MEMÓRIAS

Cemitérios de Pernambuco aguardam milhares de pessoas para visitação aos túmulos no Dia de Finados

Publicado em: 02/11/2022 05:09 | Atualizado em: 01/11/2022 16:58

Cemitério de Santo Amaro, localizado na área central da cidade do Recife (Rômulo Chico/DP Foto)
Cemitério de Santo Amaro, localizado na área central da cidade do Recife (Rômulo Chico/DP Foto)
Cumprindo uma tradicional celebração da Igreja Católica, milhares de pessoas são esperadas nos cemitérios durante o feriado desta quarta-feira (2) para vivenciarem o Dia de Finados. Saudade, amor e fé são os sentimentos que serão resgatados nas visitas aos túmulos dos entes queridos que não estão mais presentes de forma física na vida de suas famílias.

No município do Jaboatão dos Guararapes, a Secretaria Municipal de Infraestrutura realizou uma operação para revitalizar os espaços que receberão o público. Os cemitérios da Saudade, da Muribeca e o Parque da Paz foram alvos de um mutirão de limpeza, capinação e também receberam pinturas novas, tanto na parte externa quanto na interna dos equipamentos. Nesses três locais, os familiares são aguardados no período entre 8h e 17h. Também foram colocados banheiros químicos nos cemitérios. E para facilitar o tráfego aos arredores, agentes de trânsito estarão presentes nas vias próximas para orientar o deslocamento dos veículos. No Parque da Paz, são esperadas mais de cinco mil pessoas, que poderão participar de missas e cerimônias evangélicas em quatro horários: 9h, 11h, 14h e 15h.

No Recife, os cemitérios de Santo Amaro, Várzea, Casa Amarela e Tejipió, além do Parque das Flores, receberam suas melhorias de manutenção e limpeza pelas mãos de um time de 100 jovens reeducandos em regime aberto e livramento condicional. O trabalho deles só foi possível através de uma parceria entre o Patronato Penitenciário (órgão da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos) e a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb).

Já em Olinda, os dois cemitérios públicos da cidade, o de Águas Compridas e o de Nossa Senhora da Conceição, receberam equipes de trabalhadores para intensificar capinação, varrição, jardinagem e manutenções elétricas e hidráulicas dos locais. Eles estarão abertos das 7h30 até às 17h, tendo a celebração de uma missa às 8h e a realização de um culto às 14h. Juntos, os dois necrópoles somam 4.361 vagas e a expectativa é de que 15 mil pessoas circulem por lá durante o feriado de finados, para visitarem seus entes queridos, numa demonstração de amor além do contato físico e visível. 

No Paulista, Região Metropolitana do Recife, o Cemitério e Crematório Morada da Paz terá uma programação religiosa das 9h às 16h, no Espaço Ecumênico. A expectativa é de que 10 mil visitantes marquem presença ao longo do dia. Às 9h acontecerá uma missa, às 11h um culto e às 14h uma palestra espírita. Pouco depois, às 16h, será realizada uma segunda missa.
 
No interior de Pernambuco, Vitória de Santo Antão é uma das cidades que deve receber visitantes em seus cemitérios na quarta-feira de feriado. Para isso, através da sua Secretaria de Serviços Público, realizou manutenção dos cemitérios da cidade.
 
Principal cemitério de lá, o São Sebastião é o que mais deverá receber famílias ao longo do dia. Além dele, a cidade conta ainda com o de São João Batista e o de Quanduz, na zona rural. O primeiro funcionará das 5h às 19h; o segundo, das 4h às 0h; e o terceiro, das 5h às 17h. 

Preparativos para despedidas
Entre as pessoas que estão possibilitando um ambiente limpo, seguro e estruturado, está  Marcos Roberto Pereira Nunes, de 44 anos. Ele integra o departamento de limpeza do cemitério de Santo Amaro e conta orgulhoso sobre sua contribuição para o feriado. “Estou limpando e fazendo o meu serviço para deixar tudo pronto para quando o pessoal vier visitar os seus familiares”, detalhou. 
 
Marcos Roberto Pereira Nunes reforçou o time da limpeza do cemitério de Santo Amaro (Rômulo Chico/DP Foto)
Marcos Roberto Pereira Nunes reforçou o time da limpeza do cemitério de Santo Amaro (Rômulo Chico/DP Foto)
 

Amor que transcende
Valdelita Gomes Torres, de 64 anos de idade, perdeu seu marido há seis meses, vítima de uma parada cardíaca durante um procedimento cirúrgico. E por estar trabalhando nesta quarta-feira, antecipou sua visita em um dia ao cemitério de Santo Amaro para garantir um momento de reencontro. Ela levou flores e fez uma oração.
 
"Vir aqui é a lembrança de todas as coisas boas que tive com ele", disse a viúva (Rômulo Chico/DP Foto)
"Vir aqui é a lembrança de todas as coisas boas que tive com ele", disse a viúva (Rômulo Chico/DP Foto)
 
 
“Vir aqui é a lembrança de todas as coisas boas que tive com ele. Ele era muito especial, tínhamos 14 anos juntos e agora o coração está batendo muito forte. É muita tristeza misturada com emoção. É uma saudade grande”, comentou.
 
Para além do físico
Acompanhado da sua mãe, Luciano Alves de Arruda, de 47 anos, também aproveitou a tranquilidade da véspera do feriado para realizar uma visita tripla aos seus parentes que estão enterrados no cemitério de Santo Amaro. Ele visitou seu pai, tio e avó, que têm jazigos no local há 22 anos, e recebem anualmente a visita da dupla para uma manutenção.
 
"Muitas pessoas só se lembram das outras em vida, mas a gente tem que ter aquele sentimento representado. É muito gratificante. Me sinto muito bem com isso”, resumiu Luciano.
 
Flores para colorir a saudade
Trabalhando nas proximidades do cemitério de Santo Amaro, área central da capital pernambucana, há mais de duas décadas, a vendedora de flores Vilma da Silva contou que a data celebrada neste dia dois de novembro é a melhor em termos de lucro para o comércio local. E a movimentação no caixa já começou na véspera, como de costume. “Esse feriado de finados é o melhor para a gente. Ontem o movimento foi mais tranquilo, porque vieram muitos idosos, que antecipam a vinda para não estar junto da multidão”, rememorou. 
 
Vilma revelou a quantidade de flores investidas para o momento, mas disse ainda que não consegue captar o total de 200 pessoas como clientes, apesar do fluxo. “A gente compra 40 pacotes, geralmente, mas as vendas não chegam a 200 pessoas, queria a gente que chegasse”, lamentou.
 
Quem vive uma situação parecida é Elizabete Nascimento, de 51 anos, que tem a sua venda de flores montada próxima a que Vilma trabalha. 
 
Dona Elizabete trabalha vendendo flores há 30 anos no Recife (Rômulo Chico/DP Foto)
Dona Elizabete trabalha vendendo flores há 30 anos no Recife (Rômulo Chico/DP Foto)
 
 
Há 30 anos no local, Elizabete reforçou a importância do período para as vendas, e projetou a quantidade de vendas. “A venda melhor é agora nessa época de finados. Vendo para mais de 100 pessoas, porque chega um, outro, e mais outro…”, contabilizou a mulher.
  
A vendedora também citou a recente fase onde a Covid-19 foi o motivo principal das idas aos cemitérios em todo o país. “Teve muita gente sendo enterrada e a visita do povo foi mais restrita, mas a venda foi boa”, garantiu.
 

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