inteligência e sentimento para expressar. Não tem receita. Tem muita seriedade e muito prazer. Sem prazer não vale nada. Se não tiver prazer, fica tudo muito pesado. Não se consegue fazer.

Recife é a última capital a receber a turnê do prêmio. Qual o balanço final?
Uma beleza. Uma coisa realmente comovente. Nunca pensei. A ideia do Zé Mauricio, os músicos, o maestro. Tudo muito tocante, uma coisa linda. O público reúne pessoas dos 12 aos 100 anos. Nunca imaginei. É uma homenagem inesquecível. 

Algum momento foi mais emocionante? Marcou essa turnê?

Eles carregam com tanta alegria. Eles parecem crianças nos bastidores, é muito divertido, muito animado. O repertório bonito, tudo muito lindo.

Algum momento marcante no Recife, do qual se lembre em detalhes?
Recife tem uma importância muito grande na minha carreira. Eu gosto das pessoas, da cidade, tem um elo forte entre o Recife e eu.

No último show no Recife, você pediu que um fã, que havia subido ao palco, descesse. O palco é um espaço sagrado para você?
Eu brinquei com ele, agradeci o carinho, mas ele queria graça. O palco é sagrado, mas não é somente isso. Ele subiu, eu agradeci, mas ele queria que eu dançasse com ele. Achei que não seria elegante. (risos) Eu não sou da idade dele. Então eu disse: “Tenho idade para te educar, desça!” (risos) Mas, a princípio, estava brincando com ele. É que ele passou do ponto. Mas quem nunca? Tudo bem. Todos já passamos do ponto em algum momento. Não estou reclamando. Só explicando.

Quais os próximos passos da carreira? Algum plano já em andamento?
Não, não. Tem muita coisa até o carnaval. Deixa eu descansar um pouco, deixa esvaziar.

SERVIÇO
26º Prêmio da Música Popular Brasileira

Quando: Hoje, às 22h (abertura dos portões às 20h)
Onde: Classic Hall (Complexo de Salgadinho - Av. Agamenon Magalhães, s/n - Salgadinho, Olinda)
Quanto: R$ 210 (inteira camarote pisos 2 e 3) e R$ 230 (inteira camarote piso 1)
Informações: 3207-7500

Os convidados especiais incluem, ainda, o pernambucano Lenine. Foto: Edy Fernandes/Divulgação
Os convidados especiais incluem, ainda, o pernambucano Lenine. Foto: Edy Fernandes/Divulgação


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