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Que a tolerância não entre de quarentena

Felipe Carreras
Deputado federal

Publicado em: 19/05/2020 03:00 Atualizado em: 19/05/2020 05:52

Em política, não existem apenas dois lados. Ao contrário do que vemos atualmente, o Brasil não se resume apenas à extrema direita e à extrema esquerda. Tem pessoas que discordam dos dois. Tem gente que enxerga pontos positivos nos dois. Tem o grupo que, dependendo da situação, está de um lado ou do outro. Tem aqueles que acreditam em outras opções. Isso é a democracia. O problema do nosso país, hoje, é que existe uma guerra de palavras e um julgamento de caráter por uma posição ou outra. A palavra tolerância deixou de ter qualquer validade há muito tempo. Se um cidadão se coloca contra uma decisão do presidente Bolsonaro, ele é defensor, eleitor de Lula. Se discordar de algo relacionado ao ex-presidente Lula, é porque se tornou bolsonarista radical. Triste daquele que se posicionar publicamente. Será atacado de um lado ou do outro. Muitas vezes tem sua rede social invadida, sua privacidade exposta e, como tem acontecido na maioria das vezes, até mesmo familiares e amigos se voltarão contra ele.

Isso é um completo absurdo. Vivemos em um país livre, democrático, onde as pessoas têm o direito de se posicionar, desde que não ataquem ou interfiram no direito do próximo. O Brasil não é apenas a extrema direita e a extrema esquerda. O Brasil é muito maior do que isso. Tá faltando uma overdose te tolerância no povo brasileiro. Na Câmara dos Deputados, não tenho problemas em votar a favor do governo federal quando o tema está relacionado a valores que sempre defendi e que são do interesse do povo. Já fiz isso algumas vezes e farei novamente sempre que for preciso. E continuarei como oposição.

Por outro lado, discordo publicamente das posições e atitudes do presidente da República na questão do enfrentamento à Covid-19 e tenho falado com frequência sobre o tema. Como se não bastasse a trágica e lamentável pandemia que estamos vivendo, vem uma  briga pública entre Bolsonaro e o ex-ministro Sergio Moro. Um episódio negativo que tira o foco principal: cuidar da vida dos brasileiros. Não por esses motivos sou do PT ou de qualquer outro partido radical de esquerda. Não sou semelhante aqueles que parecem não ter lado político e se tornaram torcedores de pessoas. Ou é torcedor de Lula, ou de Bolsonaro. Tornaram-se cegos para a realidade.

O Brasil precisa abrir os olhos para esta polarização nociva, onde as pessoas se atacam diariamente defendendo suas posições e ficam pensando em eleições. Vamos colocar a política eleitoral de quarentena. Acredito que o Brasil cresceria muito mais a partir do momento em que o diálogo fosse aberto, honesto, coerente, com respeito e sem a busca por interesses pessoais, mas pelo bem-estar do povo. Isso seria democracia. Qualquer coisa fora desses pilares vai de encontro ao anseio das pessoas, do mais rico ao mais pobre. No que depender de mim, continuarei sempre do mesmo lado. Do lado do Brasil e do seu povo.

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