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Uso das redes sociais por profissionais de saúde deve respeitar limites

Conselhos da área fiscalizam perfis para coibir abusos na divulgação do trabalho

Publicado em: 29/04/2018 11:51 | Atualizado em: 29/04/2018 11:56

O professor Jailton acredita no potencial das redes para disseminar saúde. Foto: Peu Ricardo/DP.
Bastante difundido entre médicos, o uso de redes sociais para divulgação do trabalho e contato com pacientes também se populariza entre outros profissionais de saúde, como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e psicólogos. Os conselhos regionais e federais estão procurando criar regras e incorporá-las às resoluções já existentes para coordenar as atividades online de profissionais.

Alguns conselhos têm até equipes fiscalizadoras online. Outros se apoiam nos códigos de ética para dar orientações. A máxima comum é evitar o sensacionalismo e a transformação da relação com o paciente em um comércio. Entre 2017 e 2018, o Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 1ª Região (Crefito1), responsável por Pernambuco, Rio Grande do Norte, Alagoas e Paraíba, recebeu 210 denúncias sobre mau uso de redes, sendo 30 por publicidade irregular. O órgão mantém uma patrulha que vasculha sites e redes dois dias por semana.

Um dos erros mais frequentes é o uso de imagens de “antes e depois” dos procedimentos. Já foram assinados 15 termos de ajustamento nos quais o dono do perfil se compromete a não repetir o erro. Foram abertos 82 processos éticos, sendo 18 por publicidade irregular, que podem levar à perda do registro.

O primeiro balisador é o Código de Ética. Deve-se resguardar a imagem do paciente e não se comportar como vendedor. “A saúde não é um mercado. O código proíbe a exposição de preços”, explica o presidente do Crefito1, Silano Barros. Também é vedado mostrar consultas e manobras. “Existe um processo de avaliação para cada procedimento, que leva em consideração que os indivíduos são diferentes”, alerta Barros. Outras proibições são promoções de primeira consulta grátis e e participação em sites de compras coletivas.

Barros destaca que as redes podem ser bem usadas na disseminação de conteúdo científico.  A mestranda Catarina Silva, 28, criou um perfil no Instagram para mostrar a rotina estudantil. “Tenho especialização em uroginecologia, então posto sobre o assunto. Consigo passar conhecimento e motivar outras pessoas.” O código foi atualizado para abordar o uso das redes. Uma nova resolução está sendo estudada, por parte do Conselho Federal, para tratar da publicidade. O Crefito1 recebe denúncias no site, acompanhadas de prints.

Prescrição de treinos online

Sete em cada 10 brasileiros não praticam atividade física. Uma boa forma de encontrar motivação para se mexer é acessar as redes. Dentre as postagens mais comuns, sobretudo no Instagram, estão fotografias e vídeos de exercícios. É um campo fértil para educadores físicos. Por outro lado, favorece a ação de impostores. Por isso, o Conselho Regional de Educação Física da 12ª Região (Cref12), que atua em Pernambuco, realiza patrulhas online.

O principal alvo são profissionais que prescrevem treinos na rede. “Sem contato presencial, há risco de fazer uma prescrição equivocada”, explica a chefe de fiscalização do Cref12, Rosângela Albuquerque. Segundo ela, a restrição se estende a aplicativos de mensagem como o WhatsApp. “Não há como fazer uma aferição de pressão, uma avaliação física, por exemplo”, argumenta.

Há oitos anos no Facebook e cinco no Instagram, o educador físico Jailton Santos, 49, acredita no potencial das redes para tirar as pessoas do sedentarismo. “Porém sabemos que é preciso ter cuidado. Há muita gente sem formação”, comenta. Pessoas que praticam a profissão ilegalmente são outros objeto das fiscalizações. “Fazemos, toda semana, uma varredura e buscamos no sistema se a pessoa é cadastrada. De 2017 para cá, encontramos 12 curiosos atuando ilegalmente”, afirma Rosângela. Em Pernambuco, o Cref12 aceita denúncias via WhatsApp, pelo número (81) 98877.6678.

Psicólogos
Assim como são espaço da exposição da rotina, as redes sociais se configuram como territórios de divulgação das emoções e sentimentos. No ano passado, a vida digital esteve no centro do debate sobre suicídio entre adolescentes e jovens adultos. O tema foi mencionado 16 milhões de vezes por dia, entre os brasileiros, nas redes sociais. Não falta espaço para atuação dos psicólogos nesse ambiente. Porém, assim como os demais profissionais, eles devem ter precaução.

A resolução 11 de 2012 do Conselho Federal de Psicologia regulamenta o exercício da profissão no meio online. “Existe um trâmite para o credenciamento do psicólogo e do site. Mas a psicoterapia online não está contemplada. Ela só é concedida em caráter experimental, dentro de uma pesquisa e a partir do rigor científico”, detalha a psicóloga orientadora e fiscal do Conselho Regional de Psicologia da 2ª Região (CRP-02) Valéria Correia. Em Pernambuco, há cinco sites cadastrados.
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