Cinema Filme com Sônia Braga começa a ser rodado no Recife. Diretor diz que preparação foi excelente Aquarius é o segundo longa-metragem de ficção de Kleber Mendonça Filho. Elenco conta ainda com Irandhir Santos, Humberto Carrão e Maeve Jinkings

Por: Pedro Siqueira - Diario de Pernambuco

Publicado em: 04/08/2015 10:00 Atualizado em: 04/08/2015 10:51


Sônia Braga e Irandhir Santos durante ensaios para Aquarius. Foto: Facebook/Reprodução
Sônia Braga e Irandhir Santos durante ensaios para Aquarius. Foto: Facebook/Reprodução

Era 2013. Após dois anos de filmagens e pós-produção, o filme pernambucano O som ao redor chegava às salas de cinema do país. Elogiado pela crítica, o longa foi relacionado entre os dez melhores do período pelo The New York Times e escolhido para representar o Brasil na disputa pelo Oscar. Hoje, após a experiência exitosa no cinema internacional, o diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho se prepara para dar início às filmagens de outra produção - agora, observado de perto pelos olhos do mundo: da rotina de um bairro de classe média alta transformada a partir da chegada de vigias informais, ele passa a narrar a vida da escritora Clara no drama Aquarius.

Protagonizado por Sônia Braga (Gabriela, 1983), o filme apresenta a história de uma mulher de personalidade forte e, como o próprio diretor define, “rochedo”. Personagem principal do filme, ela interage com praticamente todo o elenco, composto por cerca de 50 atores. Escritora e crítica de música aposentada, Clara também tem o dom de viajar no tempo, relembrando passagens marcantes de sua vida no Edifício Aquarius, onde mora há anos. O título do filme se refere aos nomes com os quais os edifícios da orla eram batizados em décadas passadas, no Recife.

Atores de O som… como Maeve Jinkings, que interpreta a filha de Clara, e Irandhir Santos também estão no elenco. Outros destaques incluem o ator global Humberto Carrão (Geração Brasil) e a atriz Julia Bernat (Malhação). As filmagens ocorrem ao longo de dois meses, em Boa Viagem, no Pina e em Casa Forte. Em entrevista ao Viver, Kleber comentou o processo criativo do filme e deu detalhes da trama.

Kleber Mendonça Filho dirige elenco com mais de 50 atores em Aquarius. Foto: Bernardo Dantas/DP/D.A Press
Kleber Mendonça Filho dirige elenco com mais de 50 atores em Aquarius. Foto: Bernardo Dantas/DP/D.A Press


Entrevista >> Kleber Mendonça Filho, cineasta

Como está a preparação para as filmagens?
Tudo excelente. Tivemos três semanas de ensaios. Alguns atores vieram do Rio de Janeiro, de João Pessoa… Então, pra mim, foi também uma oportunidade de conhecer muitas pessoas que foram selecionadas nos testes. É sempre difícil falar sobre um filme ainda na pré-produção porque, apesar de a ideia já estar pronta, nós ainda estamos construindo o longa. Tem situações que podem mudar, como cenas, personagens…

Como é trabalhar com Sônia?
Ela é incrível. Tem uma presença sensacional. A personagem Clara é o ponto central do filme, ela está em quase todas as cenas e tem um círculo de família e amizades enorme. Ou seja, a maioria dos personagens de alguma forma gira em torno dela. Clara é uma mulher forte, assim como Sônia.

Como surgiu essa ideia de trabalhar com uma personagem feminina forte?
Na verdade, a personagem não foi concebida assim. Quando eu terminei o roteiro, vários amigos que leram disseram: “Poxa, que mulher foda!”. Então, foi algo natural, ela apenas saiu assim. Mas eu sempre gostei de personagens femininas com presença. Para mim, não tem graça, por exemplo, um filme onde um homem é um cara super fortão, que vai resolver todos os problemas. E, além de tudo, Clara é uma pessoa especial, uma mulher “rochedo”.

Como foi a escolha do elenco?
Estamos trabalhando com cerca de 50 personagens. A maioria tem alguma ligação com Clara. Maeve Jinkings interpreta a filha. O processo é similar ao de O som ao redor, misturando atores profissionais e não-profissionais. Temos Irandhir, que também fez O som…, Humberto Carrão, Carla Ribas, Germano Melo… O elenco é grande.

Alguma previsão de lançamento para o filme?
Isso é um desafio para todo cineasta. Depois das filmagens, vem toda a fase de pós-produção, é quando você tenta dar um sentido a tudo aquilo que você fez. Tem diretores que passam por esse processo mais rapidamente, mas eu sempre gostei de ter tempo para pensar. O som ao redor, por exemplo, levou mais de um ano só de pós-produção. Não estou dizendo que com Aquarius será o mesmo período, mas, a princípio, pretendo passar um tempo trabalhando nisso. 

MAIS NOTÍCIAS DO CANAL