Violência Sete adolescentes mortos durante rebelião na Funase de Caruaru Uma das vítimas foi decapitada, enquanto as demais morreram carbonizadas por um incêndio provocado pelos internos, que atearam fogo aos colchões

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 31/10/2016 08:07 Atualizado em: 31/10/2016 13:38

Terminou com sete adolescentes mortos uma rebelião registrada na noite deste domingo na Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) de Caruaru, Agreste de Pernambuco. Uma das vítimas foi decapitada, enquanto as demais morreram carbonizadas por um incêndio provocado pelos internos, que ateram fogo aos colchões. Os corpos foram encaminhados ao Instituto de Medicina Legal (IML) de Caruaru e a situação foi controlada. Ainda não há informações oficiais sobre a causa da rebelião na unidade, que tem capacidade para atender 90 adolescentes, mas atualmente abriga 160.

A Funase abriu uma sindicância e divulgou uma nota oficial sobre o caso. Confira o documento na íntegra:

Na noite deste domingo (30/10), ocorreu uma rebelião no Case (Centro de Atendimento Socioeducativo) de Caruaru. Sete jovens (todos menores de 18 anos) morreram. Seis deles morreram queimados e um morreu mutilado. Brigas entre grupos rivais causaram a rebelião e as mortes. As vítimas estavam nos alojamentos 1,2 e 4, que foram invadidos pelos agressores.
Os adolescentes queimaram colchões e causaram destruição de móveis e objetos da unidade. Quatro ficaram levemente feridos e foram levados a unidades de saúde para curativos.
A rebelião foi controlada pela Polícia Militar na madrugada desta segunda-feira (31/10). Os bombeiros controlaram as chamas.
A Funase não revela as identidades dos jovens mortos, nem dos feridos, por uma questão de segurança das famílias tanto das vítimas, quanto dos agressores.
A Funase está identificando os adolescentes acusados pelas mortes e pelos danos ao patrimônio. Eles serão conduzidos à Delegacia de Caruaru, que dará início às investigações sobre os homicídios.
O Case de Caruaru tem capacidade para 90 adolescentes. Antes da rebelião, estava com 160 jovens.
A situação já está controlada. Os demais internos permanecem na unidade em clima de normalidade.
A Corregedoria da Funase vai abrir sindicância para apurar a rebelião. A sindicância tem prazo de 20 dias para ser concluída. Esse prazo pode ser prorrogado por mais 20 dias.
As famílias das vítimas e dos feridos estão recebendo toda assistência da Funase, inclusive com auxílio de um psicólogo. A equipe técnica da Funase também está auxiliando as famílias dos envolvidos na rebelião.

Outros casos - Na terça-feira passada, uma rebelião registrada na unidade da Funase de Timbaúba, Zona da Mata Norte de Pernambuco, deixou quatro adolescentes mortos. Durante a rebelião, os internos queimaram móveis e colchões. O prédio foi danificado. O Corpo de Bombeiros foi acionado para apagar o incêndio. No mesmo dia, o governador Paulo Câmara exonerou o assessor técnico do Centro de Atendimento, Jaime Santos da Silva. Em seu lugar, assumiu Ana Lúcia Gusmão Brindeiro. Uma sindicância foi instaurada para investigar o caso. A Corregedoria deu um prazo de 20 dias para a apuração ser concluída, podendo ser prorrogada por mais 20 dias. Dezesseis adolescentes acusados pelos homicídios e danos ao patrimônio foram conduzidos à Delegacia de Timbaúba.

No início de setembro deste ano, o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Pernambuco (Ceaca/PE) deu um prazo de 30 dias para que o governo do estado elabore um plano para aprentar um plano para resolver a superlotação da unidade da Funase em Abreu e Lima. A mesma medida deverá ser solicitada em relação às unidades da fundação instaladas nos municípios do Cabo de Santo Agostinho e Caruaru.

Com capacidade para receber 98 adolescentes, a Funase de Abreu e Lima abrigava 285 pessoas, em levantamento feito no final do ano passado. Este ano, dois internos foram brutalmente assassinados no local durante brigas entre socioeducandos. No dia 20 de agosto deste ano, um interno do local foi espancado até a morte. O crime aconteceu no pátio do Centro de Ressocialização. A vítima foi identificada apenas como Carlos André.  Em nota à imprensa, a Funase disse que houve um tumulto no Centro de Atendimento Socioeducativo e o adolescente teria sido morto durante uma briga entre grupos rivais dentro da unidade.

Menos de um mês antes, no dia 25 de julho, um jovem morreu e outros dois ficaram feridos em um tumulto no Centro de Atendimento de Abreu e Lima. Uma briga entre rivais no Pavilhão 9 teminou com um jovem morto a pedradas. Um dos feridos foi atingido por golpes de faca artesanal e outro teve as pernas quebradas durante a agressão.



 



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