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Proteger o caixa na crise agravada pela pandemia

Cláudio Sá Leitão
Conselheiro pelo IBGC e CEO da Sá Leitão Auditores e Consultores

Publicado em: 11/05/2021 03:00 Atualizado em: 11/05/2021 07:07

Estamos atravessando uma crise sem precedentes, que vem se arrastando por longos meses, cujo fim não podemos vislumbrar. Fomos tragados por ela, quando mal sabíamos quais eram suas causas. Nesse momento, continuamos mergulhados numa instabilidade, que já dura cerca de 14 meses, sem saber como se dará o seu encerramento. Essa situação vem afetando significativamente as famílias e também as empresas. A atividade industrial está sendo prejudicada duplamente. Pelas medidas de distanciamento social, que geram uma situação de aperto para preservar os ativos produtivos e empregos, e pela dificuldade em obter matérias-primas para atender seus clientes. A inadimplência voltou a subir e a tendência é de que continue em alta nos próximos meses. As famílias nunca estiveram tão endividadas, comprometendo a renda e o seu patrimônio.

Teremos pela frente uma tarefa difícil, que é a recuperação do poder de consumo, haja vista a atual situação de praticamente uma “corda no pescoço”. O atual quadro inspira cautela e  há o risco de piora, que vai depender do ritmo da vacinação. É muito temeroso traçar cenários em meio a uma crise sanitária como essa. Essa nova onda da Covid-19 está gerando uma maior incerteza e um estresse acima do normal para a economia brasileira. Uma eventual melhora das condições, no segundo semestre, não elimina a dificuldade da retomada. Há muita incerteza sobre a duração e a intensidade dessa segunda onda e as cicatrizes que ficarão para as empresas e famílias.

O que se observa é que estamos mais experimentados e preparados para enfrentar as consequências econômicas dessa crise. Há uma perspectiva para a retomada, ainda que modesta, na atividade econômica, à medida que as restrições impostas pela pandemia se dissipem. É possível especular uma sensível melhora da atividade econômica, a partir do mês de julho de 2021, considerando que todos os grupos de risco já devem ter recebido a segunda dose da vacina. A dúvida que permanece é se a imunização dessa faixa etária será suficiente para permitir a reabertura total da economia.

Nessa questão econômica, podemos dizer que a vacina ideal para as empresas e famílias enfrentarem o atual cenário caótico é ter um caixa robusto. Segurar o caixa vem a ser o melhor meio e mais seguro para proteger essa adversidade. As empresas que possuem reservas estão superando com menor dificuldade os desafios da retração na atividade econômica. Àquelas que não se precaveram, mas possuem condições para buscar e obter crédito, por meio de linhas de financiamento com custo baixo, ou àquelas que têm acesso ao mercado de capitais, estão usando esses meios para resolverem as suas questões financeiras. Já as pequenas e médias empresas, cujo caixa foi sempre escasso e o crédito bancário bem restrito, convivem com os problemas de liquidez, de endividamento, e até o risco de solvência.

Nesses tempos de crise econômica, agravada pela pandemia da Covid-19, as empresas necessitam aprimorar as suas competências. A finalidade de otimizar os seus fluxos financeiros, protegendo o caixa, é uma espécie de hedge (meio de resguardar das variações de preços), que é um forte mecanismo de condução dos negócios habituais das empresas.

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