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A José Neves, meu pai, toda minha lealdade  

José Neves Filho
Advogado, ex-vereador, ex-secretário do Recife e filho de José Cavalcanti Neves

Publicado em: 01/07/2021 03:00 Atualizado em: 01/07/2021 06:24

José Cavalcanti Neves, o meu pai, completa 100 anos neste 3 de julho. A data é rara e simbólica e me faz lembrar das histórias que a cercam e que nos alimentam nessa rotina diária. Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil secção Pernambuco durante 17 anos e 10 meses, tornou-se por unanimidade presidente do Conselho Federal da OAB nacional, com aval de um colegiado qualificado de todos os estados do Brasil. Deixou um legado como defensor da democracia brasileira. A importância e o prestígio público do presidente José Neves eu comecei a conhecer durante a juventude, quando passei a frequentar os fóruns.

Reúno causos de todas as naturezas e, na passagem do centenário de papai, tenho gostado de contar alguns porque José Neves sempre gostou de uma boa conversa e as domingueiras da Praça do Rosarinho com dezenas de pessoas são testemunhas desse apreço dele. Sou o segundo filho de uma família de 12; o primeiro filho foi Ivan, que se formou em Direito e muito jovem, com 37 anos, acabou vitimado por um acidente doméstico. É tradição familiar antiga dar o nome do pai somente ao segundo filho, e lá em casa foi assim.

Quando me formei na faculdade, lembro que papai me levou para o escritório dele e ali aprendi Direito com ele e com o Dr. Geraldo Neves. Papai mandava eu ir para fóruns fazer uns despachos. Um dia, estava na Rua do Imperador, perto da sede da OAB, e os advogados conversavam. Um deles me chamou, me cumprimentou e esticou a mão. Eu, muito novo, recém-formado, parei e respondi: “Prazer, José Neves Filho”. Foi quando ouvi a resposta de pronto: “Opa. Isso não é um nome; é uma marca”, disse-me um deles. Gravei aquilo e nunca esqueci. Eu chegava nos cartórios, ia despachar com juízes e sentia o peso de minha responsabilidade. Todos conheciam meu pai.

Por ele, eu teria entrado para a militância da OAB, vivi com esta impressão. Meu irmão Jorge trilhou bem este caminho. Preferi a política partidária. Depois, também me envolvi com a militância esportiva, no Santa Cruz. Papai esteve presente, assim como minha mãe Célia. Vivendo uma união feliz por 79 anos, eles comungavam em tudo. Na minha vida pública, papai foi um farol para mim. Me pautei nele em tudo o que ele fazia na advocacia e na política, segui o exemplo e depois conselhos de Dr. Neves em cada fase da vida.

Quando olho para José Cavalcanti Neves firme, lembro dos 100 anos que comemoramos agora reservadamente na nossa grande família e sinto imensa necessidade de fazer um balanço do que ele me ensinou. Me dou conta de que a lealdade foi o princípio número um deste ensinamento. José Neves sempre foi leal a todos; e nós somos a ele. Obrigado, pai. E parabéns, pai, pelo seu centenário e por tantas lições de vida!

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