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Quatro anos da pandemia - um passado ainda tão presente!

Eduardo Jorge da Fonseca Lima
Médico e pesquisador do IMIP. Professor da FPS. Membro da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização do MS

Publicado em: 21/03/2024 03:00 Atualizado em: 21/03/2024 05:57

Em março completamos quatro anos da pandemia Covid-19. O mundo ficou atônito e sem experiência para lidar com uma situação de tamanha gravidade.  O conhecimento para tratar os pacientes e controlar a pandemia foi construído em tempo recorde.  Passado o pior período, ainda estamos aprendendo sobre o real impacto da doença, sua evolução e a proteção obtida com a vacinação.

Artigo recentemente publicado estimou que a mortalidade global pode ter atingido o impressionante número de 30 milhões de vidas perdidas, em cerca de 200 países.  Entre os sobreviventes, sequelas e deficiências são objeto de vários estudos que investigam as consequências da Covid longa.

Estima-se que  20% da população brasileira contraiu a doença e 710 mil pessoas morreram em decorrência da Covid-19. Segundo o Ministério da Saúde a média móvel de casos da doença está em alta desde a segunda semana do ano, sendo 80% maior do que há um ano. Somos o segundo país com mais óbitos pela doença no mundo neste ano. Os óbitos estão se concentrando em grupos mais vulneráveis, como idosos e lactentes. A pandemia diminuiu a faixa etária da mortalidade brasileira, com mais óbitos entre 40 e 79 anos. Não podemos e nem devemos esquecer os órfãos da pandemia que perderam seus provedores e amores. Dívida impagável com esta geração.

Um dos grandes desafios é a evolução do Sars-CoV-2 ao longo dos anos e as várias variantes. Tivemos um verdadeiro alfabeto de letras gregas. A variante JN.1 assumiu o controle global em prevalência e uma série de suas subvariantes, surgiram a seguir. Mas é a recente variante BA.2.87.1 que vem sendo acompanhada pelos pesquisadores e já se caracterizou como variante de interesse. A boa notícia é que não parece ser uma grande ameaça, pois não há sinais que apresente maior evasão da resposta imune ou que seja mais transmissível. Isso significa que os reforços vacinais atualizados funcionarão bem. Ainda não sabemos se o vírus continuará a evoluir, mas é muito provável que continuará a infectar novos hospedeiros.  A Covid-19 caminha para se tornar uma doença semelhante à gripe, com baixa taxa de mortalidade, permanecendo entre nós como mais um “vírus respiratório”.  Enquanto isso não acontece, continua responsável por um número importante de mortes.

A vacinação contra a Covid-19 sempre foi um tema polêmico que provoca uma  batalha  multifacetada, entretanto é incontestável seu protagonismo no controle da pandemia. No meio de tantas controvérsias, um novo grande estudo detalhou a proteção da vacina para evitar complicações da doença, como trombose venosa profunda, embolia pulmonar, ataques cardíacos, derrames e insuficiência cardíaca. Dados coletados de mais de 20 milhões de pessoas em três países: Reino Unido, Espanha e Estónia, confirmaram que a vacina Covid-19 protege as pessoas dessas manifestações graves. Aguarda-se a chegada no país da vacina atualizada para os grupos de risco. Será outro desafio.

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