Pelo menos mais dois incidentes envolvendo motoristas de táxi e do Uber foran registrados no Recife. Pelas redes sociais, passageiros denunciaram que taxistas os impediram de entrar em veículos solicitados por meio do aplicativo. Na madrugada do sábado, a estudante Evelyn Rodrigues tentava embarcar no carro do Uber no Bairro do Recife, quando o veículo foi "trancado" por taxistas que, segundo a usuária, gritaram, fizeram fotos, vídeos e ameaças e riscaram o carro. A polícia e a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) enviaram equipes ao local. A estudante se queixa de que os agentes foram rebocar o carro e a orientaram a voltar com os taxistas que ainda teriam sido hostis.

"O que foi resolvido? Rebocaram o carro do UBER, nós que estávamos dependendo daquele meio de transporte para chegar em casa tivemos que ouvir "lisa, volta volta de bacurau então se não tem dinheiro! (...) Se essa tentativa foi de trazer novamente os 'clientes', eu lamento em dizer que não está dando certo. Porque se antes eu já evitava andar de táxi agora que eu não entro mesmo em um. Não quero generalizar, não são todos os taxistas que agem assim, mas os que tive que enfrentar na madrugada do sábado, não foi brincadeira", relatou a usuária em postagem no Facebook que teve mais de oito mil compartilhamentos.

O outro caso aconteceu na manhã do sábado, quando a usuária Gabriela Alves voltava para casa com o namorado e uma amiga após um evento na casa de show Estelita Bar. Quando o carro do Uber chegou também foi cercado por vários táxis, de onde os motoristas alegavam que o serviço era ilegal e que o veículo estaria em situação irregular. "Saímos do carro para conversar e fomos tratados de forma truculenta, violenta e desrespeitosa! Um dos taxistas me pegou pelo braço e colocou o dedo na minha cara dizendo: 'Você não sabe com quem está falando!' Isso sem eu ter feito nada! Quando fui para a calçada outro taxista acelerou o carro pra cima de mim, freiando em cima, como forma de ameaça. Minha amiga foi tratada desrespeitosamente por um taxista que a chamou de "P******" e disse que no carnaval precisávamos deles", denunciou também em sua conta no Facebook.

Gabriela contou ainda que ligou diversas vezes para a polícia, que não compareceu ao local. Após horas de ameaça, segundo a usuária, os taxistas só liberaram a via pública quando não havia mais ninguém no carro do Uber, que pôde deixar o local.Na delegacia, as vítimas foram orientadas a prestar queixa nesta segunda-feira.

Os episódios refletem o clima nada amistoso vivido entre os motoristas de táxi e do aplicativo, na capital pernambucana. Os cerca de sete mil taxistas cadastrados na Prefeitura do Recife (PCR) estão se mobilizando para barrar a utilização pela população do Uber, que começou a operar no dia três de março no Recife, a sétima capital brasileira e oitava cidade do Brasil a receber a ferramenta. Ontem, os taxistas fizeram um protesto em frente à casa do prefeito Geraldo Julio. A entrada da plataforma começou com a categoria mais básica, que a Uber X, formada por carros populares e, consequentemente, mais barata. A chamada custa R$ 2,50, o quilômetro sai por R$ 1,15 e o minuto, R$ 0,17.

Primeiro caso no Recife
Na noite do dia 20 de março, uma universitária e uma instrutora de ensino viveram momentos de medo e tensão dentro de um veículo que atende pelo aplicativo. Por volta das 21h, as usuárias acionaram o aplicativo na lanchonete McDonald's da Avenida 17 de Agosto, em Casa Forte. Menos de 100 metros após iniciada a viagem, segundo elas, um táxi encurralou o veículo fazendo o motorista passar por dentro do posto vizinho à lanchonete. Em seguida, outros dois carros se aproximaram, impedindo a saída por todos os lados. "Quando o motorista parou de tentar sair, os taxistas que começaram a chegar no posto para ajudar os outros. Mandaram a gente sair do carro e ficaram tentando abrir as portas. Ligamos para a policia e esperamos até a viatura chegar. Enquanto estávamos sendo ouvidos pelos policiais, os dois taxistas que mais ameaçaram a gente acabaram fugindo do local, um deles inclusive saiu deixando o táxi lá", contou uma das passageiras.

O caso foi levado para a Central de Plantões, na Avenida Agamenom Magalhães. As passageiras prestaram queixa e, algumas horas depois, o proprietário do táxi envolvido na ocorrência chegou e alegou que o motorista suspeito estaria trabalhando não seria o envolvido na confusão. "Ele fez isso limpando a 'barra' do homem que nos ameaçou e constrangeu. Fizemos o b.o. (boletim de ocorrência) e estamos esperando sermos chamadas para depor na delegacia de Casa Amarela", acrescentou. Além das vítimas, todos os suspeitos também serão intimados para prestar esclarecimentos sobre o fato.