Joaquim Nabuco e a fotografia

Antônio Campos
Escritor, advogado e presidente da Fundação Joaquim Nabuco

Publicado em: 12/08/2021 03:00 Atualizado em: 12/08/2021 05:56

No próximo dia 19 de agosto, a Fundação Joaquim Nabuco celebrará duas importantes efemérides: o nascimento de seu patrono, Joaquim Nabuco, e o Dia Mundial da Fotografia. Nabuco foi um grande amante da fotografia, ora por trás das lentes, ora sendo fotografado. Frequentava estúdios fotográficos no Brasil e no exterior. Há registros de família e de sua vida pública assinados por grandes e conhecidos fotógrafos das casas mais importantes de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Recife.

Em seu livro Minha formação, o abolicionista assinala que gostaria de ter voltado ao Engenho Massangana, onde viveu até os oito anos, no Cabo de Santo Agostinho, com a sua Kodak. Nabuco viveu em um tempo em que a fotografia surgiu no Brasil e era um admirador deste recurso. Nesta data, portanto, a Fundação, por meio do seu Centro de Documentação e Estudos da História Brasileira (Cehibra), realiza a I Jornada Fotografias e Coleções trazendo essa relação de nosso patrono com a temática.

No Cehibra, a Fundação reúne inúmeras coleções de fotógrafos e colecionadores. São mais de 250 mil registros fotográficos. Coleções como as de Rucker Vieira, Benicio Dias, Edmond Dansot e Wilson Carneiro da Cunha. A fotografia é um meio de contar história. É um instrumento para a compreensão histórica. Dansot, por exemplo, ajudou a contar a história da capital pernambucana através da foto. Benício Dias e Wilson Carneiro da Cunha revelaram suas percepções sobre o espaço-tempo do território também por meio dessa arte.

Quando o obturador é disparado, a vida é congelada. E dali é criado, a cada registro, uma trajetória singular, resguardada para as gerações futuras, carregando uma perene carga afetiva,  emocional, necessária, insubstituível. Teimosa até em repetir que o objeto fotografado jamais envelhece, nem haverá o seu perecimento. Com o advento das mídias eletrônicas tudo agora é transferível matematicamente por meio de softwares, como num fluxo, albergado nas nuvens.

E para preservar seu rico acervo, a Fundaj está tratando de digitalizar o que ainda não o foi. Garantindo, assim, que a arte desses talentosos fotógrafos seja preservada. Garantindo que a passagem do tempo não desfoque tudo o que registraram. E deixando a mensagem para as futuras gerações de que fotografias são verdadeiros tesouros na preservação das memórias. E como objetos de valor que são, merecem ser salvaguardadas.

MAIS NOTÍCIAS DO CANAL