Acima do previsto Chuvas voltam a castigar o Recife e população sofre com alagamentos Ao contrário das chuvas de abril, com ventos fortes que derrubaram uma grande quantidade de árvores, o temporal de hoje registrou o maior acumulado de chuva nas últimas 24h

Por: Augusto Freitas

Publicado em: 30/05/2016 16:02 Atualizado em: 30/05/2016 16:12

Avenida Sul apresentou os mesmo problemas de escoamento de água e ficou muito alagada. Foto: Augusto Freitas/DP
Avenida Sul apresentou os mesmo problemas de escoamento de água e ficou muito alagada. Foto: Augusto Freitas/DP

Quase um mês após o último temporal que castigou o Recife, o excesso de chuvas que caiu a partir da madrugada desta segunda-feira e entrou pela manhã, acima do previsto pela Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), voltou a causar transtornos na Região Metropolitana do Recife (RMR). Na capital pernambucana, a manhã de hoje foi de caos, medo e muitos prejuízos, a começar pela população, que mal pode sair de casa para ir ao trabalho.

Ao contrário das chuvas de abril, com ventos fortes que derrubaram uma grande quantidade de árvores em vários pontos da cidade, o temporal de hoje registrou o maior acumulado de chuva nas últimas 24h. Quem tentou sair de casa para começar a semana trabalhando, levando os filhos ao colégio, cumprindo compromissos ou outras atividades, se deparou com um cenário assustador, com ruas e avenidas completamente alagadas, em uma repetição do que já ocorre nos últimos anos. Aulas foram suspensas em escolas públicas e particulares, repartições públicas suspenderam o expediente e o comércio sentiu os prejuízos, com várias lojas fechadas em pontos distintos da cidade.

Segundo a Apac, essa é a primeira vez no ano que o Recife tem o maior acumulado de chuvas, superando os demais municípios da RMR. No posto de monitoramento do Porto do Recife, foi a maior chuva do mês e das 8h40 de ontem às 8h40 de hoje foram 216 mm, o equivalente a 65% dos 329 mm previstos para todo o mês de maio.

A reportagem do Diario foi às ruas para avaliar onde os alagamentos foram mais intensos e constatou que ficou difícil encontrar uma rota segura de deslocamento. Por onde as pessoas tentavam passar, havia muita água. O bairro de Santo Amaro foi um dos que sentiu a força das chuvas que começou durante a madrugada. No trecho entre o cruzamento das avenidas Cruz Cabugá, principal da localidade, e Mário Melo, até a Avenida Norte Miguel Arraes de Alencar, passando por ruas transversais e paralelas, praticamente todos os acessos estavam inundados.

Avenida Mascarenhas de Morais, ma Imbiribeira, registrou inúmeros pontos de inundações nas chuvas de hoje. Foto: Augusto Freitas/DP
Avenida Mascarenhas de Morais, ma Imbiribeira, registrou inúmeros pontos de inundações nas chuvas de hoje. Foto: Augusto Freitas/DP

Na Madalena e na Torre, outros bairros com pontos constantes de enchentes, o cenário também era desolador, com a águas invadindo casas, clínicas, pontos de comércio e deixando as ruas sem visibilidade. O Túnel da Abolição, localizado na Rua João Ivo da Silva, não apresentou inundação desta vez. Os carros passavam sem nenhum problema, numa prova de que o sistema de drenagem estava em boas condições. No entanto, fora dele, a situação era outra. Na Rua Hercílio Cunha, logo após o túnel, três carros não suportaram a força das águas, que subiu rápido, e foram arrastados. A água represada não conseguia chegar ao canal da localidade, com uma das paredes do túnel sendo um obstáculo para o escoamento.  

Seguindo em direção à Zona Sul, a reportagem passou pelo cruzamento da Avenida Abdias de Carvalho, totalmente engarrafada por conta dos alagamentos, e Estrada dos Remédios. No trecho do pontilhão da linha do Metrô, sentido Afogados/Imbiribeira, na Rua Santos Araújo, também havia pontos de alagamento, com os veículos de passeio, ônibus e caminhões passando pelo meio da via.

Na Avenida Mascarenhas de Morais, vários pontos inundados atrapalharam tanto quem se dirigia no sentido Aeroporto quanto na faixa contrária, buscando chegar em Afogados. Na altura da faculdade Universo, as duas faixas da avenida estavam praticamente paradas. Em alguns trechos, os carros desistiam de passar e somente ônibus conseguiam seguir em frente. Vários motoristas se arriscaram realizando manobras na contramão ou estacionando os veículos no canteiro que divide as duas faixas da avenida.

A Avenida Sul, outro conhecido trecho que enfrenta sérios problemas de escoamento de água, amanheceu tomada pela água. Os principais pontos de alagamento e congestionamento foram antes do viaduto próximo à Estação de Metrô Joana Bezerra até a entrada da comunidade do Coque. Muitas pessoas que se arriscaram andar pela via estavam com a água nos joelhos. Mulheres com crianças nos braços também se arriscaram na saída do Coque. Muitos carros não conseguiram passar pelos trechos mais alagados e tiveram de ser empurrados por adolescentes que tentavam ganhar algum dinheiro. Na Rua Imperial, somente os veículos de grande porte conseguiam enfrentar as águas e passar com menos dificuldade.

Centro
O Centro do Recife talvez tenha apresentado um dia recorde de acúmulo de água. Na Estação Central do Metrô, na Rua Floriano Peixoto, o movimento de usuários pareceu normal diante de um dia com bastante chuva. Mas a razão, além de milhares de trabalhadores que preferiram ficar em casa, foi o acesso. A maior parte da Rua Floriano Peixoto e outras do entorno, a exemplo da Concórdia e do Peixoto, estavam completamente inundadas.

Dois pontos críticos chamaram atenção para quem tentou se deslocar por esta localidade: o cruzamento da rua do Peixoto com a Concórdia e a Avenida Dantas Barreto, praticamente intransitáveis. Até mesmo os ônibus passavam com dificuldade. A Praça Sérgio Loreto, conhecida por concentrar a sede do bloco Galo da Madrugada, estava completamente alagada. As avenidas Dantas Barreto e Guararapes, que diariamente concentram um número grande de linhas de ônibus, táxis e pessoas, estavam com pouco movimento durante a manhã. 



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