Alerta Arboviroses dificultam as doações de órgãos Procedimentos aumentaram, mas número poderia ser maior se não houvesse tantas contraindicações

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 25/05/2016 07:20 Atualizado em:

Onúmero de doações de órgãos e tecidos aumentou 21,25% nos primeiros quatro meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado em Pernambuco. O volume pode ser considerado animador, mas poderia ser bem maior. Isso porque, além da negativa familiar que ainda segue alta no estado - cerca de 45% dos parentes dizem não à Central de Transplantes  de Pernambuco - a tríplice epidemia de arboviroses contribuiu para elevar a taxa de descarte de potenciais doadores por contraindicação médica.
Entre janeiro e abril, foram notificados 165 casos de morte encefálica em Pernambuco. Desses, 56 não puderam se confirmar como doadores por contraindicação médica, ou seja, 34% de total dos registros. No mesmo período do ano passado, essa taxa era de 20%. Entre os motivos para contraindicação médica estão o estado de falência do órgão e sorologia positiva. A alta circulação de dengue, zika e chikungunya, porém, é considerada um fato preponderante para o acréscimo do percentual.

“Há uma recomendação do Ministério da Saúde de que os órgãos só podem ser doados após 30 dias de remissão dos sintomas. As arboviroses comprometem porque muitas vezes os potenciais doadores estão sendo invalidados por história de arbovirose no último mês. Houve uma interferência que será sentida ao longo deste ano”, afirmou a coordenadora da CT-PE, Noemy Gomes.

Em Pernambuco, foram confirmados mais de 22 mil casos de arboviroses neste ano. Desses, 28 resultaram em mortes, sendo 22 por chikungunya e seis por dengue. Uma equipe do Ministério da Saúde segue no estado investigando as circunstâncias desses óbitos, mas dados preliminares confirmam um perfil que já identificado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES). “A observação é de que a maioria das mortes acontecem acima dos 60 anos e com comorbidades como diabetes, hipertensão e cardiopatia. Falta comprovar qual a participação dessas doenças no óbito”, afirmou a coordenadora do Programa de Controle de Dengue, Chikungunya e Zika de Pernambuco, Claudenice Pontes.

Apesar das arboviroses, o fator que mais se interpõe à doação de órgãos no estado permanece sendo a negativa familiar, garante Noemy Gomes. Isso se explica porque, nesses casos, o potencial doador já foi classificado como apto a doar. O estado mantinha uma média de negativa de 55% e conseguiu reduzir no fim de 2015. O percentual ainda está longe do ideal. “A maioria da população se diz favorável à doação de órgãos. Há uma importância na comunicação da notícia à família. A história construída na internação  quando a família é amparada, interfere na decisão.”

Para capacitar os profissionais, acontece hoje no Cremepe, às 8h30, o 3º Simpósio Pernambucano de Doação e Transplantes de Órgãos: Reflexões sobre comunicação de má notícia e entrevista familiar para doação de órgãos.

MAIS NOTÍCIAS DO CANAL