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Os arcanos da alcova

Edilson Pereira Nobre Júnior
Desembargador Federal do TRF5 e Professor Titular na Faculdade de Direito do Recife - UFPE

Publicado em: 05/08/2020 06:10 Atualizado em:

Amor e política são inseparáveis. Movem-se num mesmo e mágico ritmo, o mais das vezes com um sabor que só o proibido pode dar, impulsionando a ruína do ator político ou de um Estado, ou, inversamente, inaugurando um novo ciclo para a civilização.

A história é farta em exemplos, tais como se pode ver da lendária guerra entre gregos e troianos, a partir da irreverência tentadora de Helena de Esparta, ou da revolta de Marco Antônio contra Roma, sob a hipnose sedutora de Cleópatra, sem esquecer a ousadia concupiscente de Henrique VIII que, ao ver frustrados os seus planos de se casar com Ana Bolena, separou a Inglaterra da tutela papal.

A junção do político com a paixão também repercute de uma forma misteriosa, onde os segredos são postos sob ameaça, pois a sua revelação pode gerar consequências desagradáveis. Não foi à toa que Luís XIV, propositalmente, enviou à Inglaterra Mademoiselle Louise de Kéroualle, virgem e esplendorosamente bela, para que se convertesse em amante de seu primo, Carlos II, pois sabia que o monarca inglês sucumbia às mulheres e, com isso, obteria informações de interesse da França.

Curiosa a situação que se passou com “Zezo, o bom de voto”. Prefeito, com a preferência de mais de 80% do eleitorado para sua reeleição, não resistiu à tentação de Rosário, a mais afogueada de sua ala moça. Do flerte, seguiu-se para o momento crucial, onde a virilidade do conquistador se mostrou mais decepcionante do que a seleção brasileira no 7 a 1 com os alemães.

O pior é que a façanha não ficou reclusa, pois Rô a sussurrou aos quatro cantos. Daí a indignação do seu eleitorado conservador e a frustração das integrantes de sua numerosa ala moça. Outro não poderia ser o resultado, senão a derrota nas eleições por 30 votos.

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