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Escolas e escolas

Luzilá Gonçalves Ferreira
Membro da Academia Pernambucana de Letras

Publicado em: 28/07/2020 03:00 Atualizado em: 28/07/2020 06:14

Primeira boa surpresa do dia. No NETV: entrevista com Mozart Neves Ramos, que foi secretário de Educação nos governos de Jarbas e Mendonça e nosso reitor da UFPE. Especialista em educação de qualidade para crianças e jovens, Mozart é atualmente diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna, fundado por Viviane, a irmã de Senna, e que tem articulações no Brasil inteiro. Autor de livro e numerosos artigos sobre educação no Correio Braziliense, Mozart, recifense, escritor, químico, foi professor na UFPE, lembrou na entrevista, que estamos em época de desafio e que “desafio é a melhor aprendizagem”. Acredita, como todo bom educador, que se educa para a paz, para a vida, visando o desenvolvimento de competências cognitivas e emocionais do aluno. Nosso analfabetismo é uma vergonha nacional, escreve. Em memorável discurso na UFPE, aconselhou alunos e professores: Em tempos de crise, corte o S e siga adiante. Crie. Aconselhava aos jovens “nem, nem”: Estudem, estudem, que o Brasil precisa. E lembrava aos professores: “O jovem quer uma escola que caiba na vida.” Convidado pelo presidente Bolsonoro para ser ministro da Educação, Mozart teve o seu nome rejeitado por uma certa bancada, “por pertencer à Nova Escola”. Uma pena mesmo.

Aproveitando o confinamento obrigatório, esta colunista, com o escritor e jornalista Cicero, está pesquisando dados e textos reveladores do que era a escola primária e secundária, em nosso estado de outros tempos. Lendo dois exemplares do que se chamava de Selecta e Leituras Selectas, “compilada nos melhores autores nacionais e estrangeiros para uso das aulas de instruçção primaria e secundaria do estado”. A primeira, de autoria de João Baptista Regueira Costa, bacharel em direito pela Faculdade do Recife, e a segunda “excerptas de obras clássicas e scientificas colligidas e offertadas ao Gremio dos Professores Primarios” por João Barbalho Uchoa Cavalcanti, “ex-inspector Geral da Instrucção Publica em Pernambuco.” Deliciosas leituras de textos bem escolhidos e variados (poemas, anedotas, provérbios, pequenos contos, ao lado de trabalhos mais longos e sérios como parte de Sermões de Padre Vieira, de Alencar, ou do historiador Antonio Joaquim de Mello. Que formaram membros de gerações de elites intelectuais, como  Pinheiro Lins, José Paulo Cavalcanti – o pai –, o pintor Zé Claudio, Paulo Cavalcanti. Num tempo em que a escola “era risonha e franca” e o poeta Rozendo Diniz assegurava que “na escola faz-se a nação” e não parecia ser “cheia de grades como as prisões,” diferentemente daquela outra na qual “ o mestre era “carrancudo como um dicionário”, que frequentava o menino Ascenso Ferreira. Os tempos mudaram.

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