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INTERDIÇÃO

Prédio em Piedade é interditado e moradores deixam local às pressas

O edifício Kátia Melo foi esvaziado na noite de domingo (4) após a Defesa Civil constatar riscos estruturais

Publicado em: 05/05/2025 21:17

Moradores tiveram que deixar seus apartamentos na noite de domingo (4) (Foto: Reprodução/Instagram)
Moradores tiveram que deixar seus apartamentos na noite de domingo (4) (Foto: Reprodução/Instagram)
O cenário da noite do último domingo (4) na Rua Joaquim Marquês de Jesus foi marcado pela presença de caminhões de mudança após a Defesa Civil de Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, interditar o edifício Kátia Melo, em Piedade. A estrutura foi esvaziada após uma vistoria técnica.

As pessoas precisaram deixar seus apartamentos apenas com móveis e itens pessoais essenciais. Os sinais foram percebidos pelos moradores no final de semana e a Defesa Civil do município foi acionada, constatando o risco e interditando o local. 

Residentes relataram que as fissuras apareceram de repente e que o prédio passou por reformas visuais recentemente, fazendo com que a estrutura não pareça desgastada, se vista de longe. No entanto, ao olhar com mais cautela, é possível enxergar rachaduras em diversas paredes, cerâmicas desprendidas e até mesmo portas que não fecham mais.

A Defesa Civil do Jaboatão informou, por meio de nota, que o “prédio apresenta vários sinais, como fissuras, abatimento de piso e indícios de movimentação na estrutura”.

Agora, será necessário que o condomínio contrate uma perícia para determinar o que será feito a fim de garantir a segurança da estrutura. O espaço deverá ficar interditado até que sejam feitas as manutenções corretivas necessárias, conforme determina a Lei Estadual nº 13.032/2006.

A lei estabelece a obrigatoriedade de vistorias periciais e manutenções periódicas em edifícios de apartamentos e salas comerciais no estado. O objetivo é garantir a segurança e a integridade das edificações, complementando o sistema de alerta e defesa civil. %uFFFC

Principais pontos da lei:

  • Periodicidade das vistorias: as vistorias devem ser realizadas a cada três anos por profissionais habilitados.
  • Abrangência: aplica-se a edificações públicas e privadas constituídas por unidades autônomas. 
  • Itens avaliados: a vistoria deve enfatizar fundações, colunas, lajes, tetos, fachadas, instalações diversas, sistemas mecânicos e componentes de fachadas. 
  • Direitos dos proprietários: proprietários e possuidores têm o direito de verificar periodicamente as condições físicas da edificação e exigir a realização da vistoria técnica-pericial. 
  • Responsabilidade técnica: a vistoria deve ser realizada por engenheiro habilitado, com registro da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE).

De acordo com o engenheiro civil, Luiz Fernando Bernhoeft, os prédios costumam apresentar uma série de “sintomas” que precisam ser observados com cuidado pelos moradores. “A fissura, é a campeã. Quando começa a aparecer fissura, seja ela como for, é um sinal de que tem algo errado, inquestionavelmente. Vazamento e umidade também são problemas. A água por si só não é um problema, caso contrário a gente não teria piscina nem reservatório. Mas se tiver umidade em um local que não foi preparado para isso, é sinal que tem algo de errado”, pontua.

Além disso, prédios caixão apresentam riscos maiores pois são construídos com paredes e lajes de concreto armado moldadas no local, que formam uma única caixa estrutural. Isso significa que os elementos são interligados e não há vigas e pilares convencionais. Se uma parede estrutural for removida ou danificada, todo o equilíbrio da estrutura pode ser comprometido, aumentando o risco de colapso.

Muitos deles foram construídos entre os anos 1960 e 1980, especialmente para habitação popular. Com o tempo, a carbonatação do concreto, infiltrações e a corrosão das armaduras enfraquecem a estrutura. Como não há redundância estrutural, como pilares independentes, o sistema inteiro fica vulnerável.

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