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Entrevista//Prefeito Lupércio: "Estamos resgatando a confiança em Olinda"

Publicado em: 08/06/2018 07:37 | Atualizado em: 08/06/2018 09:07

Foto: Arquivo/DP

Para o prefeito de Olinda, Professor Lupércio (SD), as ruas da cidade são uma extensão do seu gabinete. É conversando com as pessoas que ele identifica mais rápido os problemas da cidade, acompanha o andamento de obras e anota em um caderno que carrega sempre consigo as reivindicações da população. As demandas são repassadas para os secretários e os resultados cobrados posteriormente. No exercício da sua primeira experiência no Executivo municipal, o prefeito diz que, “graças a Deus”, está conquistando a confiança do povo e resgatando a autoestima dos olindenses. Faltando dois anos e meio para concluir o mandato, Lupércio tem planos arrojados para o município. Quer concluir o projeto de recuperação e requalificação da Avenida Presidente Kennedy, que tanto incomoda os moradores da área,e que ele diz ser uma “questão de honra” para o seu governo. Ele espera contar também com a liberação de R$ 50 milhões de um convênio com a Caixa Econômica Federal, já em fase de licitação. A verba será usada em melhorias nas encostas, um problema que afeta diretamente os bairros da periferia. Ciente de que ainda tem muito a fazer pela cidade, Lupércio afirma que avançou em projetos de combate à violência, em melhorias na rede municipal de ensino, nas unidades de saúde e qualificação de pessoal. Ainda este ano, o prefeito pretende realizar concursos públicos para a Guarda Municipal e agentes de trânsito, além de abrir processo seletivo para contratação em algumas áreas. Em entrevista exclusiva ao Diario, Lupércio falou, ainda, de novidades na área do turismo, a exemplo da festa de São João que será realizada pela primeira vez com apoio da prefeitura, a conclusão do mercado Eufrásio Barbosa, e outras ações para a cidade. 
 
Qual a principal cobrança que o senhor ouve da população nas ruas?
Neste período de inverno a cobrança dobra, principalmente pelo que aconteceu em 2016 (a enchente na cidade). A população tem uma grande preocupação com isso e entendemos. Em 2017, cuidamos da limpeza de galerias, dos canais, da linha de água. Partimos na frente e deu certo. Em 2018, tivemos o cuidado de manter o trabalho em alguns canais. Enfrentamos algumas dificuldades, mas já estamos com pessoas trabalhando nessas áreas. Agora, sabemos que a maior cobrança é sempre saneamento básico, segurança, saúde e educação. A questão da segurança, por exemplo, embora muitos gestores tenha transferido isso para o governo do estado, na nossa campanha fiz questão de assumir o compromisso e a responsabilidade com esta área.

E o que o senhor tem feito para melhorar a segurança pública no município?
Temos melhorado a iluminação pública, por exemplo. Hoje, contamos com 27 mil pontos de iluminação. Colocamos nosso videomonitoramento para funcionar. Estamos fazendo uma parceria com a Polícia Militar para visualizar as câmeras da polícia e para que eles possam visualizar as nossas. Quando assumimos (a gestão), pegamos a Guarda Municipal desmotivada e hoje colocamos o efetivo na rua junto com a Polícia Militar, trabalhando em operações como Bar Seguro, e também os agentes de trânsito no chamado Operação Duas Rodas.

E o senhor já tem resultados desse trabalho?
Sim. Mas sabemos que segurança pública é uma coisa de longo prazo. Apesar disso já sentimos alguns reflexos positivos. Ainda temos muito a fazer. Entregamos agora a pouco 50 coletes aos nossos guardas e vamos armar a guarda na cidade. Já entramos com um documento junto com o Exército Brasileiro, onde solicitamos o armamento ponto 40.

Armar a Guarda Municipal é um projeto polêmico.
É. Mas é evidente que não vamos armar a guarda sem um treinamento. Vamos capacitar a nossa guarda e só receberá a arma quem estiver realmente preparado. Até porque, a guarda hoje vem fazendo esse trabalho junto com as polícias Militar e Civil. Atualmente, o próprio governo federal tem tido essa preocupação de investir nos municípios através da Guarda Municipal. 

Sendo o senhor um prefeito de primeiro mandato, qual a sua avaliação sobre a questão da população ter sempre as mesmas reivindicações (segurança, educação e saúde) aos gestores públicos? Na sua avaliação, por que essa situação não muda?
Infelizmente, essa carência na segurança, na educação, na saúde, na própria mobilidade urbana e no saneamento básico vem de muitos anos. Agora, em Olinda estamos trabalhando sem precisar olhar para o retrovisor, sem olhar os defeitos. E o que as gestões passadas fizeram de bom não temos nenhum tipo de vaidade de dar continuidade. Encontramos a saúde infelizmente com um déficit grande de profissionais, mas conseguimos no ano passado contratar alguns profissionais. Não foi suficiente, mas espero sanar esse problema. Na educação, temos incentivado nossos alunos para que concluam os estudos, ingressem em uma faculdade, participem do Enem. Estamos tendo o cuidado com a questão das drogas, fazendo um trabalho preventivo nas escolas e mostrando as consequências do uso do cigarro, do álcool, da maconha e de tantas drogas que têm destruído o futuro dos jovens. Inauguramos a primeira escola com tempo integral de Olinda. Vamos dar início à escola aberta não só para os alunos, mas também para incentivar a população da área a participar das atividades que vão acontecer nos finais de semana.

E a recuperação da Avenida Presidente Kennedy, que é uma reivindicação antiga dos olindenses?
Sabemos que a Presidente Kennedy não é um assunto simples de se resolver e que não tem um custo barato. Mas é uma realidade que ninguém poderia fugir. Começamos agora uma parceria com o governo do estado para realizar algumas intervenções de saneamento. No Centro da Moda, que é o pior ponto, mesmo quando chove, não tem mais alagamento. E agora estamos com uma empresa para recuperar os pontos junto do Banco do Brasil, Itaú, Córrego da Areia, com soluções definitivas. Será um investimento de R$ 1,3 milhão. O governo do estado já repassou R$ 600 mil para a obra ser tocada. Agora, existe um projeto mais arrojado que é de requalificar a avenida. Já foi feito um estudo pela Secretaria de Obras do município, o Consórcio Grande Recife e o governo do estado. Esse projeto tem um custo estimado de R$ 30 milhões. 

O senhor acredita que conclui a obra ainda na sua gestão?
Não tenho dúvida. Isso é um compromisso meu com a população. É uma questão de honra. Se não fizermos vamos frustrar a população e a mim mesmo como gestor.

Diria que recuperar a Presidente Kennedy é seu objetivo principal como prefeito de Olinda?
Também, mais ainda, porém, é dar uma qualidade de vida melhor à população no que toca à saúde, educação, segurança. Mas a Presidente Kennedy é também o carro-chefe da nossa gestão. Ela faz parte desse conteúdo em uma forma geral porque é uma coisa que o povo vem esperando há muitos anos na cidade de Olinda.

E sobre limpeza de canais? Qual o investimento da prefeitura nessa área?
O ano passado foram R$ 2 milhões para manter os canais limpos. Esse ano vamos reduzir muito  porque estamos fazendo a manutenção. Acredito que reduziremos mais de 50%. Vamos investir em outros trabalhos da Secretaria de Infraestrutura.

E sobre o Mercado Eufrásio Barbosa, que é um patrimônio importante da cidade?
É outra parceria com o governo do estado. Vamos administrar o mercado junto com o governo e vai ser uma coisa realmente que vai dar uma sacudida na cidade na área do turismo. E quando falamos em turismo, para se ter uma ideia, capacitamos agora nossos guias turísticos e taxistas; estamos com manutenção nas praças para que fiquem ainda mais movimentadas e vamos ter nosso São João com várias atrações. Como olindense, não tenho lembrança de ter tido uma festa do São João. Teremos ainda Festival da Tapioca e vamos ter os trabalhos para resgatar a cultura nos bairros e também o Dançando na Rua, mas com outro nome, vamos dar uma alavancada nessa área. 

O senhor fica mais tempo no gabinete ou nas ruas?
Revezo. Fico interno despachando e atendendo a população, os secretários, mas passo a maior parte do tempo externo, visitando os bairros, conversando com a população, acompanhando as pequenas, médias e grandes obras na cidade. É por isso que a gente, modéstia à parte, leva essa vantagem porque a população nos vê nas ruas. Muitas vezes me antecipo quando vou em um lugar, vejo alguma coisa e já levo a demanda para determinada secretaria. Ando com o caderno dentro do carro. Anoto tudo e depois cobro os resultados dos secretários.

Qual a maior obra hoje no município?
Em um ano e quatro meses (de gestão) o maior desafio nosso foi realmente resgatar a confiança e, graças a Deus, estamos conseguindo. Em relação à obra propriamente dita foi a perimetral de Olinda. Era uma via intransitável, apesar de ser uma rota de fuga para as pessoas que vêm de Abreu e Lima, Igarassu, Paulista, Recife e das pessoas que moram na cidade. Fizemos um trabalho realmente decente e quem passa pode ver o resultado. Tem também a Transamazônica que foi recuperada. E vamos fazer a Estrada de Passarinho, que é uma obra muito cobrada. Vamos fazer um serviço igual ao que foi feito na Perimetral, para evitar que daqui há três, quatro, cinco meses tenha que fazer novamente. Quem passa na perimetral vê que o trabalho não faz vergonha a ninguém e queremos fazer o mesmo em Passarinho. E em relação à saúde conseguimos abrir alguns postos que estavam fechados há muitos anos. Na educação, entregamos escolas que estavam fechadas. Agora, reconhecemos, como ser humano, temos falhas e temos muito ainda a fazer por Olinda. Mas quem chega hoje a Olinda percebe que a cidade está com a cara bem diferente de tempos atrás.

A prefeitura tem investido na requalificação de espaços para feiras livres no município?
Estamos fazendo um trabalho nesse sentido. A feira de Caixa da Água, por exemplo, parecia a Índia, com todo respeito, e quem passa hoje por lá vê que a feira é outra. Vamos agora tirar os feirantes da rua Antônio Costa Azevedo com a Presidente Kennedy e remanejá-los para rua ao lado e liberar a calçada. Vamos recuperar também a de Rio Doce e de outros bairros.

E na área administrativa? Alguma novidade?
Pretendemos abrir concurso para Guarda Municipal onde existe um deficit enorme de pessoal. Ainda este ano vamos abrir também concurso para os agentes de trânsito e abrir seleção simplificada porque em várias secretarias os contratos não foram renovados.

Qual o impacto que o Shopping Patteo Olinda trouxe para a cidade? 
A cidade ficou mais ainda valorizada. Acreditamos que a economia vai dar uma aquecida para que possamos investir mais ainda na cidade de Olinda. Hoje o Patteo Olinda é o maior investimento do município. Agora, sabemos que se um empreendimento não tivesse algum problema alguma coisa estaria errada. Precisamos melhorar o trânsito em torno do shopping, por exemplo. Até porque acreditávamos que seria pior, que seria um caos e isso não aconteceu. Está funcionando normal. Agora é evidente que as pessoas que moram na proximidade reclamam e entendemos porque mudou a rotina delas. Mas faremos o possível para corrigir, de forma que a população se sinta amparada pela gestão.
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