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Saúde como vetor de transformação: Nordeste, chegou a sua vez?

Fábio Henrique Cavalcanti de Oliveira
Professor da Faculdade de Ciências Médicas - Universidade de Pernambuco e Pesquisador do INCT iCEIS
e José Lamartine Soares Sobrinho
Professor da Universidade de Federal de Pernambuco e Coordenador do INCT iCEIS

Publicado em: 04/04/2024 03:00 Atualizado em: 04/04/2024 00:20

Nos últimos anos, o Brasil tem buscado ampliar suas estratégias para impulsionar o desenvolvimento econômico, especialmente no setor da saúde. Além das Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs), política desenvolvimentista que ganhou ênfase na primeira década do século XXI, o governo brasileiro, por meio do Ministério da Saúde, está propondo uma iniciativa bastante inovadora: o Programa de Desenvolvimento de Inovação Local (PDIL).

Tal abordagem representa não apenas um investimento na saúde pública, mas também uma oportunidade única de impulsionar a economia nacional e criar novas perspectivas de crescimento sustentável, com um olhar especial para regiões fora do eixo econômico tradicionalmente mais desenvolvido, como o Nordeste brasileiro. As PDPs vêm sendo um instrumento crucial para fortalecer a produção nacional de medicamentos, vacinas e demais insumos para a saúde no Brasil.

Essas parcerias, que envolvem a colaboração entre instituições públicas e privadas, não apenas promovem a autonomia na saúde, por meio de transferência de tecnologias, mas também geram empregos, estimulam a inovação e reduzem a dependência de importações.

Neste contexto, as teorias do “Complexo Econômico Industrial da Saúde” desenvolvidas pelo professor Dr. Carlos Gadelha têm sido fundamentais para compreender a dinâmica e os desafios desse setor. Projetos industriais como a Hemobras e Lafepe em Pernambuco, NUPLAN no Rio Grande do Norte e a BahiaFarma na Bahia têm desempenhado um papel importante regionalmente nesse processo. Essas iniciativas não apenas promovem a autonomia na saúde, mas também geram empregos e estimulam a inovação em uma região historicamente desfavorecida economicamente.

O Programa de Desenvolvimento de Inovação Local (PDIL) recentemente proposto pelo Ministério da Saúde visa, nesse momento, criar um ambiente propício para o surgimento de soluções inovadoras desenvolvidas localmente. Ao incentivar a colaboração entre instituições de pesquisa, startups, empresas e o governo, o programa busca fomentar o surgimento de novas tecnologias, produtos e serviços no campo da saúde.

Vejam a chegada da Fiocruz no Ceará, o fortalecimento da Sudene e o envolvimento de diversas universidades de referência, como a UFPE e seu parque de pesquisa, ou mesmo a UPE e seu complexo hospitalar à serviço do SUS, e demais instituições de ensino e pesquisa na região. O estímulo à pesquisa e inovação tecnológica na saúde no Nordeste não só impulsiona o desenvolvimento econômico, mas também reduz as desigualdades regionais e promove a inclusão social.

Essa abordagem, de estado empreendedor e articulador de Ciência, Tecnologia e Inovação se alinha às teorias do estado empreendedor e financiador dos grandes investimentos promotores de inovação, ressaltando o papel ativo do Estado na promoção de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento tecnológico e a inovação. A saúde é um setor estratégico que pode impulsionar o desenvolvimento econômico de diversas formas.

Além de contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população, investimentos no setor de saúde têm o potencial de estimular a criação de novas indústrias, atrair investimentos estrangeiros, aumentar a competitividade internacional e gerar receitas por meio da exportação de produtos e serviços de saúde inovadores. À medida que o Brasil avança em direção a um futuro de desenvolvimento econômico sustentável, é crucial reconhecer o papel fundamental que a saúde desempenha nesse processo, especialmente no Nordeste. Através de iniciativas como as Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo, o Programa de Desenvolvimento de Inovação Local e o fortalecimento da pesquisa e inovação tecnológica na região, o Nordeste está aproveitando o potencial transformador do setor de saúde para criar novas oportunidades, impulsionar a inovação e construir uma economia mais resiliente e próspera para todos os seus habitantes.

Este é apenas o começo de uma jornada emocionante rumo a um futuro mais saudável e próspero para o Nordeste brasileiro. A visão de um Nordeste historicamente sofrido, ganha novas perspectivas e possui a SAÚDE como motor do desenvolvimento.

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