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A cabeça de nossa população

Alexandre Rands Barros
Economista

Publicado em: 03/05/2025 03:00 Atualizado em: 02/05/2025 23:08

Pesquisas recentes têm mostrado uma posição crítica da população em relação ao governo Lula, apesar de já indicarem uma melhora em comparação aos três meses anteriores. Vale salientar também que a comparação com o desempenho de governos passados, no mesmo período (dois anos e quatro meses), mostra um desempenho melhor do governo atual. Ou seja, a situação não é difícil, apenas está em um momento ruim do ciclo avaliativo. Ainda não houve tempo para que os resultados de muitas de suas ações se tornem visíveis, ao mesmo tempo em que as perdas de segmentos sociais específicos já estão claras. Vale ressaltar que o nosso momento é de utilização massiva de comunicação distorcida e mentirosa. Isso faz com que os efeitos negativos de algumas ações sejam ampliados por distorções. O caso da suposta taxação do Pix é um exemplo. A Receita Federal do Brasil (RFB) queria apenas utilizar informações de transferências via Pix para identificar sonegadores, traficantes de drogas, contrabandistas e criminosos, algo que já é feito há vários anos com outras fontes de fluxo financeiro. Então, apareceram alguns vigaristas que, temendo serem pegos em seus trambiques, inventaram que o governo iria taxar o Pix. Líderes evangélicos estiveram à frente dessas distorções, pois as igrejas arrecadam muito dinheiro para pregar a palavra de Deus e acabam enriquecendo pastores. Os criminosos, religiosos ou não, venceram o discurso nas redes sociais e o governo foi forçado a proibir essa utilização pela RFB, algo que beneficiaria todas as pessoas honestas deste país.

O perfil das pessoas que desaprovam o governo atual é claro. São principalmente residentes do Centro-Oeste e do Norte, embora no Sul e Sudeste a desaprovação seja quase igual à aprovação; pessoas com idade entre 25 e 44 anos, que possuem pouco senso crítico e acreditam nas fake news divulgadas na internet; pessoas que têm o ensino médio como nível de instrução máximo (segmento que inclui um percentual elevado de frustrados) e aqueles com renda familiar entre R$ 2.000,00 e R$ 5.000,00 (também com alta participação de frustrados). Os evangélicos, que têm cultivado muito o ódio, também têm uma alta propensão a desaprovar o governo atual. Para eles, também não é fácil contrariar pastores que, por serem vigaristas e terem perdas com o combate à pilantragem, envenenam os fiéis contra o governo atual.

Quando se observam as principais razões pelas quais os críticos avaliam negativamente o governo, fica mais clara a prevalência de frustrados e crentes em fake news nas avaliações negativas. As maiores fontes de má avaliação são: (i) a proposta de impostos sobre compras pela internet de até US$ 50,00 (injustamente revertida por causa da pressão de pessoas de má fé); (ii) a cota de empregos para ex-detentos (decorrente do Decreto 9.450/2018, anterior ao governo Lula, Programa Emprega 347, que é só para obras do PAC, e Projeto de Lei 661/2024, que é só para o setor público e empresas fornecedoras dele, e que ainda é apenas um projeto e não está em vigor); (iii) a tentativa de fiscalização das transações acima de R$ 5.000,00 via Pix (distorcida na propaganda contrária feita pelos vigaristas); e (iv) a comparação das ações de Israel, em Gaza, com o Holocausto (não entendo a diferença, pois chacinas de inocentes são todas igualmente condenáveis). Ou seja, o bom senso tem se afastado muito da formação da opinião de muitos em nossa população.

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