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Música Jota Quest faz show no Recife e Rogério Flausino avalia: 'Somos a resistência do pop rock' Banda faz show no Arcádia Apipucos com repertório do último disco e hits dos 20 anos de carreira

Por: Larissa Lins - Diario de Pernambuco

Publicado em: 05/08/2016 19:19 Atualizado em: 05/08/2016 18:06

Jota Quest mistura funk, soul e pop rock em Pancadélico. Foto: Divulgação
Jota Quest mistura funk, soul e pop rock em Pancadélico. Foto: Divulgação

Formado nos anos 1990, tempo de nostalgia e inspirações juvenis revisitado frequentemente pelo universo pop, o grupo mineiro Jota Quest buscou no passado as referências de Pancadélico (Sony Music, R$ 19,90). Lançou mão de gêneros musicais ancestrais para renovar o jovem pop rock nacional, agora mesclado à soul music, ao hip hop e à disco music de Nile Rodgers - o guitarrista e produtor de artistas como Madonna e Bowie participa do disco.

Confira o roteiro de shows do Divirta-se


Com o novo hit Blecaute (participação de Rodgers e Anitta) à frente do álbum, Jota Quest volta ao Recife nesta sexta (5), em show no Arcádia Apipucos, às 23h. “Nossa relação com a capital pernambucana é antiga. Será lembrada nas produções em comemoração aos 20 anos de estrada da banda, festejados neste ano”, anuncia o vocalista Rogério Flausino.

Isso porque, há duas décadas, enquanto a cena underground do Recife reverberava o emblemático Afrociberdelia (1996), segundo álbum da Nação Zumbi, Jota Quest lançava seu primeiro disco, J. Quest (1996). A relação entre os dois eventos se estabeleceria anos mais tarde, quando o grupo criado em Belo Horizonte decidiu homenagear os mangueboys - com quem cruzavam nos corredores das gravadoras, lançados no mercado pelo mesmo selo, Chaos/Sony Music - com a gravação de Manguetown, registrada no comemorativo MTV apresenta: 5 anos de chaos.

O grupo mineiro deve lançar box comemorativo para celebrar os 20 anos de carreira. Foto: Divulgação
O grupo mineiro deve lançar box comemorativo para celebrar os 20 anos de carreira. Foto: Divulgação
Rara, a versão será incorporada à discografia do Jota Quest pela primeira vez em box dedicado aos 20 anos de carreira do quinteto liderado por Rogério Flausino - cujo lançamento está previsto para o fim de outubro. A relação entre a produção da banda e a música local é marcada também pela gravação de Realinhar (composição em parceria com o pernambucano China) no disco Funky funky boom boom, o antecessor de Pancadélico.


Nesta sexta (5) à noite, mesclam as recentes Blecaute, Sexo e paixão e A vida não tá fácil pra ninguém e hits como Na moral e Do seu lado. “Começamos na era dos vinis. Vieram os CDs, o mp3, o streaming e novamente os vinis. E nós estamos aí, nossas letras, músicas e estilo se mantêm os mesmos. Nós somos a resistência do pop rock”, avalia Flausino. Os pernambucanos da Aduanda Rock abrem o show.

ENTREVISTA: Rogério Flausino, vocalista
"Nós somos a resistência do pop rock"

Rogério Flausino vê o grupo como resistência do pop rock nacional. Foto: Peu Ricardo/Divulgação
Rogério Flausino vê o grupo como resistência do pop rock nacional. Foto: Peu Ricardo/Divulgação
De onde surgiu o nome Pancadélico?
Pancadélico é uma brincadeira da gente. Temos mania de inventar nomes estranhos para discos, para chamar atenção. Estávamos ouvindo muito Funkadelic, do George Clinton. É uma banda incrível, uma das nossas referências na mistura do black, soul, punk. Nós olhávamos o grafite da capa do nosso disco e queríamos algo que tivesse afinidade. Surgiu a ideia de abrasileirar o nome funkadelic e, nisso, surgiu Pancadélico. À medida que o trabalho foi se desenvolvendo, achamos o nome legal e impactante. Tinha tudo a ver com o grafite old school da nossa capa, queríamos imprimir o grafite dos anos 80. O clipe Blecaute é muito street, tem o batidão, a rua, o samba, o funk, essa música representava muito da essência do álbum.

O que muda nesse oitavo álbum? Em que detalhes é possível perceber que a banda amadureceu? A essência e o estilo dos últimos 20 anos se repetem?
Eu acho que a gente, ao longo desses anos, já tentou vários caminhos. Nos abrimos para várias possibilidades. Em tudo o que fazemos, tentamos tocar de forma conjunta, produzir em parceria, como uma banda faz. Nós temos insistido nesse formato. Existem acessórios, batidas eletrônicas, sim, mas a base, o esqueleto da banda, somos nós, nossos instrumentos. A sonoridade que conseguimos atingir, recolhendo influências no Brasil e lá for a, é nossa, é conjunta. É esse o show do Jota Quest. É nisso que a gente acredita. Nosso jeito de falar, de escrever, se mantém. Esse é nosso estilo. Nem achamos que precisa mudar, nem quero que mude. Ao longo do tempo, sem dúvida, houve um amadurecimento técnico, é perceptível nesse último álbum. A vivência no mercado pop nos amadurece. Começamos na era dos vinis, depois vieram os CDs, o mp3, o streaming e novamente os vinis. E nós estamos aí, na luta, quebrando as pedras no caminho.

Como foi o trabalho com Nile Rodgers? Como surgiu essa parceria?
Foi um presente da nossa carreira. Porque, para uma banda que surgiu há 20 anos, ter o Nile Rodgers, que é um dos inventores da disco music, como parceiro, isso é um presente. A disco music é a base de tudo que foi feito para dançar. Nós conhecemos Nile num evento. Conhecemos ele, o nosso baixista fez amizade com ele. Convidamos para fazer uma faixa do nosso disco, acabou assumindo a função de produtor no disco. E o Nile curtiu a banda, o som da banda. Lembrando que ele já trabalhou com Madonna, Bowie, ele é incrível. É muito influente. É provável que toquemos juntos, em breve, provavelmente no Brazilian Day, no dia 4 de setembro, em Nova York. Estamos alinhando isso.

Hoje, você classificaria a banda como uma resistência do pop nacional? Ou acredita que o estilo musical já ultrapassou essa definição?

Isso é muito legal. Nós fazemos, sim, parte da resistência do pop rock brasileiro. Nós somos a resistência do pop rock. Junto conosco, há muitas outras bandas. Alguns dizem que não há renovação no gênero, mas há. São estruturas variadas. A galera está na internet, nas ruas, nas redes sociais. Há um movimento forte acontecendo. O grilo é que a indústria não olhou para isso com atenção. Ainda não. Mas há uma nova geração querendo acontecer. Claro que estamos enfrentando uma crise econômica no país, que não é a primeira, nem será a última. Claro que isso dificulta. Mas as pessoas estão na ativa, produzindo.

Como você classificaria o estilo musical da banda atualmente?
É uma banda de pop rock, mas mesclado com o black, soul, funk. Em alguns momentos, conseguimos produzir MPB. Tenho muito orgulho disso. Flertamos também com o samba rock, somos influenciados pelo reggae, pelo hip hop. É uma banda de pop rock, sim, mas com todas essas influências.

E quanto ao show no Recife, como é a relação do grupo com a cidade?
O Recife tem sido uma cidade magnífica para nós. Frequentamos essa cidade há quase 20 anos, quase o nosso tempo de estrada. Nos últimos tempos, passamos por uma fase maravilhosa na cidade. Fizemos uma festa semelhante a desta sexta-feira (5) quando fizemos 15 anos. Estamos numa crescente na relação com a cidade. Uma coisa marcante foi a apresentação no carnaval do ano passado, na Lagoa do Araçá. Aquele show nos marcou, num dos polos alternativos. Muitas crianças, muitas famílias, a pracinha lotada, foi um dos shows memoráveis em Pernambuco. Isso sem falar no show deste ano no Marco Zero, polo principal do carnaval. Tenho um carinho muito grande pelo estado. Sou muito amigo de China, Otto. Muito fã da Nação Zumbi. Gosto muito da cultura pernambucana.

Há alguma influência local na produção de vocês?

Nós gravamos Manguetown durante muito tempo. Vai sair na caixa comemorativa do J., inclusive. Nós somos contemporâneos da Nação Zumbi. Gravamos nossos primeiros discos no mesmo selo, na mesma época. Nos encontrávamos nos corredores da gravadora, dos estúdios. No comemorativo MTV apresenta: 5 anos de chaos, em que cada banda tocava uma música de outra banda, nós tocamos Manguetown. Em Funky funky boom boom, gravamos Realinhar, composição em parceria com o pernambucano China, nosso amigo. É uma música belíssima.

Poderia falar um pouco mais sobre esse box comemorativo?

Esse box deve sair no fim de outubro, começo de novembro. É um box dos nossos 20 anos, com todos os discos da banda. Inclusive com nosso disco independente, gravado antes da fama. Ele foi lançado somente em BH, decidimos lançar esse disco como curiosidade. Além de um álbum de raridades, no qual incluiremos Manguetown e muitas gravações que não foram registradas em álbuns. E um disco de remixes. É muita coisa em 20 anos... Esse é o presente de duas décadas de carreira para a banda e para os fãs.

SERVIÇO
Jota Quest Pancadélico

Quando: 5 de agosto, às 23h
Onde: Arcádia Apipucos (Rua de Apipucos, 568 - Apipucos)
Quanto: R$ 130 (individual), R$ 1 mil (mesa para 4 pessoas com serviço de garçom) e R$ 3 mil (camarote para 10 pessoas com garçom exclusivo)



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