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Equipamento cultural A três dias do centenário, prefeitura vistoria Teatro do Parque e garante: cronograma está mantido Promessa é a de entregar o prédio em novembro de 2016; 20% das obras estariam concluídos

Por: Isabelle Barros

Publicado em: 21/08/2015 13:20 Atualizado em: 21/08/2015 15:36

Piso do Teatro do Parque foi retirado e Prefeitura diz ter resolvido o problema de drenagem do local. Crédito: Isabelle Barros/D.P/D.A Press
Piso do Teatro do Parque foi retirado e Prefeitura diz ter resolvido o problema de drenagem do local. Crédito: Isabelle Barros/D.P/D.A Press

A três dias do centenário do Teatro do Parque, a Prefeitura do Recife abriu o local na manhã desta sexta para a imprensa acompanhar uma vistoria técnica das obras, com o objetivo de mostrar em que ponto está a reforma do espaço. O equipamento cultural, fechado desde 2010, teve a revitalização iniciada em janeiro e está previsto para reabrir em novembro de 2016. De acordo com a arquiteta responsável, Simone Osias, “cerca de 20% das obras foram feitos. Não houve atrasos e o cronograma está mantido”.

A vistoria é uma tentativa da prefeitura de trazer uma agenda positiva à passagem do centenário e foi marcada após denúncia da deputada estadual Priscila Krause (DEM), no início de agosto, de que as obras estavam paradas. Em março deste ano, já havia sido realizada outra vistoria aberta à imprensa. A reportagem do Diario esteve nas duas ocasiões e constatou que as obras ainda não chegaram à fase de mudanças na estrutura do prédio. No local, ainda estão as cadeiras da plateia, no térreo. Os assentos antes localizados nos camarotes foram retiradas. Uma funcionária trabalhava na raspagem de uma das paredes de um dos dois salões de entrada do teatro, e havia poucos operários circulando.

A prefeitura admite que houve uma desaceleração na reforma e atribui isso às descobertas encontradas no próprio local, que mereceriam mais estudos e pesquisas para o restauro. De acordo com Simone, há sete pessoas trabalhando atualmente na obra. "As atividades foram concentradas em fases que não têm a ver com o restauro do prédio. De março para cá, foi retirado o painel acústico, foi resolvido o problema de drenagem abaixo do palco, os cupins foram erradicados, as instalações elétricas e hidráulicas foram quase todas recuperadas e a coberta foi praticamente finalizada, faltam apenas detalhes externos. Daqui a 15 dias, voltam a trabalhar os 35 funcionários do início da obra e começa o restauro propriamente dito". Até o fim da obra, serão modernizados o sistema de segurança, a climatização e será realizado o paisagismo do local.

Simone afirma ainda que esta é a primeira vez que a reforma do Teatro do Parque é feita juntamente com um trabalho de restauro. "Optamos por não manter o projeto original de 1915, dada a dificuldade em encontrar elementos que justificassem isso. Em vez disso, fazer o restauro a partir do projeto de 1929, quando o local sofreu adequações para funcionar como cine-teatro. Por exemplo, os dois salões de entrada para a plateia não são originais, mas a cidade já identifica o prédio com esses elementos. O restauro não é feito para apagar a história. Vão ser mantidos os falsos vitrais que foram colocados acima da plateia na década de 80, porque eles se harmonizaram à construção".

Assentos da parte de cima foram retirados e os da parte de baixo serão restaurados. Crédito: Isabelle Barros/D.P/D.A Press
Assentos da parte de cima foram retirados e os da parte de baixo serão restaurados. Crédito: Isabelle Barros/D.P/D.A Press

Ao longo desse início do processo de restauração, foram encontrados os ladrilhos hidráulicos que compunham o piso original do Teatro do Parque, mas ainda não se sabe se vão manter o piso ou encontrar outra solução. Também será feita a reprodução das venezianas originais das janelas, com uma vedação que impeça a luz de entrar no espaço e a refrigeração de escapar.

Venezianas do projeto original de 1915 serão reproduzidas. Crédito: Isabelle Barros/D.P/D.A Press
Venezianas do projeto original de 1915 serão reproduzidas. Crédito: Isabelle Barros/D.P/D.A Press

O orçamento das obras foi fechado inicialmente em R$ 8,2 milhões, mas, segundo a arquiteta, serão necessários aproximadamente mais R$ 2 milhões para concluir a parte do restauro. "Estamos analisando se esse valor será pago a partir de um aditivo no contrato original ou se havará nova licitação". complementa o presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, Diego Rocha. Será preciso realizar outro processo licitatório para a compra de equipamentos, o que inclui, por exemplo, material de iluminação, de som e um projetor 4K, de tecnologia digital.

O idealizador do Grupo de Teatro João Teimoso e integrante do movimento Guerrilha Cultural, Oséas Borba Neto, também acompanhou a vistoria e afirma, por sua vez, que as obras estão caminhando a passos lentos. "Vim ver a obra em fevereiro e em junho. Se você comparar o que foi feito nesses dois meses e meio, está praticamente a mesma coisa". Ele é um dos organizadores de um manifesto da segunda-feira, 24 de agosto, justamente quando o Teatro do Parque completa cem anos. Na ocasião, às 11h, será feito um protesto em forma de velório em frente ao Teatro. "A ideia é fazermos outro evento no fim de semana, fechando a rua e trazendo atrações culturais para chamarmos mais ainda a atenção para o espaço", emenda.

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