Petróleo cru

Dinheiro para tragédia do óleo no NE depende de decreto de emergência

Publicado em: 22/10/2019 17:46 | Atualizado em: 22/10/2019 18:04

O governador Paulo Câmara se reuniu com o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto. (Foto: Peu Ricardo/DP.)
O governador Paulo Câmara se reuniu com o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto. (Foto: Peu Ricardo/DP.)

O Governo Federal só irá liberar dinheiro para ajudar na tragédia do petróleo cru no litoral do Nordeste caso os estados decretem situação de emergência. Essa foi a afirmação do ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, após reunião na tarde desta terça-feira (22) com o governador de Pernambuco, Paulo Câmara. Mas Canuto ponderou que há outros meios de se por dinheiro no caso, como por meio dos trabalhos da Marinha e da Petrobras ou por repasse de verba para ações de prevenção das Defesas Civis.

“O Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) só pode repassar recursos se for decretada a situação de emergência. Mas o Governo Federal já está agindo. A Marinha tem mais de 1.580 homens trabalhando na Operação Amazônia Azul, temos também mais de 1.800 colaboradores contratados pela Petrobras, com recurso federal, para limpar as praias, e 74 servidores do Ibama. É um contingente de mais de 3 mil pessoas”, contemporiza Canuto.
Há três formas do dinheiro ser aplicado na tragédia. A primeira é o repasse direto, condicionado ao decreto de emergência. A segunda é o indireto, que vem por meio dos trabalhos da Petrobras e da Marinha, custeados pela União. E a terceira é a colocação de recursos para ações de prevenção das Defesas Civis estaduais, que independem de decretação. “Se discute muito financiamento, mas isso não interessa. Interessa descobrir soluções para os problemas e efetivar as ações”, acrescenta.

Segundo Canuto, o repasse para ações de prevenção é uma possibilidade mais real que o repasse direto e deu um exemplo prático: aplicação de recursos para compra de bóias de contenção para proteger estuários. “Ontem (segunda, 21), Rui Costa (governador da Bahia) mostrou-se preocupado com a contaminação de seis estuários por lá. Aqui em Pernambuco se utilizaram barreiras. Uma primeira análise mostrou que não eram tão efetivas, mas aqui em PE tivemos boas respostas que a gente quer replicar”, aponta. Vale mencionar que isso vai de encontro ao Ibama, que manifestou não ver eficácia na medida em coletiva realizada no último domingo (20). 

Já foram removidas 257 toneladas de petróleo cru das praias pernambucanas. (Foto: Leandro de Santana/Esp. DP.)
Já foram removidas 257 toneladas de petróleo cru das praias pernambucanas. (Foto: Leandro de Santana/Esp. DP.)

Emergência ainda é dúvida
Após a conversa com Gustavo Canuto, Paulo Câmara ainda tinha dúvidas se decretava estado de emergência ou não. “É algo que precisa ter embasamento. E a falta de previsibilidade sobre esse óleo dificulta a tomada de decisão. Não descartamos, mas cabe analisar o dia a dia. O próprio ministro já nos colocou que, independente de emergência , é possível conveniar com o governo ações de prevenção. Então vamos analisar com prudência”, 

O encontro com Canuto foi mais proveitoso que a reunião do Governo de Pernambuco com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. O estado foi representado pelo secretário estadual de Meio Ambiente, José Bertotti - Paulo Câmara não estava presente. Durante a conversa, Bertotti se irritou com Sales, que não se comprometeu de fato a atender o pedido de barreiras de contenção, cordas de absorção, sacolas, luvas, caminhão de sucção a vácuo para a contenção das manchas.

Investigação
Gustavo Canuto adiantou que a investigação sobre a origem do óleo restringiu o número de navios suspeitos. “Hoje temos 30 navios de 10 bandeiras internacionais. É um processo difícil, que envolve vários países, tem a questão do óleo que não é rastreável por estar submerso. Nunca um desastre com óleo no mar envolveu petróleo bruto, mas estamos tentando evoluir (na apuração)”, afirma.
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