Teatro Luis Miranda provoca reflexões sobre questões atuais em espetáculo Ator se apresenta com 7 conto - a comédia, neste domingo, no Teatro Boa Vista

Por: Viver/Diario - Diario de Pernambuco

Publicado em: 13/12/2015 16:56 Atualizado em:

Foto: Middia Assessoria/Divulgação (Foto: Middia Assessoria/Divulgação)
Foto: Middia Assessoria/Divulgação


Para Luís Miranda, os palcos são "exercícios" de liberdade de expressão. É lá onde o ator provoca reflexões no público, tudo equilibrado com leveza cômica. Em 7 conto - a comédia, espetáculo que volta ao Recife neste domingo, ele comenta assuntos da atualidade. Com direção da atriz Ingrid Guimarães, a peça celebra 10 anos de sucesso sem perder a contemporaneidade. Impeachment, #foraCunha e vírus da zika são alguns dos temas abordados.

O espetáculo centraliza nas diferenças do país através de sete personagens: Queixada, Dona Edite, Caroline, MC Dollar, Detona, Sheila e Vovó Arminda, todos criações do ator. De acordo com Luis, o espetáculo foi aprovado em edital do Ministério da Cultura para um projeto de série. Serão desenvolvidos oito episódios inicialmente. Ainda não há detalhes de estreia ou canal de exibição. Por enquanto, Luís segue no elenco de Mr Braun, um das novidades do ano da televisão, e no Zorra. 7 conto será apresentada no Teatro Boa Vista, a partir das 19h30, com ingressos R$ 70 (inteira) e R$ 35 (meia).

Você acredita que o humor precisa ter função política?
A primeira coisa que o humor precisa é ser íntegro. Não dá para brincar com tudo. Alguns temas têm que ser tratado com consciência. Quem é artista e observa o mundo atual sabe como é complicado o uso da palavra. Não tem como dizer que fulano roubou sem provas. O humor ficou pasterizado. Vejo muitos programas e humoristas fazendo críticas nocivas às minorias. Temos que ter referência com a escola americana, que começou mais tempo a trabalhar com stand-up comedy. A gente está engatinhando nisso. A gente faz o humor rançoso, sem qualidade.

Acha que o stand-up comedy fortaleceu essa "comédia pasterizada"?
Tem gente que pega um microfone e muitas vezes faz cópias descaradas. Somos um país sem ética. São coisas copiadas e  fazem sucesso com isso. A gente está com povo apático politicamente e intelectualmente. Essa apatia gera um grande fraude de humor. Tem gente que lota milhões de casa fazendo uma bobagem. Só porque é “ácido”, mas ácido é uma outra coisa. Eu procuro fazer algo com minha autocrítico.

Mister Brau mudou a forma como o negro é retratado na televisão brasileira...
Mister Brau é o tipo do programa que nunca foi feito no Brasil colocando negro numa posição de igual. Não pejorativa ou de deboche, ou de subserviente. São artistas incríveis que debocham do preconceito que sofre e levam para a TV um humor saudável. Não é a crítica em relação ao poder ou à política... Fala sobre a sociedade que se vê. Isso está para a TV brasileira de maneira tranquila, sem fazer discurso raivoso. Aliás, nem tem discurso. E tem sido aceito por todo mundo, pela intelectualidade e popularidade, independentemente de raça e de cor.

O que acha dos artistas que expõem sua posição política? Como você enxerga as reações da população diante do momento político atual brasileiro?

Acho perfeito. Eu sou contra o impeachment, porque eu estou consciente das mudanças que houve no Brasil.  A sociedade não propõe debate para discutir. Mariana aconteceu e o foco do Brasil é outro, é a bunda de fulano... Acho que a globalização minou a consciência nacional. Fez com que o mundo parecesse muito vizinho. Ninguém para para discutir seu quintal. A discussão da ONU sobre o clima e a tragédia de Mariana não surtiram efeito na população. As pessoas não se preocupam com o mundo. Preocupam-se com a economia. Isso se chama educação. O problema é educação, conhecimento...

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