Prédios caixão Arquitetos e engenheiros fazem alerta quanto às edificações irregulares Onze pessoas morreram devido às condições dos imóveis

Publicado em: 18/08/2017 07:43 Atualizado em:

Nos últimos 30 dias, uma marquise desabou em Gaibu, matando três pessoas; parte de uma sacada de um prédio de Triunfo caiu sobre um homem de 25 anos, que morreu; um casarão da Rua da Glória no Recife pegou fogo enquanto um casal dormia no imóvel e faleceu e um prédio tipo caixão de Olinda ruiu. O saldo de mortes relacionadas a problemas de esturutura de imóveis, de acordo com o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-PE), é de 11 fatalidades no último mês em Pernambuco. O dado foi revelado em um evento realizado por entidades de arquitetura e engenharia na tarde de ontem. Como resultado dos debates, o CAU-PE, a Associação Brasileira de Engenheiros Civis (Abenc) e o Conselho de Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (CREA-PE), entre outras instituições, vão produzir uma carta aberta à sociedade e ao poder público se colocando à disposição para discutir o tema e estudam criar um fórum permanente de diálogo sobre conservação do patrimônio.
Uma pesquisa realizada em 2015 pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo revelou que quase todas as obras feitas em residências no Brasil são executadas sem a contratação de um engenheiro ou um arquiteto. De acordo com o levantamento, apenas 15% das obras são realizadas com orientações de um profissional. No Nordeste o número é mais alartamente: apenas 7% das reformas e construções recebem o aval de um técnico. “Nosso objetivo ao mencionar esses dados ou fazer essa mesa-redonda não é encontrar culpados, mas apontar causas, pois se não eliminarmos os motivos esses acidentes continuarão ocorrendo”, ressaltou o presidente da Abenc-PE, Stênio Cuentro.
Os arquitetos e engenheiros lembraram ainda que existe uma lei que garante um auxílio técnico gratuito, mas ela é pouco conhecida e ainda não foi regulamentada. A lei federal 11.888, de 2008, assegura a famílias de baixa renda assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação de interesse social. “O poder público tem que abrir as portas, oferecer assistência técnica. Se alguém se submete a morar em um imóvel de risco é porque não tem um local para viver e moradia é um direito básico”, enfatizou o presidente do CAU-PE, Roberto Montezuma.

Prédios-caixão
Outra preocupação externada pelas entidades de engenharia e arquitetura é em relação aos prédios tipo caixão na Região Metropolitana do Recife. O último levantamento em relação a essas edificações é de 2008, feito pelo Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep). De acordo com o estudo, de 5,3 mil edificações desse tipo na RMR, 2,3 mil estão no Recife. Cerca de 90% do total na RMR, apresentam riscos entre leves e graves. Já 340 apresentam risco muito alto.  Houve 37 mortes em 36 anos.

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