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Segurança de Goiás é exemplo para o Brasil

Ronaldo Caiado
Governador de Goiás

Publicado em: 01/02/2025 03:00 Atualizado em: 01/02/2025 05:42

Em 2017, o Brasil registrou o pico histórico de 29 crimes violentos por cem mil habitantes — e cerca de 14% de todos os assassinatos no mundo foram praticados em nosso país. Naquele contexto de violência generalizada, Goiás assumia uma posição nada honrosa. Nossa taxa de crimes violentos era maior que a média nacional, batendo 44 crimes por cem mil habitantes em 2016 – índice comparável ao de Honduras, um dos países mais violentos do mundo na época.

Seis municípios goianos estavam entre os 100 mais violentos do Brasil, e mais de 40 veículos eram roubados por dia no estado. Todo mês, cerca de duas instituições financeiras sofriam assaltos, e havia um clima de insegurança generalizada nas cidades. A situação demandava medidas enérgicas e, porque tivemos coragem de tomá-las, hoje colhemos uma queda expressiva da criminalidade em Goiás.

O número de homicídios caiu mais de 55% entre 2018 e 2024, e praticamente todos os indicadores de criminalidade apresentaram quedas acentuadas no período. Hoje, nenhum município goiano figura entre os 100 mais violentos do Brasil. Desde 2019, quando assumimos o governo, não houve um único roubo a banco, tampouco sequestro, novo cangaço ou invasão de terras.

Goiás não tem bandido dando ordens por trás das grades. Esse câncer do sistema nós cortamos pela raiz há tempos. Estabelecemos um controle rigoroso das penitenciárias, com isolamento dos líderes de facções criminosas. Seguimos uma política de tolerância zero e esse é um dos fatores que contribuíram com nossos índices exemplares.

O combate ao crime também requer uma polícia preparada e motivada. Modéstia à parte, temos o melhor e mais preparado quadro de profissionais, e os resultados comprovam minha afirmação. Para tanto, agimos em quatro dimensões: valorização profissional, melhoria da infraestrutura de segurança, estímulo à inteligência policial e, principalmente, comprometimento da nossa gestão e do governador com o combate ao crime. Goiás investiu quase R$ 17,6 bilhões em segurança pública entre 2019 e 2024. Praticamente todo o recurso oriundo do tesouro estadual. O fundo federal de segurança pública representou menos de 1% do valor investido.

Mais que preservar a vida e a ordem pública, há uma série de impactos econômicos relevantes associados a um ambiente onde as pessoas têm paz e o direito de ir e vir. Um estudo sobre o ‘custo Brasil’ em Goiás mostra que as medidas de segurança pública foram responsáveis por uma economia no setor privado da ordem de R$ 3,4 bilhões entre 2019 e 2022. Ou seja, dinheiro que era usado para a contratação de segurança privada, blindagem de carros e outros artefatos – necessários quando havia omissão do Poder Público – foi devolvido à sociedade, convertido em investimento, consumo e renda.

Hoje Goiás é o único estado do Brasil a ter um custo econômico da violência igual ao observado na média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A gigante chinesa WeiChai deixou o México para se instalar em Goiás por causa da segurança. Uma indústria de utensílios domésticos saiu do Rio de Janeiro e se instalou aqui pela mesma razão. Estavam cansados de serem achacados pelas facções. Este diferencial passou a ser decisivo nas conversas com investidores. Hoje só dois negócios não prosperam aqui: segurança privada e blindagem de carros. No estado mais seguro do Brasil, bandido não se cria, e a economia avança.

Enquanto Goiás prospera, o Brasil experimenta mais um capítulo amargo de uma gestão que não sabe, ou não quer, enfrentar o problema de frente. A recente PEC da Segurança Pública aparece como uma cortina de fumaça que mostra o quanto a União está desconectada com a realidade da violência no país. Soa muito mais como a tentativa de centralizar poder do que de atuar no combate às facções criminosas que, infelizmente, tomam conta da maioria do território nacional.

Essa PEC não é a solução que os brasileiros esperam para a violência. Pior que isso: ela invade as competências dos estados e escancara a indisposição do governo federal em combater a criminalidade. Sem estratégia, integração, inteligência e investimentos, não há vitória. Goiás está à disposição para compartilhar a receita de seu sucesso, e que possa ser replicada por todo território nacional.

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