"Selva de pedra"
Verticalização do Rosarinho já era prevista após aprovação da Lei dos 12 Bairros
Promulgada em 2001, legislação disciplinou altura dos prédios
Por: Rosália Vasconcelos
Publicado em: 01/11/2015 16:51 Atualizado em: 01/11/2015 18:18
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Foto: Rafael Martins/DP/D.A Press |
Não é preciso ser morador ou transeunte diário do Rosarinho, Zona Norte do Recife, para sentir o quanto a ausência de planejamento urbanístico tem hostilizado o bairro. Basta se deslocar, a pé, de ônibus ou de carro, pela Avenida Norte, para conseguir observar a muralha formada por altos edifícios, sobretudo no trecho entre a Rua Teles Júnior e a Praça do Rosarinho. Essa verticalização desenfreada já era prevista por urbanistas e engenheiros, quando da promulgação, em 2001, da Lei de Reestruturação Urbana, mais conhecida como Lei dos 12 Bairros. O Rosarinho, considerado área nobre da cidade, faz limite com os bairros "protegidos" pela legislação que, entre outros parâmetros, limita a altura (gabarito) dos prédios construídos nessa região.
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"A Lei de Reestruturação Urbana deveria ter sido pensada para longo prazo, porque ela acabou transformando um problema da cidade em índices de bairro. Não levou em conta que a restrição nesses 12 bairros iria sobrecarregar as áreas limítrofes. As soluções urbanas precisam ser feitas de forma sistêmica e não tratando o problema de forma isolada", defende o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), Roberto Montezuma.
Loteamentos das casas foram transformados em coefientes construtivos, onerando a estrutura urbana do local. “O que está acontecendo no Rosarinho é uma irresponsabilidade, porque o poder público, com a ausência de plano urbanístico, deu as costas para os bairros além da região protegida. Permitiu construir no Rosarinho o que já não era possível, por exemplo, nas Graças, nos Aflitos ou na Jaqueira”, complementa Montezuma.
Como o espaço urbano é o mesmo, não comporta o crescimento exponencial da densidade demográfica. “As diretrizes urbanísticas existentes se referem aos lotes individuais, sem levar em conta um contexto de quadra”, disse a engenheira e doutora em Desenvolvimento Urbano, Edinéa Alcântara.
O amanhã do bairro vertical
"Recife tem boas legislações na área de planejamento urbano. O problema é que elas não são usadas. Caso haja um plano urbanístico em que o poder público seja protagonista, atualizando as leis existentes, já poderíamos ver um cenário diferente na cidade", diz a advogada e urbanista, Elvira Fernandes, que tem trazido para o Recife os temas envolvendo o Direito Urbanístico. Ela lançou o livro Loteamentos Fechados, que trabalha a questão da verticalização da cidade.
"Ainda dá tempo de preservar esses bairros que ainda não foram invadidos pelos altos edifícios, inclusive o Rosarinho", finalizou.
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