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Esclerose na Faria Lima

Alexandre Rands Barros
Economista

Publicado em: 23/03/2024 03:00 Atualizado em: 23/03/2024 09:06

Desde o ano passado, já no governo Lula, as previsões de crescimento do PIB brasileiro estão sempre atrás do que indicam os resultados efetivos. Projeções para o ano inteiro resistem a elevar-se para os patamares adequados até quando não é mais possível evitar a realidade. Em 2024, parece que essa esclerose segue o mesmo caminho. Previsões iniciais, feitas nos últimos meses de 2023, apontavam para um crescimento próximo a 1% em 2024. Os indicadores de janeiro e fevereiro já forçaram uma revisão para previsões entre 1,7% e 2,0%. Provavelmente, o crescimento será próximo ou superior aos 2,9% de 2023. Infelizmente, muitos profissionais da área resistem a promover os ajustes que se tornam óbvios. Parece que estão torcendo contra o Brasil. E estão mesmo. Não querem admitir que o governo Lula está conduzindo a política econômica de forma bem razoável e, por isso, a economia está com desenvoltura acima do que eles esperavam. Tal comportamento adverso levou um velho amigo, Sérgio Ferraz, a se expressar nas redes sociais com uma certa revolta; particularmente ao ver analistas estrangeiros mais otimistas do que os nossos “profetas do amanhã.”

Parece que um número grande de analistas da Faria Lima e arredores são bolsonaristas e não gostam de admitir o sucesso do atual governo. O curioso é analisar o desempenho dos dois candidatos nas últimas eleições nos arredores dessa avenida. Em Pinheiros, Itaim Bibi e Vila Olímpia, Lula pôs 20%, ou mais, à frente de Bolsonaro. No Jardim Europa e Cidade Jardim, essa diferença pró-Lula ficou em 12,73% e 9,68%, respectivamente. Então, os Faria Limers estão morando mais longe, tipo Vila Madalena, ou representam um grupo muito específico em que ideias retrógradas prevalecem. As duas hipóteses podem ser verdadeiras. Os economistas, quando limitados a leituras dessa área de conhecimento, gostam de ser liberais. Às vezes, preferem Bolsonaro por achar que ele é mais liberal do que Lula. Entretanto, esquecem de olhar os dados. Isso é engano. Bolsonaro só teve discurso liberal. Na realidade, a média de carga de impostos indiretos sobre PIB no seu governo foi maior do que Lula I e II e do que o período de Temer. Somente a era Dilma conseguiu superá-lo. Ou seja, o discurso liberal de Bolsonaro não é real. Além disso, ele adiou pagamentos tributários, que levaram à queda fictícia de carga tributária.

A imprensa contribui bastante para essa postura dos Farias Limers. A grande imprensa hoje, ao anunciar boas notícias na economia, sempre traz junto algo ruim. Tipo, a inflação baixou, mas instituto tal acha que ela vai subir no próximo mês. Esse tipo de postura termina freando um momento de euforia econômica que talvez o Brasil já devesse estar vivendo. Quem vive no meio empresarial percebe que as oportunidades e novos projetos estão aparecendo a todo momento. As pessoas estão se preparando para investir. O governo já está criando regras que vão facilitar a expansão do crédito, tanto para o setor empresarial privado como para as pessoas físicas. Isso deverá desencadear uma demanda maior e um volume mais elevado de investimentos já a partir do segundo semestre de 2024. Ou seja, o Brasil está voltando a crescer.

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